Volta e meia o assunto da liberação do porte de armas volta a pautar discussões por todo o Brasil. A flexibilização da posse de armamento de fogo neste ano, que é basicamente a liberação para uso doméstico de atiradores em casa de trabalho ou clube de tiros, resultou na venda de mais de 140 mil novas armas aos cidadãos. Apesar disso, de acordo com o coronel Márcio Cabral, armar a população não reduz a criminalidade.
“O que reduz o crime é um investimento em um bom sistema investigativo, um aumento da presença policial ostensiva de forma organizada e qualitativa. Uma legislação penal respeitada e o estabelecimento forte do tripé educação, infraestrutura e trabalho. O fato de todo cidadão portar armas não lhe trará segurança”, pontuou.
O coronel ressalta que, em casos de assaltos ou furtos em comércios, residências ou até mesmo na rua, a situação toda é tão inesperada que não dá tempo de fazer qualquer movimento para o uso de uma arma contra o criminoso. Além disso, a liberação do porte de armas poderá deixar uma brecha para outras ocasiões perigosas.
“No caso dessa liberação, o fato é que muitos marginais teriam acesso às armas através da compra direta ou aquisição de terceiros. Sempre é bom falar também que, em algumas situações de trânsito ou em um jogo de futebol amador ou profissional, onde as paixões vêm à tona e o cidadão comum perde sua identidade natural, o uso de arma poderia colocar em risco muitas vidas”, disse Cabral.
Nos Estados Unidos, praticamente 90% das pessoas possuem armas, e muito se fala na redução da permissão para compra do armamento. No Brasil, algumas falhas sistemáticas acabam por se somar como de forma negativa na possibilidade de uma permissão do porte de armas.
“A ausência de uma política nacional real de segurança pública e a enorme desigualdade social, somada com a expansão do uso de armas, em nada vai contribuir para a redução da violência. Sou partidário de se buscar sempre alternativas para enfrentamento da criminalidade, mas seguramente este enfrentamento não passa por armar quase que indiscriminadamente a população”, reforçou.