O terceiro dia do julgamento dos quatro réus acusados de ser os responsáveis pelo incêndio da boate Kiss começou, nesta sexta-feira, 3, com bate-boca entre Jean Severo, advogado de Luciano Bonilha, e a testemunha de acusação do Ministério Público, o administrador Daniel Rodrigues da Silva.
Questionado pela bancada de defesa dos réus se a loja de artefatos pirotécnicos foi fechada pela polícia, o proprietário negou. A defesa do réu insistiu, e ele disse que não iria responder. Na sequência, Severo se levantou e gritou: “Vai ter que responder, você colocou esse inocente aqui”, apontando para Bonilha.
O caso:
Em 27 de janeiro de 2013 a Boate Kiss sediou a festa universitária denominada “Agromerados”. No palco, se apresentava a Banda Gurizada Fandangueira, quando um dos integrantes disparou um artefato pirotécnico, atingindo parte do teto do prédio, que pegou fogo.
O incêndio, que se alastrou rapidamente, causou a morte de 242 pessoas e deixou mais de 600 feridos. As responsabilidades são apuradas em seis processos judiciais. O principal tramitou na 1ª Vara Criminal da Comarca, foi dividido e originou outros dois (falso testemunho e fraude processual).
No processo criminal, os empresários e sócios da Boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos e o produtor musical Luciano Bonilha Leão, respondem por homicídio simples (242 vezes consumado, pelo número de mortos; e 636 vezes tentado, número de feridos). Eles serão julgados por um Conselho de Sentença, no Tribunal do Júri, no dia 1º de dezembro de 2021, no plenário das Varas do Júri da Comarca de Porto Alegre, junto ao Foro Criminal.
Foi concedido o desaforamento (transferência de julgamento para outra comarca) a três réus – Elissandro, Mauro e Marcelo – para serem julgados em uma Vara do Júri da Comarca de Porto Alegre. Luciano foi o único que não manifestou interesse na troca, mas, através de um Pedido de Desaforamento do Ministério Público, o TJRS determinou que ele se juntasse aos outros, em um julgamento único, na Capital.
Acompanhe ao vivo:
Vítimas relembram noite da tragédia
Emanuel de Almeida Pastl e Jéssica Montardo Rosado estavam com os irmãos na Boate Kiss, na noite do incêndio. Enquanto ele estava pela primeira vez no local, comemorando o aniversário com o irmão gêmeo, a jovem, que morava próximo da danceteria, costumava frequentar as festas. E, ao contrário de Emanuel, Jéssica acabou perdendo o irmão, Vinícius, falecido em decorrência dos efeitos da fumaça tóxica. Antes disso, o rapaz ajudou a salvar outras pessoas que estavam lá.
Os dois foram ouvidos na quinta-feira, 2, segundo dia de julgamento do caso Kiss. A sessão foi suspensa às 14h30min, para 40 minutos de almoço, retornando às 15h10min. O próximo a ser ouvido é o Engenheiro Miguel Ângelo Teixeira Pedroso, testemunha de acusação. Também estão previstos os depoimentos de mais 3 vítimas, Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore.