O bonequeiro Marcelo Ciepielewski, que mora em Nova Veneza, da Cyathus Teatro de Animação, passou as últimas duas semanas em Guaxupé, em Minas Gerais, para uma vivência junto a outros artistas do Brasil, para uma residência sobre teatro de bonecos e a vivência de acompanhar a tradição da Folia de Reis.
Marcelo esteve, durante oito dias, hospedado em uma fazenda Túlia, produtora de café, e pôde acompanhar as companhias Estrela Guia, das cidades de Igaraí e Mococa, e Divina Luz, de Guaxupé. Além de visitar e conversar com mestres da tradição mineira, ele presenciou a saudação aos Reis Magos, embaladas em prosa e verso.
O ator lembra que a vinda para Minas Gerais, não foi inicialmente o Terno de Reis, e sim o encontro com artistas que trabalham com teatro de bonecos. “Foi uma experiência interessante vivenciar as pessoas que estavam aqui. É uma demonstração de fé forte e completamente diferente. Mas ao mesmo tempo semelhante à que encontramos em Santa Catarina”, definiu.
Quanto à maneira com que ela acontece, ele compara a uma procissão. “É um dia de Santo, muito mais presente nas casas. Não é você indo para a manifestação religiosa, mas sim a manifestação vindo até você”, descreve.
Pesquisa
O artista, que vem estudando o “pulcinella”, que é o teatro de boneco italiano, vem buscando agregar elementos à pesquisa com os encontros de grupos teatrais. O convite para participar veio do mineiro Vitor Ribeiro, que morou em Nova Veneza durante um ano (2020 e 2021) e contou ainda com o mestre de mamulengo Chico Simões, e carioca Flavia Coelho e a gaúcha Carolina Garcia Marques.
Durante a estada em Guaxupé, Marcelo faz uma apresentação na feira da cidade, além de assistir apresentações de outros artistas. Para Vitor Ribeiro, do Grupo Flor do Cafezal, o intercâmbio entre os artistas impacta de forma positiva nos trabalhos. “Todos temos contextos, que geram experiências distintas, ricas para trocas. Depois de um encontro voltaremos para o nosso contexto, com novos elementos para enriquecer nosso trabalho com as nossas comunidades”, comenta Vitor.
Além de Nova Veneza, Vitor também fez vivências em aldeias indígenas no Acre e no Rio Grande do Sul. “Quando estive em Nova Veneza eu levei essa bagagem de vivência para trabalhar com o Marcelo. Ao mesmo tempo pode vivenciar toda a experiência catarinense no teatro de animação, que é uma referência na área”, afirma.
Para o “brincante” Francisco Simões de Oliveira Neto, conhecido como Chico Simões, 62 anos, conhecido no meio artístico e que vive a 40 anos de teatro de mamulengo, classificou o encontro como surpreendente, pela sinergia e pela magia da Folia de Reis. “É uma força incrível. O Brasil é um país fantástico e surpreendente e nós por vezes nos reencontramos. Veja pelo Marcelo, com esse novo pulcinella, um pulcinella brasileiro, que tem tudo haver com a cultura popular de bonecos do Brasil e da Itália. Afinal os bonequeiros sempre viajaram pelo mundo, desde as grandes navegações, se reencontrando, com as culturas tradicionais, não só do Brasil, mas do mundo. E aqui também é isso, um grande reencontro”, anota.