O grave acidente ocorrido na cidade mineira de Capitólio no fim de semana - que deixou 10 mortos e muitos feridos - acende o alerta para a importância de estudos geológicos e trabalhos de prevenção na busca por evitar que tragédias como esta ocorram.
Um exemplo deste trabalho foi realizado recentemente na Região Sul de Santa Catarina: as contenções na Serra do Rio do Rastro, em Lauro Müller. A obra foi finalizada no fim de 2021, iniciada após um profundo estudo no local. “Capitólio nos ensinou o quanto é importante o monitoramento preventivo e os estudos geológicos. Esta contenção na serra é a maior obra preventiva geológica de encosta de rodovia feita no Brasil. Para ver o quanto ela é importante. Os primeiros relatórios geológicos, as caminhadas a pé na serra, fotos, relatórios, a imprensa anunciando a situação de risco, tudo valeu a pena e hoje conseguimos fazer o trabalho preventivo, sem nenhum acidente com danos graves. Percebemos o tamanho da rocha que despendeu em Capitólio, mas em nenhum momento vimos daquele tamanho aqui na serra, mas vimos rochas que iriam se movimentar e causar transtornos. Com o que foi feito, os perigos foram mitigados”, destaca o coordenador regional da Defesa Civil, Rosinei da Silveira.
Ele lembra ainda que, diferente do que muitos pensam, as rochas são elementos vivos. “Este evento de Capitólio, que infelizmente traz danos humanos, dá para fazer analogia com a nossa realidade da Serra do Rio do Rastro. O primeiro é a questão da rocha, que é um elemento vivo. Olhamos para ela e pensamos que é inerte, mas é vivo. Está se mexendo. Em alguns momentos temos eventos como o de Capitólio ou como estava ocorrendo na Serra do Rio do Rastro, que é o desmoronamento, em outros pontos a rocha está nascendo, que são as erupções vulcânicas. Temos um ciclo de vida das rochas no planeta”, comenta.
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“Água mole em pedra dura…”
“Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. O conhecido ditado popular é citado por Silveira para lembrar que a forte chuva em Minas Gerais contribuiu para a queda da rocha. “O intemperismo físico é uma realidade em todo o planeta, a quantidade de chuva, seja direto na rocha ou a água trazida pelos rios, causam fissuras, vai abrindo as rochas. Os desprendimentos rochosos são comuns principalmente em declives, onde as rochas têm milhões de anos. Entre os quilômetros 10 e 14 da serra tem esta antiguidade e em Capitólio tem estas rochas antigas também. Temos que perceber, estudar e comunicar para a sociedade estas situações de risco para aprender a conviver. Nós turistas não ligamos muito para estas situações de risco porque queremos nos divertir, por isso é preciso este trabalho de prevenção de riscos”, destaca.
Relembre
Um grande bloco de rocha de um dos cânions de Capitólio, em Minas Gerais, se soltou e atingiu, ao menos, lanchas que estavam atracadas no Lago de Furnas, matando dez pessoas e deixando dezenas de feridos.