Criciúma vem lidando nas últimas semanas com um aumento significativo no número de casos e internações por conta do novo coronavírus. Já são 10 pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e 39 internados em clínica, entre confirmados e suspeitos. De acordo com o diretor técnico do hospital São José, Raphael Elias Farias, esse aumento no número de internações pode se refletir em mais mortes nas próximas semanas.
"A preocupação que temos é em relação ao aumento em internações. Na UTI dobrou a quantidade de pacientes, que ficam graves. Esse aumento no número de internações poderá trazer um aumento de mortalidades nas próximas semanas, porque são pacientes que tem um perfil de gravidade maior", declarou Raphael.
Até o momento, Criciúma conta 14 óbitos por conta da Covid-19 - todos eles referentes a pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. Apesar disso, Raphael ressalta que não são apenas idosos que estão internados na UTI do São José.
"Os óbitos são mais comuns na faixa etária de idosos atualmente. Hoje, internados no hospital na faixa de 42% são pessoas acima dos 60 anos. Mas entre suspeitos e confirmados temos tanto crianças quanto pessoas entre 90 e 100 anos. Temos todas as faixas etárias internadas, dos 40 aos 49, 20 aos 29 e até mesmo crianças. Mostramos que a doença está presente em todas as idades", disse.
Principal motivo do aumento
O diretor do São José ressalta que o principal motivo para o aumento de registros da doença na região se deve ao fato de que parte da população "relaxou" em relação aos cuidados. "Alguns deixaram de usar máscara, mesmo sendo obrigatório e criam maneiras para visitar parentes e, estando com o vírus, a pessoa já pode passar", pontuou.
A transmissão do vírus entre visitas familiares já é uma realidade no município. "Entre os óbitos, tiveram pacientes acamados que não saiam de casa, mas que alguém passou o vírus ao visitar", exemplificou o diretor.
Eficácia de medicamentos
Até o momento, não há comprovação de nenhum medicamento que seja realmente eficaz no combate ao novo coronavírus, tais como hidroxocloroquina ou ivermectina. Raphael ressalta que segue a postura das sociedades médicas, que aguardam o resultado da eficácia de tais medicamentos para receitá-los de fato.
Apesar disso, o diretor afirma que no São José aqueles pacientes que quiserem tomar a hidroxocloroquina, terão que assinar um termo de consenso. "Até agora, nada comprovou ouso de medicamentos profiláticos, em fases precoces. Pode surgir um outro medicamento que traga benefício nessa fase, mas ainda não há comprovação", comentou.