Jorge Boeira, empresário e ex-deputado federal
Nesta semana, a música popular brasileira perdeu Aldir Blanc e Ciro Pessoa, ambos vítimas do coronavirus. O primeiro com o seu “o Bêbado e o Equilibrista” foi voz ativa nas trincheiras contra a ditadura e o arbítrio. O segundo, representou nos idos dos anos 80, a rebeldia própria dos jovens daquela época, cantando a liberdade e a utopia. Agora como “não podemos mais viver ao seu ladinho” a sua “Sonífera Ilha” é o que lhe restará.
Sabemos que todos nós, aqui na terra, somos passageiros. Aldir Blanc e Ciro Pessoa foram mais um deles. Suas obras, entretanto, ficarão marcadas na música popular brasileira pela forma simples de falar de amor, de paz, liberdades e rejeição à ditadura.
Se de um lado a tristeza, do outro a alegria também proporcionada pela música. Falo da apresentação no último domingo da banda musical do GAC SEVERIANO MARTINS DA FONSECA pelas ruas de Criciúma.
Percebi, apesar dos fatos e sentimentos serem distintos, que a música serve-nos de conforto, harmonia e auto estima, tão atacada nesses tempos de corona vírus, em que para podermos abraçar um parente, um amigo, um familiar no futuro, é necessário que, nos dias de atuais, estejamos separados.
Mas, a música também nos serve de alento e esperança. Foram esses os sentimentos que tomou-me de assalto ao assistir à apresentação da banda musical do GAC. Por ela, entendi que o Exército Brasileiro, dentre todos as funções que desempenha, presta ainda o relevante papel de resgatar a autoestima, num momento em que a pandemia do coronavirus nos obrigar a viver reclusos e nos privam da convivência com nossos entes mais queridos.
São tempos sombrios, mas o Exército Brasileiro ao desfilar com sua banda musical pelas ruas de Criciúma parece-nos dizer, que se filiou, definitivamente, a partir de 1988 a uma nova ordem democrática como um instrumento de Estado, pela lei, pela ordem, pelo Estado Democrático de Direito e pela Democracia. Que não se prestará ao papel de instrumentalização de nenhum governo, qualquer que seja ele, pois seus objetivos e seu inequívoco destino foi traçado pela Constituição de 1988 e o seu público é único e o seu dever de servir ao povo e à ordem constitucional é igualmente única.
Ao ouvir as fanfarras melodicamente ecoadas aos sons de seus tambores, saxofones e seus trombones, me rendi às mensagens de amor, carinho e afeto à população, tão importantes em tempos de codiv-19, no qual temos que compreender que o ócio é necessário à salvação e à manutenção de vidas. Em meio ao distanciamento social tão necessário, encontrei tempo para lembrar de uma canção que simboliza o atual momento e cuja homenagem pode ser vista como um verdadeiro ato de amor.
“Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor
A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
Pra ver a banda passar