O desfile das escolas de Samba do Rio de Janeiro foi marcado, neste ano, por protestos de denúncia a situação atual do Brasil. A Paraíso de Tuiuti levou ao sambódromo fortes críticas a corrupção e a escravidão moderna com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”.
Já a tradicional Beija-Flor fez homenagem aos 200 anos do romance "Frankenstein" sem deixar de destacar a desigualdade, violência, corrupção e intolerância enfrentados no Brasil atualmente, com o enredo “Monstro é aquele que não sabe amar. Os Filhos Abandonados da Pátria que os Pariu”.
Esse foi o tema do comentário de Archimedes Naspolini Filho no Bom Dia desta quinta-feira. “A melodia e as letras destes sambas, se cantados pela plateia e pelo povo que assiste o desfile, correm o risco de se perpetuarem ao longo dos tempos”, comentou.
Neste ano, a campeã e a vice-campeã do Carnaval do Rio de Janeiro foram a Beija-Flor e a Tuiuti, respectivamente.
“Essas duas escolas ostentam algumas diferenças. Enquanto a Beija-Flor ganha o título pela enésima vez, a Paraíso de Tuiuti chega lá pela primeira vez. Mas num quesito elas se igualaram: no enredo. Críticas ao sistema governante. Enquanto a Tuiuti travestiu um de seus integrantes com a faixa presidencial e a cara de um vampiro, a Beija-Flor não poupou severas críticas aos governantes corruptos, travestidos na escola de ratos e camundongos. É verdade que a sátira e a ironia sempre marcaram presença na avenida, mas jamais com a intensidade vista na terça-feira”, afirmou o comentarias.