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O que fazer para atrair novas empresas

"Nossa região, particularmente Criciúma, está num processo regressivo de desenvolvimento, embora suas lideranças políticas pensem ao contrário"

por Ricardo Brandão* Criciúma, SC, 07/02/2018 - 10:19 Atualizado em 08/02/2018 - 09:05

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Quero falar sobre uma das pautas do momento, que é a instalação de novas empresas em nossa região, particularmente em Criciúma, que está num processo regressivo de desenvolvimento, embora suas lideranças políticas pensem ao contrário. Só isso já denota o primeiro problema a ser considerado.

Se formos considerar as estatísticas no País, temos uma mortalidade de empresas nos primeiros cinco anos de vida que ultrapassa 90%. Isso já preocupa, já que cada projeto de empresa pressupõe um projeto mínimo de viabilidade aprovado.

Outro fator a considerar é a obsolescência das empresas estabelecidas em Criciúma, principalmente, nas décadas de 70, 80 e 90 e que hoje estão contribuindo de forma insuficiente para o crescimento econômico da região.

Pois bem, o que considero necessário à atração, implantação e conservação de um projeto exitoso para um grande investimento é o que passo a definir agora.

Para mim deve haver o que chamo de "ambiente de negócios", que são condições ideais para que uma empresa seja implantada, seja viabilizada e cresça além das expectativas do projeto ao longo do tempo e que, extrapolando os parâmetros do projeto concebido, se torne líder do seu mercado, projetando a região e motivando novas empresas a seguir o mesmo caminho, ou seja, vir para o mesmo "ambiente de negócios".

Assim, nesta sequência, vários projetos exitosos poderiam ser viabilizados na região, criando um vetor de desenvolvimento para mudar os parâmetros de desenvolvimento da nossa região.

Criciúma e região perderam sua vocação desenvolvimentista para cidades como São José, Itajaí, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Lages, Concórdia, Palhoça e Brusque, entre outras. Isso é "cristalino", embora nossas lideranças ignorem.

A deterioração da economia de Criciúma teve recente sintoma inequívoco quando a fazenda municipal quis fazer o que é mais fácil numa equação econômica, aumentar a receita de forma inconsciente, cobrando impostos indevidos. Por sorte, reconheceu o erro e voltou atrás.

A criação de um "ambiente de negócios" que mude essa perspectiva exigirá grande esforço, disciplina e determinação. Porém, se implementado dotará, a médio prazo, condições de equilíbrio econômico às demais regiões do nosso estado.

As diretrizes para a criação de um ambiente de negócios, por minha experiência, são as seguintes:

1- ATITUDE POLÍTICA COMPATÍVEL

Iniciando pelo que considero mais importante. As lideranças políticas do Poder Executivo, estadual e municipal, têm que mudar radicalmente na nossa região.

Nenhum empresário de certo porte, aí falo de empresa de porte médio, com cerca de 500 funcionários e faturamento de R$ 300 mil por ano, que é o que faz diferença, virá para a região se não tiver o apoio do estado e do município de forma recorrente e incondicional.

E aí recomendo desde o menor gesto de consideração e atenção até o maior apoio econômico tributário ou de infraestrutura que o poder público possa oferecer.

Abro um parêntese: em maio de 1999, quando fui ao governador do Estado de Santa Catarina pedir equivalência das condições de outro estado para investir numa nova fábrica em Criciúma, ele me atendeu dedicando sua total atenção ao programa do Paulo Alceu, à época na RBS, sem ao menos entender o que eu tentava justificar.

Isso contribuiu de forma importante para a nossa decisão de investir outro estado.

Agora o oposto, o contraponto, abril de 2017...

A nossa empresa aguarda a seis meses, prazo regulamentar, para receber a licença ambiental para a implantação da terceira linha de galvanização da fábrica no Espírito Santo.

Após conhecimento do atraso de 30 dias na concessão da licença, o governador do estado tomou conhecimento do assunto, pediu um prazo de mais 30 dias para expedição da licença. Quando foi expedida, 10 dias antes do novo prazo, o gabinete do governador pediu minha presença no Estado, pois queria fazer a entrega pessoalmente. Concordei. Alinhamos a agenda e me preparei para ir a Vitória receber a licença. Minha surpresa foi quando soube que o mesmo quis nos entregar a licença em nossa unidade, onde compareceu pessoalmente com sua secretária de Meio Ambiente e políticos da região, realizou uma cerimônia da entrega e, num discurso brilhante, valorizou a história da nossa empresa na economia do Estado.

Isso são atitudes que definem um grande empreendimento, pois os empresários valorizam também as atitudes, o emocional, o pessoal.

Em 2009, quando cogitávamos abrir uma fábrica no Texas (EUA), a secretária de economia do estado norte-americano, tendo em mãos o cartão do governador, que estava viajando, foi ao nosso hotel para fazer uma apresentação da pujante economia do Estado, sua infraestrutura logística e seus benefícios fiscais, que estavam a nossa disposição para o projeto. Durante duas horas formos contemplados com dados e imagens que jamais vamos esquecer.

Desconheço qualquer ação consistente do governo estadual ou municipal para a atração de empresas para a nossa região, tampouco para a fixação das que já existem, nos últimos tempos.

São atitudes imperativas para a atração de projetos de impacto na região.

2 - INCENTIVOS FISCAIS

Ao longo dos últimos anos acompanhando o noticiário local, vi anunciados vários empreendimentos empresariais que seriam viabilizados na região. Porém, nada realmente novo e de impacto aconteceu. Exceção faço ao Nações Shopping. Agora, em contrapartida, notícias de que empresas cogitam sair da região...

Não vejo, alternativa para a atração de empresas para a nossa região sem que se ofereça um pacote muito atrativo de economia de impostos diretos.

Neste sentido, alerto positivamente para o Convênio ICMS 190/17, aprovado na 167ª Reunião do CONFAZ (Conselho Nacional de Política Fazendária) e publicado no Diário Oficial da União em 18/12/17, que autoriza os estados a concederem benefícios fiscais e prorrogarem os existentes até 2032.

Isso acarretará uma nova onda de concessão de benefícios, em todo o Brasil, podendo haver uma oportunidade caso haja sensibilidade dos nossos governantes.

Penso que, se nossa região não tirar proveito deste dispositivo, poucas esperanças restarão em recuperarmos parte do terreno perdido na conjuntura econômica.

A "visão míope" dos nossos governantes, ao contrário dos governantes da região nordeste do País, os impede de ver que a geração de impostos da cadeia produtiva é mais importante do que a arrecadação direta. Por isso estão perdendo o jogo na atração de empresas que geram impacto econômico positivo.

Apenas para não ignorar: os programas para a atração de empresas do governo do Estado, Prodec e Pró-Emprego, não foram e não serão suficientes para a atração de empresas para a nossa região.

Deveria ser encaminhado um projeto de lei à Câmara concedendo, por um prazo de 15 anos, uma redução no IPTU e ISSQN de 80% para empresas que se instalarem no município. Além disso, definir áreas para a implantação de indústrias o mais próximo possível da BR 101. Áreas essas, de alguma forma, incentivadas no plano diretor.

3 - LOGÍSTICA

A logística é fator de extrema importância na definição da viabilidade de um projeto empresarial. Proximidade das matérias primas, do mercado consumidor, de portos e infraestrutura para gerar facilidade no escoamento da produção, são as questões a considerar.

Geograficamente podemos até ter algumas vantagens, mas com as dificuldades e encarecimento do transporte rodoviário sem a implantação de outras vias, nossa região paga um custo a mais para colocar seus produtos no mercado.

Sugiro um estudo através de uma consultoria competente para estudar a "vocação" da nossa região, frente aos processos disruptivos da economia, para detalhar algum caminho a seguir e, aí sim, incentivar "brutalmente" os seguimentos eleitos e gerar uma nova geração de empresas locais, com vantagem competitiva para que se tornem imbatíveis em seu mercado. Seria compensada, assim, a questão geográfica.

Exemplo nesse sentido é Florianópolis. Com restrições logísticas e de infraestrutura, está inovando a sua economia com empresas de tecnologia, que se apoiam nas instituições de ensino para o seu desenvolvimento. "Transportam seus produtos pela rede www".

O mundo está abarrotado de bons exemplos de sucesso econômico após o caos.

Lembrei! Outro exemplo é Fort Lauderdale... Do inferno econômico ao maior centro náutico do mundo, apenas por uma mudança na legislação.

4 - SINDICALISMO

O sindicalismo profissional na nossa região também entra na balança na hora da decisão de um grande investimento.

Neste caso não consigo propor algo eficiente para a cura dessa grave enfermidade, latente na nossa região há tantos anos.

Um "câncer" originado no setor carbonífero, com "metástases" em todos os demais seguimentos da nossa economia.

Lideranças dos trabalhadores, que não trabalham, e que tanto prejuízo causam a qualquer iniciativa de geração de riqueza, são valorizados e seguidos de forma incondicional por um contingente de pessoas que podem fazer a diferença numa nova política de desenvolvimento.

Se há algum especialista que possa amenizar isso, podemos contratar a peso de ouro pois o retorno é garantido.

*Ricardo Brandão é empresário, fundador e presidente do Conselho de Adminsitração da Brametal

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