Por mais que nos parta o coração e que cause indignação por parte de muitas pessoas, não é incomum presenciarmos, ou ficarmos sabendo, de alguém que agrediu um animal - seja ele um cachorro, ou um cavalo. Inclusive, o ato de maltratar um animal, apesar de ser proibido, já foi tido como “tradição” em muitos lugares.
O historiador Archimedes Naspolini Filho relembra de um caso ainda em sua infância, quando estudava em um internato em Florianópolis, em que foi com amigos e um professor assistir a tradicional “Farra do Boi” no Ribeirão da Ilha. “O ‘professor das bruxas’ nos informou que o que veríamos era um ritual que consistia em soltar o animal a vio para que ele corresse atrás de pessoas. O boi seria provocado, ferido, torturado até que, exausto, poderia ser sacrificado ou não”, destacou.
Archimedes assistiu ao “ritual”, protegido por um cercado, vendo o povo às ruas vibrando com a passagem do boi - que babava de raiva e respirava de forma ofegante. A tal “Farra do Boi” era característica de municípios da grande Florianópolis colonizados pelos portugueses açorianos, e essa prática, tempo depois, tornou-se ilegal.
“Por aqui também havia uma farra semelhante: as brigas de galo, plantadas em diversas rinhas construídas especialmente para essa judiaria. Era comum aos domingos, depois da missa das 10h, os fissurados se reunirem em tais arenas para ver e apostar em tais brigas. No final das contas, foi proibida pelo presidente Jânio Quadros, mas os maus tratos aos animais não cessam por aí”, pontuou Archimedes.
A criação de pássaros em cativeiro, mesmo que ainda vista em muitas casas brasileiras, também mostra um exemplo de judiaria animal. Mesmo que a pessoa cuide perfeitamente do pássaro, este está sendo privado de seu habitat natural - que é onde o animal realmente deveria estar vivendo.
Cachorros, por exemplo, diariamente são maltratados aos pontapés, pedradas, pedaços de pau, afugentados com água fervente e, até mesmo, enterrados vivos - como mostra um caso recente em Balneário Rincão.
“A pergunta que não quer calar é essa: o que leva um ser humano a enterrar um cachorro vivo? ou o que leva aquele que recolhe os animais na rua, leva-os para casa e na prática do sadismo se diverte acompanhando o seu sofrimento? É assim que caminha a humanidade que, segundo os prefeitos que se estuda desde os primórdios da escola, é feita de razão - que a diferencia de animais irracionais”, concluiu o historiador.