Recentemente a Themed Entertainment Association (TEA) publicou a nova edição do Theme & Museum Index. Trata-se de um dos principais levantamentos sobre o número de visitantes dos parques temáticos, aquáticos e museus. Tendo 2020 como ano de referência, o resultado não poderia ter sido outro: os 25 maiores do mundo tiveram queda de 67,2%. Em 2019 haviam recebido mais de 257 milhões de visitantes, número reduzido para 83,1 milhões sob a Covid-19. As maiores quedas, superiores a 80%, foram nos parques da Califórnia (EUA).
E por que tratar desse assunto? Simples: parques temáticos têm uma capacidade indutora fenomenal. Criam destinos. Vide o Beto Carrero World, em Penha, ou o Thermas dos Laranjais, em Olímpia, interior de São Paulo. Os dois não são citados por acaso. O catarinense ocupa o segundo lugar entre os parques temáticos mais visitados da América Latina – único brasileiro no top 10 da região. Foram pouco mais de 2,2 milhões de visitantes em 2019, 1,2 milhão no ano passado, queda de 44%. Deve ter um retorno forte de visitantes ainda nesta temporada e no ano que vem.
Já o Thermas dos Laranjais é o líder latino-americano dos parques aquáticos: mesmo com a queda de 50%, recebeu 922 mil visitantes no ano passado. Na lista dos “dez mais” da região estão o goiano Hot Park Rio Quente, o cearense Beach Park, e mais três paulistas: Magic City Water Park, de Suzano (Grande SP), Thermas Water Park (em São Pedro) e Hot Beach, também de Olímpia. Somados, os dez líderes regionais receberam mais de 4 milhões de visitantes – contra 10,2 milhões em 2019. Devem bater novos recordes de visitação com a diminuição da Covid-19.
Com tais números, tanto mundiais quanto latino-americanos ou nacionais, está claro que esta indústria tem solo fértil para se desenvolver. Em Andradina, noroeste do Estado de São Paulo, está sendo construído mais um parque aquático, com potencial de criar um polo positivo de lazer e turismo para famílias, que estimulará outras atrações e novos serviços, gerando empregos tão necessários.
Em meio a tantas notícias ruins relacionadas ao turismo e à pandemia, é alvissareiro ver os nossos parques crescendo e se desenvolvendo. São exemplos de resiliência e perseverança empresarial. Em Brasília, quando ministro do Turismo em 2018, encaminhamos a proposta de medida provisória para a eliminação dos impostos de importação dos equipamentos dos parques – montanhas russas, por exemplo. Em 2019 a proposição foi aprovada e, acredito, a limpeza desse anacronismo legal incentivará a ampliação ou a criação de novos centros de lazer temático.
Em São Paulo, em 2019, começamos a estruturar a proposta dos Distritos Turísticos, materializada pela lei 17.374/2021. Olímpia foi anunciada no início de setembro como o primeiro Distrito do estado. O segundo, não por acaso, será o Serra Azul, nos municípios de Itupeva, Louveira, Vinhedo e Jundiaí. E o que há de comum entre estes dois Distritos pioneiros? Além de outras qualidades, ambos têm parques temáticos e aquáticos como âncoras.
Este é o papel do poder público. Estimular e encorajar os investimentos privados. Exemplos em São Paulo, sob João Doria, não faltam, sendo um dos principais a concessão dos 22 aeroportos regionais: distribuirão o desenvolvimento, serão estimulados e estimularão as viagens e turismo. Conectividade – seja aérea, rodoviária ou outra – e boas atrações são ingredientes poderosos e quase infalíveis quando bem empreendidos.
Para SC, o copo meio cheio da boa notícia que é o retorno do afluxo de visitantes aos parques temáticos – em contraposição ao copo meio vazio que foi 2020 – só nos faz acreditar que no próximo Verão o copo não só vai encher, como transbordar. E virar uma excelente notícia: empregos, renda para as famílias, arrecadação e, certamente, mais investimentos na grande indústria do futuro, a indústria turística.
Artigo assinado por: Vinícius Lummertz – Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo e ex-ministro do Turismo