Apesar de todas as denúncias em torno do pagamento de r$ 33 milhões, de forma antecipada, por respiradores que não foram entregues, o secretário Helton Zeferino, da Saúde, só deixou o cargo depois que o Ministério Público pediu o seu afastamento em procedimento junto ao Tribunal de Justiça.
O procurador Fernando Comin, chefe do Ministério Público no estado, justificou que o procedimento se fez necessário para viabilizar as investigações diante da gravidade dos fatos.
Governador ficou praticamente sem ter o que fazer. Se não encaminhasse a saída do secretário, o Tribunal de Justiça faria, a pedido do MP.
Ainda não há informação sobre o novo secretário.
O governador Carlos Moisés suspendeu as suas manifestações, e coletivas, até segunda-feira.
Nos bastidores é dito que ele vai trabalhar no feriadão para definir o novo secretário de saúde e encaminhar outras mudanças.
O governador deve fazer "cirurgias" no governo para afastar-se da crise dos respiradores, cortando da própria carne e excluindo aliados envolvidos.
O secretário de saúde, Helton Zeferino, foi a primeira.
Ele esteve diretamente envolvido com todo o processo. Os deputados estaduais apuraram que foi ele quem deu autorização para o pagamento antecipado de R$ 33 milhões, sem a entrega do produto, prática incomum na gestão pública.
Ainda de acordo com os deputados da comissão especial da Assembléia, o secretário teria orientando a emissão da nota como se tudo já tivesse sido entregue.
Foi por isso que os deputados aprovaram na sessão da Assembléia do dia anterior, e por unanimidade, um requerimento com pedido ao Governador de afastamento imediato do secretário, pelo menos até que tudo fosse devidamente apurado.
Mesmo assim, ontem, 18h, o secretário estava ao lado do Governador Moisés, na coletiva do dia sobre o coronavírus.
Acabou sendo a "principal informação" da coletiva, porque a sua situação já era insustentável. Ficou a impressão que o Governador estava "bancando" a sua permanência.
Algumas horas depois, quando o Governo discutiu os efeltos e desdobramentos do procedimento do Ministério Público, a saída foi consumada. Mas, em forma de pedido de demissão. Foi assim que foi feito o comunicado. E ainda saiu elogiado.
Por nota oficial, o Governo exaltou o seu trabalho na secretaria.
Consta da nota que no seu período foi quitada a dívida o Governo com os hospitais, o que não é confirmado pelos hospitais, e foi destacada a sua atuação no combate ao coronavírus, não levando em consideração que a crise dos respiradores está inserida neste contexto.
As atenções se voltam agora para o secretário chefe da Casa Civil, Douglas Borba. A expectativa é que a sua exoneração seja anunciada a qualquer momento.
Ele já quase saiu no episódio do hospital de campanha de Itajaí. Conseguiu se sustentar, mas saiu enfraquecido.