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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Arthur Lessa 25/07/2022 - 17:48 Atualizado em 25/07/2022 - 17:50

É destaque de agora no UOL: "Governo pede a Petrobras, Caixa, BB e BNDES antecipação de dividendos para bancar auxílios"

A justificativa para o pedido não traz nenhuma novidade. Com a previsão de redução de arrecadação e aumento de custos públicos, ambos decorrentes da PEC Kamikaze (ou dos Benefícios), o Governo Federal precisa realmente reforçar seu caixa. Mas o que chama atenção é o passado recente.

Acompanhamos há meses uma série de críticas de diversas autoridades do Planalto ao fato de estatais darem lucro, incluindo o ministro Paulo Guedes, especialista no Mercado Financeiro. A Petrobrás, alvo favorito dos ataques por conta dos aumentos sucessivos do preço dos combustíveis, o que pega mal em ano de "renovação de contrato" do Executivo, chegou a ser relegada. Virou filho pródigo. O presidente chegou a falar que a União não tinha comando sobre a empresa, que a Petro não é estatal, que era um absurdo distribuir dividendo porque só enchia os bolsos dos investidores internacionais. Como é batida essa imagem do monstro "investidor internacional", não? Parece o Homem do Saco dos meus tempos de criança.

Agora, quando a conta aperta, os mesmos que batiam vem pedir favor. Seguindo a linha do video da Magalu de semana passada, consigo imaginar alguém em Brasília pedindo que sejam distribuídos "aqueles proventos gostosos o mais rápido possível, por favor". Mas, oras bolas... Não era um pecado dar lucro? Mas agora que precisa, são esses lucros que vão salvar a lavoura?

Não estou criticando o pedido. Entendo que seja o que justifica ter empresas estatais. Petrobras e Banco do Brasil, com ações na B3, e Caixa e BNDES, de capital fechado, são empresas. E, como tal, tem o lucro como sinal de eficiência. A alma de uma empresa é o lucro. Se não tem lucro, não é empresa. É agência, autarquia, secretaria ou algo do tipo. 

O que é preciso é que nós, brasileiros e, principalmente, aqueles que são investidores, não tenhamos memória curta. É importante lembrar do ontem para bater com o hoje e ver quem tem constância e quem se contradiz. E estes, ao discutir consigo mesmos, devem ser ouvidos com um pé atrás.

E, para contextualizar, vale lembrar que, apenas em 2022, o Governo, como acionista majoritário que é, recebeu só da Petrobras o montante de mais de R$ 32 bilhões. Entre 2019 e 2021 foram R$ 35 bilhões. Ou seja, se tem alguém que não pode reclamar dos dividendos das estatais é o Tesouro Nacional.
 

Por Arthur Lessa 18/07/2022 - 16:24 Atualizado em 18/07/2022 - 17:04

Em um vídeo, provavelmente produzido para ser encaminhado diretamente a clientes com bom crédito, a empresária Luiza Helena Trajano, presidente do Conselho da Magazine Luiza, anuncia que quem estiver assistindo tem crédito pré-aprovado e deve procurar um vendedor de uma das lojas da rede para comprar o que precisa no crediário, "lembra aquele carnezinho gostoso". (Falando em crediário, tratei disso no Toda Sexta - acesse aqui)

Até aí, tudo bem! O varejo está passando por dificuldades e o discurso de "crédito pré-aprovado" é bastante batido em outros mercados como carros e cartões de crédito. 

Foi no fim do vídeo que a internet, que não perdoa, caiu em cima. Depois de explicar a oferta, Luiza, que é a cara da empresa, pede aos clientes "vão o mais rápido possível" para as lojas, fechando o pedido com um sofrido "por favor".

Pode ser apenas um roteiro mal escrito, ou mal interpretado, até por não se tratar de uma material voltado às redes sociais? Pode (e acho que seja o caso)... Mas que passa uma sensação de desespero, como acusado pela fintwit, isso passa...

Confira o video e tire suas conclusões

Esse episódio me lembra uma história que o João Nassif sempre gosta de contar. Segundo ele, uma rádio do interior de São Paulo, décadasa atrás, rodava uma propaganda sintética em que pedia "anuncie nessa rádio, pelo amor de Deus!".

Por Arthur Lessa 15/07/2022 - 13:36 Atualizado em 15/07/2022 - 13:43

Semana que vem tem Money Week, da EQI.

A corretora catarinense EQI Investimentos promove na próxima semana, entre os dias 18 a 22 de Julho, o evento Money Week, com palestras voltadas a todos os tipos e experiências de investidores. As inscrições, assim como todo o evento, são online e gratuitas pelo site do evento (link para inscrição). 

Entre as atrações estão André e Carol Dias (Irmãos Dias), Danilo Luiz (lateral da Seleção Brasileira), Luiz Razia (apresentador e ex-piloto), Oliver Stuenkel (especialista em relações internacionais), entre outros. De acordo com Gabriela Tuon, sócia da EQI, em entrevista ao 60 Minutos, as palestras serão realizadas sempre a partir das 15h pela plataforma do evento. 

Por que eu estou divulgando o evento? Simplesmente porque acho que é uma oportunidade imperdível de entender como o Mercado pensa o Mercado.

O mesmo vale para outros, como Expert XP, BTG Talks, CEO Conference, entre outros. 

Por Arthur Lessa 30/06/2022 - 11:09 Atualizado em 30/06/2022 - 15:31

A Procer, empresa criciumense de principal player nacional na automação de armazenagem de grãos, é destaque hoje na B3, bolsa de valores brasileira por conta do fato relevante publicado na manhã desta quinta-feira (30) da Kepler Weber, destaque do mercado agro brasileiro, anunciando que celebrou Memorando de Entendimentos (“MOU”) preliminar com objetivo de aquisição de 50% mais uma quota da Procer Automação Ltda.

A integração que a Kepler Weber está promovendo da Procer no seu ecossistema promete bons resultados por conta da complementaridade dos negócios. Enquanto a primeira é destaque mundial na produção de silos, a segunda é destaque na gestão de qualidade dos insumos armazenados dentro desses silos, por meio da combinação de váriso tipos de sensores ligados a um sistema de inteligência artificial proprietário. Com isso, o produto entregue chega mais completo ao consumidor final.

Outra informação importante publicada é que, mesmo com a aquisição de mais de metade da Procer, a Kepler Weber não terá exclusividade no serviço. Segundo comunicado da empresa, "a Procer seguirá com a estratégia de 'amplo licenciamento' de seus produtos e tecnologias, atendendo de forma independente a todos os fabricantes de silos e equipamentos, e a Kepler Weber será mais um dos clientes Procer".

De acordo com o comunicado, os atuais sócios da Procer permanecem na sociedade. A conclusão da operação e a transferência das quotas estão sujeitas ao cumprimento de processos de diligência, obtenção de autorizações e outra burocracias e condições usuais em operações dessa natureza.

A Procer conta hoje com uma equipe de 150 colaboradores, atende todo o mercado nacional e diversos países na América do Sul. Em 2021, a Receita Líquida da Procer foi de R$ 31,5 milhões. 

A história da Procer foi tema de uma entrevista com Murilo Schneider, Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, no 60 Minutos em setembro de 2021.

Por Arthur Lessa 29/06/2022 - 14:41 Atualizado em 29/06/2022 - 14:49

Como diz a cultura popular, "de graça, até injeção na testa". Quem está seguindo essa máxima é a Guardian Asset, gestora dos fundos imobiliários (FIIs) GALG11, de imóveis logísticos, e GAME11, de recebíveis (CRIs), que está distribuindo cotas para investidores que já tenham algum FII na carteira.

Para ganhar uma cota

Quem tiver interesse em receber gratuitamente uma cota do FII GAME11, cotado neste momento a R$ 10, deve preencher um cadastro no site da promoção com nome, documentos, telefone, e-mail e o nome de um fundo imobiliário que tenha na carteira. Para participar, clique aqui no link da promoção.

Se o contemplado já for investidor de um dos fundos da gestora, citados acima, o prêmio é dobrado e ele recebe duas cotas.

O prazo para cadastro encerra nesta quinta-feira (30) e há um limite de 30 mil cotas para a promoção, que segue ordem de chegada.

Não existe almoço grátis

Você pode estar se perguntando o motivo de uma gestora estar distribuindo essa quantidade de cotas, avaliadas em cerca de R$ 300 mil sem receber nada em troca. Foi a primeira coisa que pensei. E a resposta provável tem três letras: CAC.

CAC é custo de aquisição de clientes, ou seja, quanto um negócio investe para cada cliente adquirido. Nos negócio digitais, muitas vezes as estratégias de aquisição são baseadas na mais que antiga "amostra grátis". 

Entendo que, neste caso, a gestora está investindo R$ 10 para cada pacote de informações de investidor que recebe, chamado nesse meio de lead. É a partir desses leads que são distribuídas aquelas campanhas que você recebe por e-mail ou celular. E isso feito a partir do cadastro realizado pelo próprio cliente, sem nenhuma compra de banco de dados de terceiros. 

Entendo porque, por motivos óbvios, a empresa não deixa claro que "estamos comprando seus dados com esse brinde".

Por Arthur Lessa 17/05/2022 - 10:15 Atualizado em 17/05/2022 - 11:32

Segue cada vez mais complicada a relação entre o empresário Elon Musk, e quase dono do Twitter, e a direção da rede social. E a principal questão de conflito são as contas falsas na plataforma.

Enquanto oficialmente, em documentos enviados à SEC (Security and Exchange Comission, a CVM americana), o Twitter afirma haver menos de 5% d econtas falsas e "bots" (programas de mensagens automáticas focados em distribuição de fake news) entre seus usuários, Musk afirma que essa fatia é muito mais que 20%.

Na sua conta do Twitter (ironia, não?), na manhã desta terça-feira, 17, o talvez-ex-futuro-dono da rede escreveu: 

"20% de contas falsas/spam, enquanto 4 vezes o que o Twitter afirma, pode ser muito maior. Minha oferta foi baseada na precisão dos registros da SEC do Twitter. Ontem, o CEO do Twitter se recusou publicamente a mostrar prova de <5%. Este acordo não pode avançar até que ele o faça"

A manifestação desta semana confirma as especulações da semana passada, quando o bilionário suspendeu as negociações, afirmando na sequencia que seguia comprometido com a transação, apontando a informação de números de contas falsas como ponto de dúvida, mas deixando em suspenso se acreditava que havia mais ou menos.

Para piorar a situação, vale ressaltar que no dia anterior, 16, o mesmo Musk cutucou Paraj Agrawal, CEO do Twitter, publicando um emoji de cocô para ironizar os dados apresentados pelo diretor.  Agrawal havia postado textos explicando o esforço de sua empresa para combater as contas utilizadas por robôs.

 

Por Arthur Lessa 13/05/2022 - 13:49 Atualizado em 13/05/2022 - 14:16

A Rede de Investidores Anjo de Santa Catarina (RIA/SC) desempenha um papo muito importante na dinâmica do ecossistema de startups, criando e intermediando a relação entre startups que precisam de recursos e investidores que veem valor e tem interesse em apostar nesses projetos. 

Ecossistema, inclusive, é o termo usado por tratar os projetos/empresas como organismos vivos, que nascem, crescer e dão frutos. E, pra isso, precisam ser nutridos. É nessa função que entram os anvestidores anjo. 

Pra entender melhor como funciona essa relação e quem pode fazer parte dessa rede, conversei no 60 Minutos com Fábio Ferrari, diretor do RIA/SC, e com Rafael Rocha, empreendedor e investidor anjo

Confira o programa:

Por Arthur Lessa 11/05/2022 - 18:36 Atualizado em 11/05/2022 - 18:40

A última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), realizada nos dias 3 e 4 de maio, encerrou confirmando o aumento de mais 1% na Selic, elevando a taxa básica de juros para 12,75% a.a., e perspectiva de novo aumento de mais 0,5% em julho. 

Para explicar os efeitos dessa escalada vertiginosa dos juros no Brasil (e no Mundo), formamos uma mesa redonda no 60 Minutos da última sexta-feira (6) com os especialistas:

- Anselmo Freitas (empresário do setor de fomento empresarial)
- Thiago Fabris (doutor em economia)
- Alceu Pacheco (autor do livro "Juro que é Simples")
- Thiago Raymon (analista CNPI e gestor de ativos)

 

Por Arthur Lessa 25/04/2022 - 16:45 Atualizado em 25/04/2022 - 17:18

Depois de muitas polêmicas, pressões e "hostilidade" (explico abaixo em Aquisição hostil), Elon Musk conseguiu concluir a compra do Twitter (TWTR34), nesta segunda-feira (25), por 44 bilhões de dólares. O valor é ligeiramente superior aos US$ 41 bilhões anunciados pelo próprio Musk como "oferta final e inegociável".

De acordo com a CNN, o conselho do Twitter esteve reunido no domingo para avaliar a oferta de Musk de comprar todas as ações da empresa que ele não possuia (Musk detinha 9,2% das ações no momento) por US$ 54,20 cada.

Durante a manhã desta segunda-feira já circulava nos bastidores a informação de que o Conselho da empresa estaria trabalhando nos preparativos para consolidar o negócio, aprovado por unanimidade.

Com a compra de todas as ações pelo bilionário, o Twitter, empresa de capital aberto desde 2013, volta a ser uma empresa de capital fechado. E com dono.

Aquisição hostil

O fato de Musk oferencer um prêmio (valor acima) de quase 40% sobre o valor de mercado da ação da empresa, foi visto como uma aquisição hostil, que é como se chama no mercado os tipos de movimento que uma empresa (ou investidor com tal potencial) lança mão para tomar o controle de outra empresa "na marra". Pode acontecer assim, como o bilionário fez, de anunciar e inflar o preço para deixar os acionistas sem opção, pode ser de maneira mais discreta, adquirindo pouco a pouco e/ou com ajuda de terceiros, consolidando a mudança de comando "no susto". 

Confira o comentário de Alê Koga falou sobre a (ainda) possibilidade dessa aquisição de Elon Musk:

 

Por Arthur Lessa 25/04/2022 - 12:00 Atualizado em 25/04/2022 - 12:16

O mercado financeiro mundial vem acompanhando a "batalha" do Twitter, uma das poucas redes sociais relevantes que não é Google nem do Meta (Facebook), para se proteger da aquisição hostil de Elon Musk, trilionário dono da Tesla. Os principais portais de informações econômicas dão conta, na manhã  desta segunda-feira (25), que está próximo um acordo para venda da empresa a Musk, em um negócio de 54,20 dólares por ação em dinheiro.

Falei sobre essa operação, no 60 Minutos do último dia 22, com a publicitária e especialista em cultura digital Alê Koga. Confira no vídeo abaixo.

 

Por Arthur Lessa 18/02/2022 - 05:49 Atualizado em 18/02/2022 - 06:54

O Banco Central do Brasil (BCB) liberou, na última segunda-feira (14), a consulta de valores a receber que foram esquecidos por cidadãos e empresas em instituições bancárias brasileiras desde 2001. O montante passa de R$ 8 bilhões e os “esquecidos” somam mais de 28 milhões, entre CPFs e CNPJs. A consulta deve ser feita no site valoresareceber.bcb.gov.br.

Infelizmente, como já alertamos no 60 Minutos durante toda a semana, já existem golpistas usando essa movimento para aplicar golpes nos menos avisados. Eu mesmo recebi um e-mail de um dos “amigos do alheio”, como gosta de chamá-los o Cel. Márcio Cabral, nosso especialista em segurança. É a imagem abaixo.

É possível notar o cuidado de usar a logomarca do Banco Central e o mesmo padrão de desenho das letras que é aplicado na página oficial e real, fazendo se passar por comunicação oficial. Mas não é. No nome do remetente aparecia Banco Central, mas o endereço era [email protected]. Você acha que Roberto Campos Neto, presidente do BC, pediu emprestado o e-mail de promoções do Restaurante Nanquim?

Além do mais, por que motivo o Banco Central do Brasil, uma instituição que não tem foco no atendimento ao público, mas sim às instituições financeiras, iria chegar ao ponto de mandar e-mail para cada um dos 28 milhões de beneficiados informando sobre o saldo a resgatar se já abriu um site específico pra isso?

É importante estar atento o tempo todo para não cair nesses golpes.

Para ajudar você a se proteger dessas arapucas, no Toda Sexta dessa semana eu listei algumas medidas simples e eficazes de proteção. Confira as dicas clicando aqui.

Por Arthur Lessa 17/12/2021 - 11:21 Atualizado em 17/12/2021 - 11:32

Muitos negócios evoluem de maneiras que nós nem imaginamos. Nem mesmo depois de ter acontecido!

Uma característica natural do ser humano é entender, subconscientemente, que a situação atual vai se perpetuar. Seja para o bem, seja para o mal. Se você está endividado, pensa que nunca sairá dessa situação. Se está num momento de grandes rendimentos, já começa a se imaginar curtindo a aposentadoria nas Ilhas Gregas.

Um exemplo (perigoso) muito repetido e conhecido é de jogadores de futebol que perderam tudo. Quando se destacam e chegam a ganhar salários de seis dígitos, e os que chegam nesse nível vivem isso por algo em torno de 15 anos, sendo que os primeiros 10 com valorização maior a cada ano. A maioria deles tem certeza que isso vai durar pra sempre, gastam quase tudo, não investem no futuro, não se reinventam e quebram, como empresas.

Confira o texto completo no Toda Sexta

Por Arthur Lessa 16/12/2021 - 16:16 Atualizado em 16/12/2021 - 17:04

Eram 4 da manhã da terça-feira, dia 23 de novembro, quando o empresário Ricardo Faria, de 46 anos, pegou seu jato Citation CJ3 no aeroporto Catarina, em São Roque, São Paulo, e rumou para Baixa Grande do Ribeiro, no interior do Piauí.

O parágrafo acima é o primeiro da matéria principal da edição mais recente da revista Exame, que estampa o empresário criciumense na capa. Faria se tornou o grande nome de 2021 do agronegócio brasileiro por conta do investimento de R$ 1,8 bilhões na Insolo, que o colocou na posição de 5º maior produtor de grãos do país em área plantada. Em um país conhecido com o “celeiro do mundo”, isso é muita coisa!

Ao apresentar a história empreendedora de Faria, a reportagem desfaz a imagem criada por boa parte do Mercado de que ele seria uma “novato” no setor. Acontece que, segundo ele próprio, a Lavebrás, rede de lavanderias que foi de seus primeiros grandes negócios, pode ser chamado de uma desvio de rota, já que o setor do campo já chamava a sua atenção. Antes dela surgiu a confecção de uniformes, que tinha como grande cliente a Perdigão. Dos uniformes (feitos e lavados), entrou de vez no setor no início dos anos 2000, com a criação da Granja Faria.

Mas o que esperar de 2022?

Com avanços tecnológicos intensificando a produtividade, a área plantada, que na safra 2021/2022 está em 120 mil hectares, deve aumentar para 150 mil hectares, alçando a receita de R$ 1 bi para R$ 1,3 bi. Com esses números, Ricardo Faria é possivelmente o maior proprietário individual de terras no Brasil, já que as maiores tem controle pulverizado, como a SLC Agrícola, listada na B3 sob o ticker SLCE3.

E, se já está deste tamanho, podemos esperar um IPO?

Em entrevista concedida em novembro, que você pode conferir abaixo, citava que abrir capital não era prioridade do momento para a companhia, que se manteria investida com capital proprietário, mas não descartava a possibilidade. O tema também foi abordado na matéria da Exame, a possibilidade segue estudada, mas sem definição de momento.

 

Por Arthur Lessa 10/12/2021 - 15:08 Atualizado em 10/12/2021 - 15:09

Imagine que você está numa sala com outras 30 pessoas e um leilão está para começar. O objeto apregoado é uma nota de US$ 1. E, como em qualquer leilão, leva o prêmio quem der o maior lance. Sendo assim, é bastante simples enxergar que há uma espécie de teto para os lances. Se o vencedor ofertar 60 centavos, são 40 centavos de lucro. Chegando ao lance de US$ 1, não há motivo para continuar, tendo em vista que a partir desse ponto o único resultado possível é o prejuízo, que cresce a cada oferta.

Mas esse leilão tem uma regra diferente, bastante simples, mas que altera completamente a dinâmica do jogo: o melhor lance paga o que ofereceu e leva a nota, enquanto o segundo melhor paga a própria oferta e não leva nada.

Esse leilão foi levado à prática diversas vezes pelo professor de economia Max Bazerman, autor do livro Negociando Racionalmente. No caso contado abaixo o objeto em disputa era uma nota de US$20. Os resultados são impressionantes!

Fizemos esse leilão com banqueiros da área de investimentos, consultores, médicos, professores, sócios das grandes seis empresas de auditoria, advogados e executivos de diversas áreas. As regras eram sempre as mesmas. Os lances começam rápida e ferozmente até chegarem à faixa de $12 e $16. Nesse ponto, todos, exceto os dois maiores arrematadores, caem fora. Os dois últimos arrematadores caíram na armadilha. Se um fez um lance de $16 e o outro de $17, o proponente de $16 pode fazer um lance de $18 ou arcar com uma perda de $16.

Nesse estágio, um deles acha que pode ganhar se a outra pessoa desistir. Como pode ser mais atraente continuar do que assumir tamanha perda, então o arrematador faz o lance de $18. Quando os lances são de $19 e $20, surpreendentemente, a lógica de arrematar por $21 é muito semelhante à usada para tomar as decisões anteriores — você pode aceitar uma perda de $19 ou continuar com a esperança de reduzir as perdas. Claro, o resto do grupo racha de rir quando os lances superam os $20 — e isso quase sempre ocorre. Obviamente, os arrematadores estão agindo irracionalmente.

Mas quais são os lances irracionais? Leitores céticos deveriam experimentar fazer o leilão com seus amigos, colegas de trabalho ou alunos. São muito comuns lances finais na faixa de $30 e $70, mas nosso leilão de maior sucesso chegou a $407 (os lances finais foram de $204 e $203). Nos últimos quatro anos já ganhamos mais de U$10.000 fazendo esses leilões em salas de aula.

Essa lógica se aplica também no mundo corporativo, principalmente em setores chamados de winner takes all (“vencedor leva tudo”), onde o sucesso se baseia mais em dominar o mercado que nas margens de resultado, como no caso das redes sociais.

Não sei quem está lendo esse texto agora, mas vou me arriscar a dizer que você tem conta no Facebook, no Instagram e no Twitter. Possivelmente também o LinkedIn. Posso ter errado sobre todas, mas uma ou outra você certamente tem. Muita gente interage por essas plataformas, e o faz exatamente porque muita gente está nelas. É um ciclo virtuoso, onde quanto mais clientes ativos, mais clientes novos.

No Whatsapp é a mesma coisa. Como plataforma, eu prefiro sensivelmente o Telegram, mas é pelo “zap zap” que eu converso desde clientes de São Paulo até a minha tia do interior do Paraná.

Outro exemplo é o Google+. Você lembra dele? Pois é… Eu tive que puxar forte da memória!

O Google+ foi uma rede social criada em 2011 para concorrer com o Facebook. Mas a plataforma do Zuckerberg já tinha naquele ano mais de 800 milhões de contas. Só no Brasil eram 35 milhões (17,7% da população na época). O Google, mesmo já muito poderoso, não conseguiu competir e o projeto foi oficialmente encerrado em 2019.

São vários os setores que seguem essa lógica, quase sempre são negócios escaláveis e digitais. Por isso você vê e-commerces oferecendo frete grátis, corretoras de investimento ofecerendo dinheiro (de verdade, na conta) para você abrir conta e outras táticas como essas. É, na prática, comprar mercado e, sendo o ganhador, leva tudo.

Por Arthur Lessa 03/12/2021 - 16:24 Atualizado em 03/12/2021 - 16:35

O ser humano gosta de uma mirabolância (sim, essa palavra existe… eu me certifiquei)!

Quanto mais complexa uma explicação sobre algum tema, mais brilham os olhos dos ouvintes e mais especialista parece o orador. Para cada novo termo técnico, um novo “uau”.

Entenda que não estou desprezando a ciência, as estratégias, ferramentas, modelos e métodos que os profissionais de diversos setores vem desenvolvendo e aprimorando no decorrer de décadas ou séculos. Mas é bom sempre ter em mente que, muitas vezes, essas camadas não passam de pirotecnia, compondo mais uma narrativa que um método.

Eu quero falar do simples! Eu adoro o simples! Eu acho que o mais genial no processo de resolução de um problema ou desenvolvimento de um produto é fazê-lo simples. Eu gosto (com certa inveja “branca”) da sensação de “como não pensei nisso antes? Era tão simples!”

Vamos pegar, para exemplo, a prática de vender publicidade, algo que acompanho há anos de fora. Existem centenas de técnicas, seja para busca de clientes-alvo, como funil de vendas e landing pages, seja para a abordagem, com palavras-chave, programação neurolinguística, postura correta e afins. Tudo certo, tudo útil (se bem utilizado), mas o que mais importante é simples: conheça o seu cliente, entenda o problema que seu produto ou serviço pode resolver e apresente o valor dessa solução. Ouça, converse, apresente.

É simples! Aprendemos a conversar pouco na mesma época que saímos das fraldas. Os outros “apetrechos” podem ser incorporados depois, para otimizar tempo e controle de desempenho. Mas só funcionam se o básico (e simples) estiver funcionando. O melhor funil de vendas não vai ajudar que você venda areia no deserto.

Mudando de ares, vamos para a final da Taça Libertadores da América 2021, maior campeonato de clubes de futebol do continente. Dois times brasileiros se enfrentando. Empate de 1x1 no tempo normal, jogo na prorrogação. Andreas Pereira, jogador disputado pelas seleções da Bélgica e Brasil, emprestado ao Flamengo, recebe a bola sem pressão e se “embanana”. Deyverson, do Palmeiras, pega a bola, entra na área e faz o gol do título.

Andreas falhou porque pensou demais, complicou o que era simples. Recebeu a bola sozinho, poderia ter só jogado pra frente e tirado da área de perigo, mas demorou e condenou a equipe. É nesse tipo de lance que soam nas arquibancadas, bares e sofás: “Joga simples!”

Dei acima dois exemplos de como o simples é poderoso. Mas, se você olhar pro título, ele não é fácil. E vamos entrar nisso.

No caso de Andreas, por exemplo, eu estava numa mesa de amigos assistindo ao jogo, milhares de quilômetros distante de Montevidéu, onde aconteceu a final. Nem torço para nenhum dos times. Estava matando tempo.

Ele, pelo contrário, estava sendo observado por dezenas de milhares de pessoas in loco, além de milhões de torcedores flamenguistas ou curiosos (como eu) à distância. Já eram mais de 100 minutos de jogo intenso, ele estava cansado, fisica e mentalmente. Um distração, destino traçado. Jogar futebol não é complexo, mas é difícil.

Administrar suas finanças não é complexo. Gaste menos do que recebe e invista parte disso. Matemática básica, de ensino primário. Assim se constrói patrimônio, de pouco em pouco, como ensinam vários livros espalhados pelo mundo. “Invista 10% do que você ganha e fique rico”. Simples, não? Mas temos desejos, ambições e necessidades,… Difícil, não?

Tem uma anedota bem antiga que eu gosto muito e ilustra esse caso. Um cidadão está tranquilo fumando quando outro chega e começa o diálogo:

- Você fuma há quanto tempo?
- Uns 30 anos…
- Você sabia que, se tivesse guardado todo dinheiro que gastou com cigarro, você hoje teria uma Ferrari?
- Você fuma?
- Nunca coloquei um cigarro na boca!
- E cadê a sua Ferrari?

Por Arthur Lessa 02/12/2021 - 09:07 Atualizado em 02/12/2021 - 14:11

Todo investidor que se dá o trabalho de estudar ou pesquisar algo sobre investimentos em Bolsa de Valores se depara, logo cedo, com um dos mais conhecidos mantras do Mercado, atribuído a Warren Buffett: “compre ao som dos canhões e venda ao som dos violinos”.

A frase tem um sentido bastante simples, na verdade: Compre na baixa, venda na alta. Mas, pra simplificar ainda mais, vamos antes falar de uma característica do mercado de renda variável: ele “vareia”. Mais do que isso, se move em ciclos, subindo e descendo. E note pela imagem que são ciclos dentro de ciclos.

Existem diversos fatores que interferem nesse comportamento cíclico da economia, que acontece também nas taxas de desemprego, crescimento de PIB, taxas de juros e tal. Mas o foco aqui são os efeitos deles na psicologia de investimentos. Veja na imagem seguinte que estes ciclos vão do pico da Euforia, quando tudo sobe e os preços dos ativos vão às alturas, ao fosso da Depressão, quando tudo cai todo dia e parece que você nunca deveria ter acreditado nessa história de “apostar na Bolsa”.

No pico tocam violinos, enquanto no fosso só se ouvem canhões.

De 2018 até hoje, o número de investidores se multiplicou em cerca de cinco vezes. Um dos motivos deve ser a valorização de mais de 100% registrada entre o fim de 2017 e o começo de 2020, pouco antes da Crise da Covid-19. De dezembro de 2017 a dezembro de 2018, foram 50% de valorização.

Aí você vê seu vizinho com essa rentabilidade toda, enquanto suas seguras aplicações em renda fixa seguiram uma Selic que derreteu lentamente de 7% para 4,5% ao ano, pouco tempo depois de se manter em 14,25% a.a. por 13 meses (2015/2016). A providência é uma só: “Vou entrar nessa festa!”. Estamos subindo a ladeira para a Euforia.

Tudo bem, tudo bom. A Selic seguiu caindo, passou meses no patamar de 2% a.a., e as excursões para a B3 seguiram mais lotadas. A própria crise trouxe várias barganhas no meio de 2020 e deixou tudo mais atraente. Mas… Malditos ciclos!

Após os sucessivos circuit breaks do primeiro semestre do ano passado, vimos o índice Bovespa dobrando de março de 2020 a junho de 2021 (15 meses) e, desde então, queda de 20%. Depois da festa, estamos na ressaca. Daquelas que, além de acordar mal, você vai piorando nas horas seguintes.

Onde estamos agora no gráfico acima? Não sei ao certo… Nunca sabemos no momento quando chegamos no fundo, na Depressão. Mas acredito que devemos estar perto do Pânico, talvez chegando, talvez já rumando para o Desânimo.

Mas voltemos ao mantra. E como é difícil segui-lo!

Primeiramente porque é preciso tomar atitudes contraintuitivas. O natural é fazer o contrário. É olhar os R$ 10.000 que você converteu em ações virando R$ 15.000 e comprar mais, porque você “sabe” que ele vai crescer. Por outro lado, ao ver o mesmo investimento reduzido a 7.500 você vai vender esses “papéis micados” antes que perca tudo. Aí o movimento é o que a imagem abaixo ilustra.

Agora é a prova de fogo. Se quiser continuar, é preciso pegar o seu dinheiro e investi-lo em algo que provavelmente vai desvalorizar agora, para dar frutos no futuro, no sentido oposto do ciclo. É comprar uma ação enquanto as vozes ao seu redor afirmam que a empresa está em vias de quebrar. Ou a Bolsa vai quebrar. Ou o Brasil vai quebrar!

Os grandes rendimentos só são vistos quando olhamos em retrospectiva, sempre iniciando em momentos de crise, quando os ativos (ações e FIIs) estavam muito baratos porque ninguém queria, quem confiou nas suas convicções colheu os rendimentos.

Como está a sua convicção? Se está em dia, escolha boas empresas, feche o home broker e só abra no Natal (de 2023, 2025 ou um pouco mais...)

Por Arthur Lessa 09/11/2021 - 11:48

Lembro que quando eu era criança, uma única barra de chocolate era suficiente para saciar uma turma de crianças. Quando era para uma ou duas apenas, era normal que fosse consumida em períodos, guardando um pouco para depois. Afinal de contas, uma barra de chocolate é muita coisa pra comer sozinho, certo? 

Hoje em dia, se eu abro uma barra lá em casa ela dura minutos. Dependendo da situação,  nós (dois adultos e uma criança) dão conta de duas barras tranquilamente. Mas por que essa diferença? Será que desenvolvi uma gula irresistível nesses anos ou perdemos a noção de limite? Nem uma coisa, nem outra. O problema é a barra.

Quando citei a barra da minha infância (anos 90s), eu estava falando de uma tábua espessa de 200 gramas divididos em quadrados grandes. Quando vemos hoje nas gôndolas, estamos falando de uma embalagem tímida, de 90 gramas e com conteúdo tão fino que não é incomum que algumas das barras quebrem pelo simples manuseio. Para se ter uma ideia melhor, para juntar 1 kg de chocolate precisávamos apenas de cinco barras. Atualmente onze não são suficientes. 

Essa redução de porções tem um nome: reduflação (shrinkflation, em inglês). E acontece não só com chocolate, mas também com papel higiênico, pasta de dente e diversos outros produtos.

Uma barra é uma barra

Estamos vivendo, por conta da crise econômica desencadeada pela pandemia de 2020 (e mal enfrentada pela equipe econômica), um período de inflação sensível e doída. O IPCA está acumulado em 10,25% nos últimos 12 meses, a  gasolina, em Criciúma, acumulou alta de mais de 43% apenas em 2021, o patinho (corte de carne comum na mesa dos brasileiros) subiu cerca de 30% e por aí vai. 

Essa onda de aumentos atinge a todos (de fornecedores a consumidores finais) e, invariavelmente, deve ser repassada para o preço dos produtos finais. Caso contrário, as margens dos elos da cadeia produtiva se reduzem a ponto de não valer a pena produzir. 

Admita que você está desconfortável com essa situação. Ver os preços subindo dói, causa raiva, “dá ranço”. É um efeito psicológico baseado em vieses comportamentais, sendo o principal deles a ancoragem, que é quando você se baseia num valor anterior para avaliar o valor atual. Algo como “35º nem é tão calor já que aqui a temperatura chega a 42º”. 

Sabendo disso, alguns setores da economia acabaram encontrando há alguns anos uma maneira de tapear o cérebro do consumidor. Se o que incomoda é o aumento do preço, é só deixar o preço como está. Genial, não? 

Mas a inflação é real, é preciso administrar as margens, que se achatam, e tudo aquilo que eu expliquei acima. Como fazer isso sem mexer no preço? Reduzindo as porções. Afinal de contas, inconscientemente, entendemos que pagávamos R$ 5 por uma barra de chocolate e continuamos pagando R$ 5 por uma barra de chocolate. A redução de mais de 50% no tamanho dessa barra é menos perceptível ao longo do tempo. 

Em 2017, em uma matéria sobre o tema para a revista Exame, Renata Martins, analista de pesquisa e especialista em alimentos embalados da Euromonitor, explicou que “ao reduzir o tamanho das embalagens, o custo (do produto) por quilo ou litro se torna maior, mas o consumidor não sente tanto essa diferença no bolso”.

E nessa explicação da Renata fica claro outro ponto importante para a prática: funciona com embalados, principalmente aqueles que não são porcionados em um ou meio quilograma. 

Gasolina, verduras, frutas e carne são, via de regra, vendidos a granel, por peso ou volume. Um litro de gasolina é um litro de gasolina. Não dá para reduzir a embalagem para 750 ml e vender pelo mesmo preço. Ao comprar uma peça de picanha, mesmo que esteja embalada na gôndola, é escolhida por peso. 

Um item básico que comporta esse tipo de estratégia, e já foi até destaque no Jornal Nacional, é o papel higiênico. No início dos anos 2000 tiveram os rolos reduzidos de 40 para 30 metros. 25% de redução não é pouca coisa. Atualmente há registros de consumidores reclamando de marcas vendendo rolos de 20 metros. 

Outros produtos que merecem destaque por reduções recentes são farofa pronta (200g para 170g) e farelo de aveia (200g para 165g).

Vale ressaltar que cortar o tamanho das embalagens não fere o código de defesa do consumidor, desde que os rótulos deixem claro que houve a redução e de quanto. Essas informações devem ficar disponíveis por pelo menos três meses, segundo o Procon. 

Tudo bem, tudo bom, mas não mostrei ainda como entender o efeito. Em 2010, segundo um encarte da época, um pacote de 154g da bolacha recheada Trakinas custava R$ 1,38. Hoje o pacote está com 126g (18% menor) e custa R$ 2,39 (73% a mais). Se igualarmos o tamanho, voltando aos 154g de 11 anos atrás, o pacote hoje custaria R$ 2,92 (112% de aumento). Essa é a magia da reduflação.

Por Arthur Lessa 07/11/2021 - 18:37 Atualizado em 08/11/2021 - 01:09

Imagina você, todo “nicolas-cagezinho” andando pelo deck quando, não mais que de repente, cai na piscina e morre afogado. A causa pode ser um momento mais produtivo do ator americano Nicolas Cage.

Se não acredita em mim, olhe o gráfico!

E tem mais!

Você acredita que investir em ciência aumenta os casos de suicídio por asfixia?

Não? Então olhe o gráfico abaixo!

Esse cruzamento de dados é chamado de várias maneiras, mas uma das mais objetiva é correlação espúria. E nós as criamos diversas vezes e, em muitas delas, firmamos argumentos convictos baseados nelas.

Um dos exemplos deste ano aconteceu na Eurocopa, quando Cristiano Ronaldo trocou uma garrafa de Coca Cola por uma de água ao início de uma coletiva. O episódio deu oportunidade para manchetes chocantes como essa, do Lance!:

Mas se olharmos na matéria, já é possível ver que a relação está um tanto forçada. Começando pela queda “brutal” de… 1,6%.

De verdade… 1,6% na B3 é quase andar de lado. Não dá nem emoção. E é completamente comum e esperado da renda variável, que tem esse nome porque varia. Se fosse uma small cap como a catarinense Intelbrás, por exemplo, o mesmo percentual de queda representaria uma desvalorização de pouco mais de R$ 145 milhões. 

Acontece que a Coca Cola tem valor de mercado de US$ 235 bilhões (em torno de R$ 1,3 trilhão), enquanto a Intelbrás superou há pouco os R$ 9 bilhões (menos de 4% o valor da americana). 

Mas, como hoje é dia de gráficos, olhem uma imagem mais espaçada do movimento da KO (ticker da Coca Cola Company na Bolsa de Nova Iorque) com cada ponto marcando o preço de fechamento do dia, de 24 de maio a 16 de julho. Veja se a queda tão anunciada realmente chamaria a sua atenção não fosse o círculo preto que eu acrescentei para apontar o dia em questão.

Peguei você, esse é o dia 15 de junho. A tal queda aconteceu no dia 14, que é o ponto anterior.

Note que a ação, mesmo neste curto período do corte, vinha de um preço abaixo dos US$ 55, deu duas “passeadas” acima dos US$ 56, desceu abaixo dos US$ 54 e fez a máxima dias depois. Variou, subiu, desceu e seguiu a vida.

Nesse contexto, o gesto de Cristiano Ronaldo fez diferença? Não sei… Mas, se fez, foi irrelevante no contexto geral. 

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Não deixe os dados pensarem por você

Ouvi nessa semana uma frase do palestrante e mentor Romeo Busarello que é muito boa pra esse contexto: “o conteúdo é rei, mas o contexto é Deus”.

O contexto dessa fala dele é um vídeo onde ele explica como usa métricas, dados e correlações para impulsionar uma campanha de venda de apartamentos, mas se aplica ao assunto acima também.

As informações estão aí. Podem estar claras ou precisarem de alguma mineração, mas nunca se teve tanto a acesso a insumos para ideias. O problema é deixar um grande volume delas virar um rio, que te leva ao seu bel prazer, quando não te afoga. 

As informações dos primeiros gráficos dessa página são reais, mas não há ligação alguma entre eles. Eles apenas, casualmente, tiveram comportamentos semelhantes. 

Sendo assim, o alerta que eu deixo é: não confunda causalidade (quando há relação real entre causa e efeito) com casualidade (quando não passa de coincidência).

E, pra fechar, se quiser se divertir mais um pouco com esse tema, busque no Google: Maldição Ramsey.

Por Arthur Lessa 05/11/2021 - 10:08 Atualizado em 05/11/2021 - 10:18

Em meio às incertezas que assombram a economia nesse fim de 2021, a Wise Investimentos trouxe a Criciúma o economista Álvaro Frasson, responsável pelas análises macroeconômicas e políticas do BTG Pactual, para um painel sobre o cenário atual e expectativa futura da economia brasileira. O evento, para clientes e convidados, aconteceu nesta quinta-feira, 4, no condomínio San Simoni.

Entre os pontos principais abordados por Frasson está a inflação, que não atinge apenas o Brasil, mas o mundo. A diferença, segundo ele, é que cada país sofre um impacto e tem uma atitude diferente frente a essa situação. Ao ser questionado sobre o motivo de um país como os Estados Unidos ter inflação alta com juros baixos e no Brasil ser necessário elevar a Selic para conter a inflação, Frasson destaca dois pontos "eles tem controle sobre o maior lastro do mundo, que é o dólar, e tem investment grade [classificação de segurança para investimentos]".

O investment grade, inclusive, é um dos motivos para o desempenho abaixo do ideal da Bolsa brasileira. "Lá eles tem nota AAA+, aqui temos BB-. Essa diferença tira muito investimento daqui. Quando o Brasil tinha investment grade, até 2013, eles olhavam pra cá e viam um investimento seguro com juros a 12% a.a. e riam", lembra Frasson.

Sobre o câmbio, assunto que abriu a palestra, o economista destacou que o Real é a terceira moeda que mais desvalorizou em 2021 num grupo de 24 países emergentes. "Os outros foram a Aregentina, que nem preciso falar os problemas que tem enfrentado, e a Turquia, onde o presidente troca sempre que quer o presidente do Banco Central. Fora eles, somos a pior moeda". Frente a esse fato, e mesmo após ilustrar o cenário atual brasileiro e o que pode acontecer em 2022 com as Eleições para presidente, Frasson afirmou seguramente que tentar adivinhar o câmbio para um, dois, 10 anos, é "achologia". Existe uma piada no Mercado que diz que 'câmbio' surgiu pra fazer com que os economistas sejam humildes".

 

Por Arthur Lessa 04/11/2021 - 09:23 Atualizado em 04/11/2021 - 12:46

O Nubank é hoje o maior player da nova leva de instituições que tem tirado os bancos tradicionais da zona de conforto. Ao contrário do Banco Inter, por exemplo, o Nubank já nasceu digital e nem gosta de ser chamado de banco, mesmo oferecendo, cada vez mais, serviços bancários (empréstimo, CDB, seguro,...). É uma espécie de suco do Chaves, que é de limão, parece de tamarindo mas tem gosto de groselha.

Com uma estratégia mais que bem sucedida de posicionamento de marketing, apresentando um novo modelo de relação com o cliente e com um base de cerca de 24 milhões de cadastros, a fintech já pode ser consolidada no mercado financeiro e dará o próximo passo: IPO.

Onde abrir capital?

Na ultima segunda-feira (1º), o Nubank anunciou que fez pedido de registro na SEC (Securities and Exchange Commission) para a realização de seu IPO na NYSE (Bolsa de Nova Iorque). Simultaneamente, a empresa entrou com pedido de listagem no Brasil. Com isso, ao mesmo tempo que forem iniciadas as negociações na NYSE, os BDRs começam a circular na B3 (Bolsa de São Paulo), diferente, por exemplo, da XP Inc, que demorou quase dois anos entre os dois movimentos.

Assim como XP, Stone e PagSeguro, o roxinho também fará sua abertura de capital original nos EUA. Mas, ao contrário dos compatriotas, após ser disputado pelas principais Bolsas do país, escolheu a NYSE (New York Securities Exchange), mais tradicional que a NASDAQ, que é focada em tecnologia e conta com Google, Facebook, Uber e afins. Já a Nyse conta com a economia mais "física", com destaques como Bank of America, Boeing, Chevron.

Mais que o Nubank

Vale ressaltar que, assim como o IPO da XP Inc não foi só abertura de capital da corretora de mesmo nome (a empresa tem também as corretoras Clear e Rico, o site Infomoney e a research Spiti), esse IPO será da Nu Holdings Ltd., que  é a empresa-mãe dos vários outros Nus (Nubank Brasil, Nu Colômbia, Nu México, Nu Invest…). 

Tickers

Aproveitando a maior liberdade oferecida no mercado norte-americano (na B3 precisa ter 4 caracteres e um número), nos EUA o ticker do Nubank será NU e a stock deve estrear com preço entre US$ 10 e US$ 11. No Brasil, cada BDR representará 1/6 da NU e o ticker será NUBR33, com preço inicial esperado entre R$ 9,25 e R$ 10,39.

Início das negociações

No prospecto não está claro o início das negociações na NYSE, mas, partindo do principio de que a empresa vai abrir negociação simultânea nos dois países, vamos nos basear no cronograma do BDR, que define:
07/12/21 - Encerramento do período de reservas
08/12/21 - Fixação do preço
09/12/21 - Início das negociações na B3 

BDRs de brinde

O que tem chamado muito a atenção na oferta é a possibilidade de os clientes do Nubank receberem gratuitamente um BDR NUBR33 apenas respeitando alguns requisitos nada restritivos. Segundo o blog da fintech, é preciso "ser um cliente ativo, ter uma conta do Nubank que não esteja bloqueada para transações, não estar inadimplente por mais de oito dias corridos e ter realizado ou recebido pelo menos uma operação em qualquer produto do Nubank nos últimos 30 dias antes de aderir ao programa". 

O pedido poderá ser feito a partir do dia 9 de novembro pelo próprio aplicativo do Nubank. Em comunicado, a empresa reforça também que esses produtos são do Nubank, e não Nu Invest, que é o nome da Easynvest, adquirida em setembro de 2020, desde agosto de 2021.

Esse, inclusive, foi um ponto que criou certa polêmica (descabida, na minha opinião). Muitos analistas e influenciadores, em suas redes sociais, afirmaram que essa prática poderia ser usada para inflar o artificialmente o contingente de investidores da empresa, poderia criar problema para aqueles que receberiam sem querer as ações e não saberiam o que fazer (como declarar IR, por exemplo) e coisas do tipo.

Vale ressaltar que a adesão ao programa não é compulsória, não vai aparecer uma ação na conta do cidadão "do nada". Quem quiser, pede. Provavelmente (saberemos no dia 9) no pedido o investidor apontará em que conta de que corretora deve ser alocado o ativo. Talvez seja necessário que o investidor abra uma conta no Nu Invest, mas a plataforma está "fora" da campanha. 

Para mais informações sobre a campanha, intitulado NuSócios, acesse o Blog do Nubank.

Prospectos diferentes

Ainda sobre os IPOs, agora entrando em algo mais técnico, vale destacar algumas mudanças identificadas pelo site Brazil Journal.

Sobre a relação da cantora e empresária Anitta com a empresa, da qual é conselheira, o prospecto em inglês, encaminhado à SEC, detalha o contrato de R$ 36 milhões com a empresa Rodamoinho, controlada por Larissa Macedo Machado (Anitta), foi fechado em 30 de junho de 2021, com duração de cinco anos, em troca de serviços de marketing e publicidade. Já o prospecto em português economiza palavras e sequer cita o nome de Anitta (ou Larissa).

Outro fato importante que foi amplamente divulgado, mas parece ter sido esquecido nos prospectos, é o tamanho da participação da Berkshire Hathaway, de Warren Buffet, que aportou US$ 500 milhões há poucos meses. Segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal,  "o investimento de Buffett foi na forma de preferred equity [um tipo de dívida com retorno garantido], e não common stock, a ação ordinária, que expõe o investidor 100% ao risco do negócio".

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