Há muito tempo venho dizendo que o brasileiro não gosta de futebol, gosta de vencer mesmo que seja a qualquer custo.
Dois exemplos que confirmam minha opinião:
1) Quando o time vai mal das pernas, faz campanha ruim em qualquer competição foge do estádio e vai fazer coisa melhor do que ver um time ruim, mesmo sendo este time sua paixão.
2) Derrotar um rival, ou não, com um gol de mão tem valor incomensurável, pois o importante é vencer.
Este comportamento faz parte da cultura do brasileiro, aquele que gosta de levar vantagem em tudo, a qualquer preço, como furar fila em banco, ultrapassar pelo acostamento, ludibriar o caixa do supermercado e ao mesmo tempo reclamar da corrupção, vestir um pano verde e amarelo e gritar pelas ruas, FORA FULANO ou SICRANO.
Não gosto, mas sou obrigado a citar o Primeiro Mundo, a civilização inglesa, oposta à nossa e os exemplos dados ao mundo neste meio de semana, até como comparativo.
Na decisão das quartas de final da Champions, dois ingleses disputavam vaga para a semifinal. O poderoso Manchester City, em casa precisava reverter contra o Tottenham desvantagem de um gol para classificar. Casa cheia, jogo eletrizante nos minutos finais, a vitória por 4x3 era insuficiente. Aos 48 o City conseguiu o gol da classificação para delírio no Estádio.
O árbitro foi alertado que poderia ter sido irregular, chamado pelo VAR verificou as imagens e anulou o gol. Tottenham classificado.
Aonde quero chegar, a civilização inglesa chega a emocionar, não houve invasão de campo, os jogadores derrotados saíram normalmente de campo sem qualquer reclamação sobre a decisão final.
Algumas horas depois vimos exatamente o contrário na decisão do campeonato gaúcho. Num lance na área do Internacional o lateral do Grêmio foi puxado pelo calção, árbitro deu sequencia à jogada, mas foi alertado pelo VAR sobre uma possível falta.
O árbitro examinou as imagens e marcou o pênalti. Certo ou errado tomou a decisão que achou mais correta. Estabeleceu-se o caos.
O jogo ficou parado quase 10 minutos, D’Alessandro, ídolo colorado, foi expulso sem mesmo estar em campo, pois quase agrediu o quarto árbitro. O técnico, também expulso, teve que ser retirado pela polícia, espetáculo deprimente que mostra o grau de civilidade que vemos quase toda hora no futebol brasileiro.
Termino com o que disse Pep Guardiola, técnico do Manchester City: “O VAR foi cruel, estávamos comemorando, MAS foi impedimento. Eu sou a favor da justiça no futebol, a favor das decisões certas”.
Só para completar, alguns jornalistas brasileiros com grandes espaços na mídia que trata do futebol são contra o VAR. Preferem e injustiça, naquela de vencer a qualquer preço. Ao mesmo tempo brigam pelo fim da corrupção.