Thiago Ávila*
Neste final de semana a Formula-E retornou à Cidade do México para a disputa da quarta etapa do campeonato, agora com o acréscimo de mais um brasileiro no grid. Felipe Massa, Nelsinho Piquet, Lucas Di Grassi e agora Felipe Nasr. Se faltam tupiniquins na Formula 1, na principal categoria de carros elétricos tem de sobra. Nasr, que teve uma passagem discreta pela Sauber na F1, chega para substituir o alemão Maximilian Günther, na equipe Dragon.
E o dia vinha sendo de brasileiros, com Massa e Nelsinho indo muito bem nos treinos livres, até chegarem ao classificatório e ficarem em 3º e 11º, respectivamente. Di Grassi foi ainda melhor e conseguiu a segunda posição. Já Nasr foi mais discreto, 14º, mesmo assim ainda ficou a frente de seu companheiro de equipe. Mas o cara da vez não é brasileiro: Pascal Wehrlein. O alemão da Mahindra, na sua terceira corrida na categoria, vem mostrando que não é novato, e conquistou a pole position.
Na largada, Wehrlein mantém a frente, Di Grassi fecha Massa e os dois acabam perdendo posição para Oliver Rowland, da Nissan. Vindo forte logo atrás, Sebastien Buemi passa Félix da Costa e Massa, e pula para quarto. Mas tudo para quando na quarta volta Nelsinho acerta em cheio o carro de Vergne na reta e seu carro voa no muro. Com diversos destroços na pista, a bandeira vermelha é acionada.
Meia hora depois a corrida recomeça com mais tempo que o ideal, Wehrlein seguia na ponta, seguido de Rowland, Di Grassi, Buemi, da Costa e Massa. Felipe começa a perder posições gradativamente e faltando dez minutos para acabar ele já era o nono. E só não esquecendo do outro brasileiro: Nasr era o último.
A luta pela vitória se reduz a cinco pilotos, todos muito próximos, qualquer erro podia comprometer a prova, qualquer saída de traçado para abocanhar o modo ataque – dispositivo que dá mais potência ao carro - poderia resultar em perdas de posições. O primeiro, logicamente, foi da Costa, já que o português nada tinha a perder. Buemi foi o segundo, e por pouco não perde a posição. Di Grassi veio depois, mais tranquilo, já que o suíço e o português perderam tempo na disputa por posição. Rowland foi depois, mas demorou demais para frear na curva seguinte e o brasileiro conquista a segunda posição.
Conseguindo se distanciar dos demais, a briga reduziu a apenas dois pilotos: Wehrlein e Di Grassi. O alemão, virando voltas excepcionais, sem cometer sequer um erro, consegue pegar o modo ataque, mas não se distancia do Audi. Na última volta, a diferença era de menos de três décimos. Di Grassi puxa para a esquerda na curva 1 e Wehrlein fecha a frente. A bateria dos dois carros da Nissan – Rowland e Buemi – se esgota, aparentemente um erro mal calculado da direção de prova no acréscimo do tempo após a bandeira vermelha.
Wehrlein vem com 1% de bateria, Di Grassi com 2%. Os dois se tocam e o alemão é forçado a cortar caminho. Na reta final, a bateria de Pascal acaba e num último suspiro de velocidade joga seu carro para cima do brasileiro, que consegue desviar numa manobra espetacular e ultrapassá-lo NA LINHA DE CHEGADA!
O piloto da Mahindra acaba sendo punido por cinco segundos por corte de curvas e cai para sexto. Da Costa herda a segunda posição e Edoardo Mortara, companheiro de Felipe Massa, fica com a terceira. Adversários na briga pelo título, D’Ambrosio é quarto e Bird apenas o nono. Na entrevista, Di Grassi afirma ter sido a melhor corrida de sua carreira, a mais disputada também. O piloto, bem abrasileirado, até tirou a camisa e jogou para a torcida na hora do pódio, só não tomou cartão amarelo porque não tem nada disso em corrida de carros.
Com o resultado, Lucas pula para a quarta colocação com 34 pontos. D’Ambrosio assume a liderança com 53 pontos, seguido de Félix da Costa, 46, e Sam Bird, 45. Wehrlein fecha o top-5 com 30 pontos. Nos construtores, a Mahindra é líder com 83, seguido da Virgin e BMW. A Formula-E volta dia 10 de março em Hong Kong.
*Thiago Ávila, Estudante de Jornalismo da PUCRS