Thiago Ávila *
Neste sábado deu-se a largada para a quinta temporada da principal categoria de carros elétricos, em Ad Diriyah, na Arábia Saudita, agora com um novo carro, novas regras, novas marcas e corridas mais dinâmicas.
Para começar, o novo conceito do carro, chamado de Gen2 (Geração 2), mais robusto, as rodas escondidas e a introdução do halo, a proteção para a cabeça que estreou na Formula 1 este ano, compõe o design do veículo. Além disso, o carro tem potência máxima de 250 kW e pode chegar a 280 km/h, 50 km/h mais rápido que o da temporada passada. As baterias também duram duas vezes mais, e não é mais necessário fazer a troca de carro, algo que era marca registrada da categoria até a temporada passada. Com isso, as corridas passam a ser controladas pelo tempo de 45 minutos e mais uma volta, e não mais com um número estipulado de voltas.
Foi incluído também um novo modo para dar mais velocidade aos carros durante a corrida e deixar as provas mais dinâmicas: o chamado “Attack Mode” ou o modo Mario Kart, como o CEO da categoria Alejandro Agag gosta de chamar. Esse modo consiste em o carro passar por uma área fora do traçado recomendado e ganhar uma potência extra na qual ele utiliza por dois minutos e pode gerar diversas ultrapassagens.
Falando no grid, vemos a chegada de três novas montadoras: A BMW principal patrocinadora da Andretti; a Nissan substituindo a Renault no time da e.Dams; e a chegada da Mercedes com nome de HWA. Entre os pilotos, vimos a estreia de Felipe Massa pela equipe Venturi depois de 16 anos na F1. Além dele, Stoffel Vandoorne, Gary Paffett, Maximilian Günther, Oliver Rowland e Alexander Sims fizeram sua primeira corrida com carros elétricos.
Mas quem se destacou mesmo foram os nomes de António Félix da Costa e Jean-Éric Vergne, o campeão da última temporada. O português, de BMW Andretti, já havia andado muito bem nos testes em Valência e conquistou a pole position em Riyadh, ao lado do argentino ‘Pechito’ López, seguido de Buemi, Vandoorne e Vergne. O treino também foi marcado por diversas punições por passar do limite de 250 kW de potência, que comprometeram principalmente as posições de Lucas Di Grassi e Sam Bird, que tiveram suas voltas anuladas.
Na corrida, o que se viu foi um domínio intenso das Techeetah, com o novo apoio da DS/Citroën - que antes montava os carros da Virgin – com Vergne pulando logo para segundo e fazendo frente com Félix da Costa, e Lotterer saindo de sétimo engolindo todos que via pela frente. O francês, vindo mais rápido volta a volta, assume a ponta faltando 26 minutos para acabar, e dez minutos depois é a vez de seu companheiro ganhar a posição do português.
Não muito tempo depois, Vergne, Lotterer, Massa, Sims e Paffett sofrem punições de drive-thru por conta do uso do Regen: os pilotos recuperaram mais energia que o permitido. A vitória triunfal da DS Techeetah naufraga. O francês volta em quarto e o alemão, em sétimo.
Dois minutos mais tarde, ‘Pechito’ López acerta o muro e o Safety Car é acionado. Os carros da DS Techeetah se juntam ao pelotão da frente voltam a sua corrida de caça à vitória. Vergne ultrapassa Buemi logo na relargada e em seguida, usa bem o modo ataque para ganhar a segunda posição de d’Ambrosio. Na última volta, o francês já se aproximava a menos de um segundo de Félix da Costa, e o português só conseguiu se manter por usar o fanboost - uma potência extra dada aos cinco mais votados de uma enquete realizada no site da F-E.
António Felix da Costa põe a BMW no topo pela primeira vez na categoria – na verdade logo na corrida de estreia – e o português conquista sua segunda vitória na F-E. O atual campeão Jean-Éric Vergne e Jérôme d'Ambrosio, da Mahindra, fecham o pódio.
Uma temporada que começa interessante, com Vergne ainda mais afiado, Félix da Costa mostrando ter um ótimo carro para lutar pelo título e Lotterer correndo por fora como uma terceira força. 2019 promete...
* Thiago Ávila, Estudante de Jornalismo da PUCRS