É possível que, após o período da pandemia, o Brasil venha a se tornar um lugar mais violento, devido a uma série de fatores que acabam girando em torno de emprego renda necessária. Apesar disso, de acordo com o coronel Márcio Cabral, a implementação bons programas de prevenção social podem ajudar a manter as estatísticas de segurança estáveis, diminuindo a violência no país.
“A um ouvinte que me questionou sobre o aumento da violência após a pandemia, respondi com três orações com as seguintes reflexões: tiraram o emprego e ele resistiu; tiraram a comida e ele resistiu; tiraram a esperança e ele se entregou ao crime. Essa sequência de orações quer dizer que, talvez não percebamos, mas mais dia menos dia, a conta da violência chega”, declarou.
Cabral reforça que a cultura delinquente, que acredita que o crime é compensador, demora a ser constituída mas que, sem dúvida, tem como ponto de partida a desorganização social. Essa desorganização pode começar na ausência de trabalhos a disposição e culminar, por exemplo, na perda de esperança.
“Imagine um jovem pai de família, ou que ainda não possui família, que de repente perde o emprego. A partir daí, em tempos de pandemia ou posteriores, ele fica sem recursos financeiros. Após isso, começa a se desfazer de qualquer bem que por acaso venha a possuir para que consiga pelo menos alimentar sua família. Não conseguindo mais sequer alimentar, ele vê escapar pelas mãos a única coisa que resta da sua dignidade: a esperança. Sem que percebamos, o crime pode ser o único caminho que devolva a ele tal esperança. Mas a volta dessa situação é quase improvável”, disse.
O coronel destaca a importância de se reafirmar programas de apoio social à toda a população , baseado sempre na educação, para que situações como essa não venham a ocorrer. Qualquer mínimo apoio financeiro, desde que o suficiente para se viver, ajuda a manter um país com menos incidência de crimes.
“Cada vez que vejo alguém falar que um programa de renda mínima é algo apenas pastoril e populista, vejo que não entende nada de condição precária de vida e, muito menos, da natureza da construção da violência. Quando vejo alguém falar que o imenso abismo de desigualdades do nosso país é construção apenas de discursos dissonantes da realidade, e que a redução desse abismo passa apenas pelo aumento da vontade, foco e persistência, vejo que não entende nada das desiguais condições de oportunidades a qual nosso país está submetido”, ressaltou.