No dia 15 de março último a única Escola de Balé Bolshoi fora da Rússia comemorou 22 anos no Brasil. Foi uma das primeiras obras de um visionário que viria a revolucionar Santa Catarina: Luiz Henrique da Silveira era ainda prefeito de Joinville quando o Bolshoi Brasil foi inaugurado no ano 2000, depois de uma rigorosa seleção feita pelo então diretor artístico do Teatro Bolshoi, Alexander Bogatyrev, que saiu pelo mundo em busca de uma cidade que pudesse reproduzir as mesmas características da Escola Coreográfica de Moscou. Graças a LHS, o Brasil e Santa Catarina tiveram esse privilégio.
Trazer o Bolshoi para SC foi o primeiro passo dado por Luiz Henrique para “internacionalizar” Joinville e depois toda Santa Catarina, quando elegeu-se governador em 2002, com uma proposta revolucionária de descentralização do Estado, que incluía um ousado programa de logística – cinco portos, aeroportos internacionais e regionais, duplicação da BR-101 no Norte ao Sul, tecnologia e inovação, atração de investimentos, transformação de SC num destino turístico para o país e o exterior – e a chamada “internacionalização”, que também acabou acontecendo. LHS tinha outros planos, como por exemplo a duplicação de outras rodovias federais, mas não conseguiu executar – e, apesar de todas as vitórias, confessava sentir-se frustrado por não ter feito em sete anos tudo o que desejava para toda Santa Catarina.
A vinda do Bolshoi para o Brasil e para o Joinville tem a marca registrada do estadista. Não só por ter unido duas nações e transformado o Brasil numa referência para as artes no mundo cultural planetário, mas também pelas centenas de profissionais que passaram por oito anos de estudos e hoje atuam em companhias do Brasil e do mundo. E novas crianças começam as aulas todos os anos para realizar sonhos e transformar suas vidas por meio do balé.
Numa reportagem que escreveu sobre os 22 anos do Bolshoi Joinville, o jornalista Hassan Farias, do portal NSC Total, conta a história de duas dessas crianças – um relato emocionante. Ana Luisa de Araújo Oliveira, de 11 anos, e Pedro Souza Lima, de 9 anos, saíram da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, para morar em Joinville. Eles estão entre os 20 meninos e 20 meninas que começaram o ano letivo no início deste mês.
Não é preciso dizer aqui quais eram as condições de vida de Ana Luisa e Pedro na Cidade de Deus – um dos lugares mais violentos do mundo. A mudança para Joinville transformou tudo. “O que mais me impressionou até agora foi que a escola é muito organizada e que eles dão muito amor no que fazem. É uma coisa mágica”, disse Ana Luiza ao repórter Hassan Farias. Ela e Pedro vão estudar como bolsistas do Bolshoi durante oito anos, durante o Curso de Dança Clássica. Além de ensino gratuito, eles recebem benefícios como alimentação, transporte, uniformes, figurinos, assistência social, orientação pedagógica, assistência odontológica preventiva, atendimento fisioterápico, nutricional e assistência médica de emergência/urgência pré-hospitalar.
A história de Ana Luisa e Pedro é como a história do Bolshoi no Brasil e como a história de Luiz Henrique da Silveira: a transformação da vida pela arte, pela cultura, pela gestão pública eficiente, que realiza obras com visão de futuro, em parceria com os empreendedores da iniciativa privada. Os 6 mil metros quadrados do Centreventos Cau Hansen que Luiz Henrique destinou ao Bolshoi são o palco da esperança, onde anualmente se realiza o maior festival de dança do planeta. Este é o Brasil que queremos, é a Santa Catarina que queremos.
Artigo assinado por: Vinícius Lummertz – Secretário de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo e ex-ministro do Turismo.