Aos nove anos de idade, Cleicio Poleto Martins, já trabalhava. Ele ajudava a colher algodão na sua cidade natal, a pequena Centenário do Sul, no interior do Paraná.
Aos 10, era cobrador em uma contabilidade, aos 11, em uma oficina do tio, aos 12 foi contratado pela cooperativa agrária dos cafeicultores já com carteira assinada.
A vida do paranaense, radicado em Santa Catarina, é marcada pelo trabalho. Trabalho este que o credenciou a assumir e hoje comandar a Celesc. Estas e outras histórias ele contou a Adelor Lessa no programa Nomes & Marcas da Rádio Som Maior deste fim de semana. “O meu pai trabalhava como funcionário público na prefeitura, a minha mãe era professora. O meu pai comprou uma kombi em 1987 para levar os alunos para uma cidade vizinha que tinha uma indústria forte de álcool e açúcar, tinha uma usina de cana onde a renda per capita era maior. Então, tinha algumas crianças que estudavam lá. Quem tinha poder aquisitivo maior era quem trabalhava no Banco do Brasil, médico, dentista e como o meu pai conhecia bastante gente, se propôs a comprar este carro para levar os alunos. Eu comecei a ir com ele porque eu ia abrir a porta da kombi. O pai chegou e conversou com o diretor da escola que queria que eu estudasse lá também, mas não tinha como pagar. O diretor disse para eu estudar e que meu pai pagasse quando pudesse”, recordou.
A constante busca pelo conhecimento
A constante busca pelo conhecimento fez Cleicio se destacar na turmo e despertou a vontade de ingressar na faculdade. “Sempre gostei de estudar, nunca tive dificuldades em ir em busca do conhecimento, a partir dali imaginava ter uma qualidade de vida um pouco melhor do que os meus pais tinham e podiam me proporcionar. Me tornei um dos melhores alunos da sala e decidi fazer uma faculdade, porque até então eu não pensava em fazer uma faculdade. Era a época do Ayrton Senna, eu era fã dele, tinha trabalhado na oficina do meu tio, então decidi fazer Engenharia Mecânica. Muito audacioso, olhei a melhor faculdade do país, que estava em Florianópolis. Então, vim para Santa Catarina em 1994, conheci a minha esposa, me enraizei, fiz muitos amigos, tenho amigos em Siderópolis, Criciúma, Tubarão. Terminei a faculdade em 1999 e pensei, o que faço agora? Era um momento difícil. Dos 50 que entraram na faculdade comigo, 29 se formaram, devido à necessidade de trabalhar. O desemprego estava alto, muita dificuldade em conseguir emprego. Então, veio a oportunidade de fazer um concurso na antiga Gerasul e vim trabalhar em Tubarão, ali comecei a minha carreira depois de graduado, fiquei no Complexo Termelétrico Jorge Lacerda até 2008 e fui contratado pela Vale que criou uma diretoria de energia e fui como gerente para ajudar a estruturar esta diretoria”, comentou.
Porém, Cleicio estava destinado a voltar para Santa Catarina, e novamente para Tubarão. Dois anos depois, ele estava novamente atuando na Usina Jorge Lacerda. Na maior cidade da Amurel, ele conheceu uma pessoa, tornaram-se amigos e este fato fez os seus caminhos mudarem novamente. “Quando comprei meu terreno em Tubarão, conheci o Carlos Moisés da Silva, criei uma amizade e nunca imaginaríamos governar o estado como ele tem feito e eu na maior empresa do estado, então as nossas responsabilidades são bem maiores do que quando éramos vizinhos e anônimos. Depois de algumas semanas após ser eleito ele me ligou em um sábado de manhã e me fez o convite para assumir a Celesc. Eu disse que iria, mas falei: você me conhece. Tenho uma diretriz muito clara no que reza a sociedade, colocando a sociedade em primeiro plano. Tendo em vista que eu estaria em frente a uma empresa e ele de um estado a fim de dar sustentabilidade econômico financeira e social e isso iria de encontro a alguns interesses. Eu não tenho vaidade nenhuma em estar a frente de uma empresa como esta, eu tenho, sim, responsabilidade, porque uma decisão incorreta que a gente toma atinge toda a sociedade, já que a Celesc está em 90% das cidades de Santa Catarina”, relatou.
Confira o programa Nomes & Marcas com diretor presidente da Celesc, Cleicio Poleto Martins, na íntegra: