A morte de Luiz Carlos Cancellier, reitor da UFSC, tortura-nos nas ondas dos maremotos, com que se agigantam as incertezas no oceano brasileiro. A Nação parece querer reconstruir a razão, nulificar os princípios milenares da ética, em nome de vaidades exacerbadas, de autossuficiências e do querer atropelar soluções para os problemas que entorpecem a sociedade, entre os quais a corrupção epidêmica.
Luiz Carlos Cancellier, o Cao, era o espírito de conciliação que recolocava a UFSC nos trilhos do diálogo, da compreensão, da sinergia. E foi interrompido sob a acusação de obstruir investigação.
Senhora Juíza, a sociedade catarinense, a qual a senhora passou a integrar por força de um compromisso profissional, exige respostas. Se Cao cometeu crime, então que o explique para que possamos nos despir de emoção, mergulhar na razão e darmos a ele o conceito final de avaliação, como requer a própria Universidade.
Não poderemos, contudo, nos silenciar pela morte do reitor. Não!
Cao foi proibido de circular dentro da Casa que ele amava. E agora, ele vai poder retornar ao Campus da UFSC?
* Laudelino José Sardá é jornalista, professor e escritor. Foi editor-chefe do Jornal “O Estado” e comandou a Coordenadoria de Comunicação Social da UFSC na década de 1980.