Em seu comentário desta terça-feira (12), Archimedes Naspolini Filho falou sobre a volta da União Democrática Nacional (UDN). Lembrou que a missão em Santa Catarina ficou para Júlio Lopes, antes um dos líderes do PSL. Para ele, esta será uma sigla para a defesa do conservadorismo, como foi no passado.
Ouça o comentário na íntegra:
Confira o texto na íntegra:
A notícia não deixa de ser boa e procede da cidade de Lages. E Lages foi escolhida não por provocação à Nação pessedista, mas por ser o centro geográfico do nosso estado. Estão refundando a UDN, a União Democrática Nacional, um dos partidos mais à direita que o Brasil comportou. Com todos os demais partidos de então, foi extinta em 1965 por força de ato institucional no governo de Castello Branco. E eu, meu caro Adelor, venho insistindo em afirmar que a UDN é uma defunta insepulta não mal cheirosa.
Coube ao Dr. Júlio Lopes, até recentemente um dos líderes do PSL, o 17, de Bolsonaro, que deixou essa agremiação inesperadamente, ligar o motor e dar a partida: os udenistas, do Peperiguaçu ao Atlântico, acorreram ao chamado e estiveram reunidos na cidade dos Ramos pessedistas, Lages, no último sábado.
Insisto em falar dos pessedistas porque, aqui em Santa Catarina, a luta mais renhida entre quaisquer agremiações políticas era a travada pelo PSD contra a UDN e vice-versa. De um lado, os Ramos, de Lages. Do outro, os Konder Bornhausen, de Itajaí.
A UDN, em nível nacional, se caracterizou pela ferrenha oposição ao getulismo, exercitada, especialmente, no Congresso Nacional corporação na qual só perdia para o temido adversário, o PSD, sempre majoritário nas duas casas do Poder Legislativo central. Apenas em 1962 a UDN deixou de ser a segunda bancada na Câmara Federal, quando perdeu para a dos trabalhistas, estes geralmente alinhavados com os pessedistas.
Aqui em Santa Catarina a UDN participou de todos os pleitos eleitorais em busca da cadeira de Lauro Müller, mas só alcançou seu intento com Irineu Bornhausen, em 1950, que nos governou de 1951 a 1956. Heriberto Hülse também era udenista mas era vice-governador e chegou ao governo em decorrência da tragédia aérea ocorrida em 1958, nas proximidades do aeroporto de São José dos Pinhais, quando o titular, Jorge Lacerda, do PRP, perdeu a vida.
Outros da família udenista também nos governaram, mas já sob o manto da Arena – e esta é uma outra conversa.
Como expoentes do udenismo catarinense despontam Irineu e Jorge Bornhausen, Genésio de Miranda Lins, Max e Pedro Colin, Konder Reis, Bulcão Viana, Heriberto e Ruy Hulse, Aroldo Carvalho, Laerte Ramos Vieira, Tupy Barreto, Álvaro Catão, Fernando Viegas, Waldemar Rupp e Diomício Freitas, dentre tantos outros.
A UDN que passou a ser gestada em território catarinense foi fundada em 7 de abril de 1945, exatamente no momento da redemocratização do Brasil, finda a Ditadura de Vargas. Esteve presente em todos os pleitos eleitorais disputando a presidência da República, nunca obteve êxito, embora, em 1960, tivesse chegado ao Planalto, com o fujão Jânio Quadros, do PTN, com o qual se coligara.
Seus antigos e consagrados oradores não cansavam de argumentar, nas tribunas e fora delas que “de nada valem as formas de governo se é má a qualidade dos homens que nos governam”. E adotou, como lema, uma tocha olímpica com as labaredas e a célebre frase que teria sido pronunciada pelo então presidente dos Estados Unidos da América, Thomas Jefferson: “O preço da Liberdade é a Eterna Vigilância”.
Seus expoentes máximos, personagens diários da Voz do Brasil, fizeram história, como Otávio Mangabeira, Juarez Távora, Clemente Mariani,
Antônio Carlos Ribeiro de Andrade, Virgílio de Melo Franco, José Antônio Flores da Cunha, Carlos de Lima Cavalcanti, Juraci Magalhães, Gabriel Passos, Ernani Sátiro, Pedro Aleixo, Milton Campos, Mello Franco, Bilac Pinto, Magalhães Pinto e, a maior língua felina contra Getúlio Vargas, o jornalista e deputado Carlos Lacerda.
Júlio Lopes não prega prego sem estopa. Podemos esperar: vem aí alguma coisa nova que vai dar uma sacudida nos alicerces da vida política barriga-verde. A presença de delegações de dezenas de municípios, a Lages, e os novos encontros já programados a partir do próximo final de semana, nos permitem essa afirmação.
O cenário atual é perfeito e está desenhado para as atividades da UDN: partido conservador, partido da direita, partido que gosta dos militares, partido que fará parte da frente política de apoio ao atual governo federal.
E, até a formatação da Comissão Provisória e sua transformação em Partido Político, a UDN, em Santa Catarina, estará sob o comando do nosso munícipe Dr. Júlio Lopes.
Os que aguardavam o advento de uma sigla de intransigente defesa do conservadorismo e os caminhos da direita, a UDN chega como um prato cheio. É só se servir!
E que todos comecemos o dia como queremos termina-lo! Bom dia!