Servidores de Criciúma se reuniram nesta segunda-feira, dia 30, na sede do Sindicato dos Químicos. Na pauta, o repúdio à declaração do prefeito Clésio Salvaro, em que chamava os trabalhadores de “cambada de vadios", após eles manifestarem em frente à prefeitura. Também, no encontro, foram explanadas as reivindicações da classe - que busca o reajuste e a equiparação salarial no município-, bem como um diálogo mais claro com o Executivo.
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Durante o encontro, a presidente do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Criciúma (Siserp), Jucélia Vargas, explicou que os trabalhadores buscavam melhores condições de trabalho quando foram à prefeitura na semana passada.”Quando qualquer categoria vai fazer a sua manifestação, faz na frente da sua empresa. A empresa do servidor público é a prefeitura. Ninguém ocupa o que é seu, ninguém invade o que é seu”, enfatiza.
Horas depois da manifestação, os servidores de Criciúma foram surpreendidos com um vídeo do prefeito Clésio Salvaro, diretamente de Florianópolis, onde chamava os trabalhadores de “cambadas de vadios”. Desta vez, inclusive, o chefe do Executivo disse que “o meu sonho é ver vocês um dia trabalhando”, referindo-se à classe e ao movimento realizado no Paço Municipal.
“Não invadimos a prefeitura. Realizamos o papel que é de tarefa do sindicato. Atender, acompanhar e lutar por melhorias das condições de trabalho dos seus representados. Nós cumprimos um papel primordial que foi nos concedido a partir da nossa luta”, acrescenta a presidente do Siserp. “Ele [Clésio Salvaro], desrespeitosamente, se dirigiu aos servidores e servidoras, não só ao movimento sindical”, completa.
Mais de 1,2 mil ações ajuizadas contra o prefeito
Angélica Zenato, advogada do Siserp, também esteve presente no encontro e revelou algumas das ações ajuizadas contra o prefeito Salvaro. “São diversas, desde uma equiparação salarial de um servidor concursado, que assume uma função; e um servidor comissionado que faz a mesma função e ganha três vezes mais, por exemplo. Também servidores que foram afastados por Covid-19, internados na UTI por 60 dias, e que tiveram seus salários descontados”, comenta.
Trabalhadoras gestantes também foram prejudicadas, afirma a advogada. “Temos servidoras grávidas contratadas como professoras ACTs, que são dispensadas. É o único município que tem essa atitude. É absurdamente desumano. Tive relatos de mulheres que no hospital receberam telefonema do RH para falar da dispensa. No dia em que estavam tendo os filhos. Partos prematuros, crianças em UTI e as mães sendo dispensadas”, acrescenta Angélica.
A advogada também relata que há ações com relação a progressões de servidores. "[Por exemplo], o servidor completou cinco anos, teve suas avaliações, mas o município não cumpre automaticamente nenhuma promoção. O trabalhador entra com o pedido administrativo e, simplesmente, não é respondido. Todas as promoções são necessariamente ajuizadas. É uma situação absurda, de desrespeito”, pontua.
Angélica também alega que o município de Criciúma não cumpre com o piso mínimo salarial. Essa, inclusive, é uma das principais reivindicações. “Com o repasse que o prefeito fez, o professor de Criciúma começa ganhando R$ 3,4 mil, enquanto a Lei Federal diz que teria que ser R$ 3,8 mil”, finaliza a advogada.
A reportagem do Portal 4oito entrou em contato com a Assessoria de Imprensa da Prefeitura de Criciúma para obter o contraponto, no entanto, o Governo Municipal alegou que não deve se manifestar.