Ninguém deve ser endeusado. Ninguém. Seja ele político, jogador de futebol ou membro do Judiciário. Seja ele Lula, FHC, Neymar ou Sergio Moro. No entanto, na Política vivemos um momento de extremos e de polarização. O maniqueísmo político leva a sociedade a uma cegueira coletiva. Bem ou mal. Certo ou errado. E é exatamente em momentos como esse que buscamos um salvador, alguém que possa guiar a sociedade a um patamar melhor, de unidade. Também é nesse momento que o perigo é maior e que surgem oportunistas, bons de conversa e que, com uma boa estratégia de marketing, conseguem assumir essa identidade de “salvador”.
A Política não precisa de deuses, mas de pessoas que estejam realmente dedicadas a servir, serem cobradas e darem exemplo. Votamos em políticos que prometem muito, mas fazem pouco, que são peças criadas para representar o que não são. Temos de mudar nossa forma de votar e de avaliar nossos candidatos. A compra de voto é uma realidade, mas o político sem caráter só compra o que está disponível para venda.
Nossa sociedade precisa de uma mudança cultural em relação ao voto e começar a olhar o eleito como um contratado seu. Ao dar seu voto, você está contribuindo para que aquele candidato a uma vaga dedique quatro anos de sua vida trabalhando para você. Ao encontrar um eleito ou candidato, não o veja como o “popstar” da televisão, mas cobre atitude, postura e trabalho, como se ele fosse seu funcionário (e o é).
Imagine-se dono de uma empresa. Quem você quer contratar? O mais preparado? Ou o que representa apenas seus próprios interesses?
É neste sentido que precisamos votar melhor. Deixar de lado o endeusamento político e aquela forma atrasada e superficial de avaliação de um candidato somente por sua simpatia, por seu carisma, por sua forma clientelista de ver o eleitor. E fazer se consolidar um eleitor mais consciente de que eleger alguém é como uma contratação, e que o eleito deve sim prestar o melhor serviço para você, cidadão.
* Administrador Público e Jornalista