Um ano depois, nada mais se fala do mega assalto, mas do Matteo…
Era 30 de novembro 2020, segunda-feira.
Tudo se encaminhava para um fim de noite tranquila em Criciúma.
Nem se imaginava o que viria pela frente.
Pouco antes da meia noite, 23h40, pelo menos 30 criminosos fortemente armados (armas de grosso calibre, embarcados em 10 caminhonetes pretas, chegaram na frente do Batalhão da Polícia Militar, atravessaram um caminhão no portão de acesso, colocaram fogo nele e começaram a disparar contra o prédio.
Ao mesmo tempo, sem saber o que estava acontecendo, minha filha Alice e Beto, o seu marido, arrumam as malas para pegar o caminho da maternidade. Matteo havia avisado que iria chegar.
Foram para o hospital da Unimed, que fica a poucos metros do Batalhão da PM.
Perto do hospital, cruzaram por duas das caminhonetes pretas, em alta velocidade.
Nem por longe imaginavam de quem se tratava.
Beto só registrou que estavam em alta velocidade.
Quando chegaram, o hospital estava sendo fechado. Por causa do ataque.
E praticamente na mesma hora dava entrada o soldado Esmeraldino, baleado pelos bandidos.
Horas inesquecíveis, intermináveis, se seguiram.
Os bandidos eram mais ou menos 30, usaram 200 quilos de explosivos, fuzis 556 e 762, metralhadora ponto 50, capaz de derrubar aviões.
Era meia noite, já entrando no dia 1 de dezembro, quando o grupo tomou conta do centro da cidade.
Sitiaram ruas, abordaram veículos, e passaram a dar tiros para o alto.
Trabalhadores da limpeza pública foram feitos reféns, obrigados a permanecer sentados no meio da rua, como um “cordão humano”, próximo à agência do Banco do Brasil, alvo da operação.
Na maternidade do hospital da Unimed, Alice começou preparação para o trabalho de parto, pouco sabendo do que acontecia lá fora.
Porque o foco era receber bem o Matteo.
Os bandidos entraram no banco, explodiram o cofre da agência, roubaram em torno e R$ 100 milhões e foram embora em comboio.
Até hoje, nada do dinheiro foi recuperado, nem as armas encontradas.
Alguns foram presos, mas pegar o fio da meada, se mostra cada vez mais improvável.
Pouco ou quase nada surgiu de novo sobre o assalto.
Especulações, suposições, possibilidades, e só.
De outro lado, do Matteo, várias historias por dia, em apenas um ano.
Uma criança saudável, linda, feliz, carismática, inteligente.
Coisa de jornalista, quando nasceu a mãe dele, eu escrevi na coluna que tinha no jornal que estava com um pé na redação e outro na maternidade.
Desta vez, eu estava com um olhar no maior ataque da bandidagem à Criciúma e outro na maternidade.
É inevitável que o nascimento de Matteo fique ligado ao ataque.
Mas, que seja para firmar que veio ao mundo um homem de coragem, um guerreiro, que não vai fugir dos riscos, nem se entregar aos seus medos.
Criança tem um poder mágico sobre nossas vidas.
Netos são presentes de Deus.
Todo mundo sabe disso.
Mas, viver isso é fenomenal. Maravilhoso.
Minha primeira experiência foi Ana Frida. Hoje com sete anos, não tem como não se apaixonar.
Faz um ano, veio o Matteo. Ele é demais.
E os dois se curtem. A prima cuida do pequeno.
E o Vô, baba!!