Está na capa dos jornais da região.
Município de Morro Grande entrou, na tarde de ontem, com Ação Civil Pública contra JBS e Tramonto Agroindustrial S/A pedindo que os equipamentos não sejam retirados da unidade, que as atividades não parem e que a empresa seja administrada por um administrador judicial.
Para o descumprimento, na petição protocolada pela Procuradoria do município, previsão de multa diária de R$ 10 milhões.
Na argumentação, o Poder Público defende que investiu R$ 17 milhões para atrair o grupo a Morro Grande, sendo R$ 14,5 milhões da Prefeitura e R$ 2,5 milhões da Cooperativa de Energia Cersul. Tal investimento seria “desperdiçado” com o encerramento das operações.
Em outro trecho, o documento trata dos efeitos do fechamento, citando a situação como “caos social”, com 30% de desemprego da população, e “caos rural”, com produtores endividados após terem construído e modernizado seus aviários com o intuito de fornecer matéria prima para a JBS.
Esses efeitos são indiscutíveis, e não vieram a tona agora. Desde o anuncio do fechamento, em agosto, é divulgado e debatido em todos os meios de comunicação e associações empresariais que o fechamento da planta é uma catástrofe econômica para Morro Grande, mas vamos ver por outro lado.
Esse é o ponto ruim de ter a economia de um município atrelado a um negócio, uma empresa apenas. Não é característica apenas de Morro Grande. Vários municípios pelo Brasil se veem atrelados financeiramente a praticamente uma única fonte de renda. É o que os assessores de investimento chamam de “colocar todos os ovos numa cesta”.
E esse movimento de acionar a Justiça para evitar que uma empresa privada cesse suas atividades lembra o livro A Revolta de Atlas, publicado em 1957 pela filósofa russa Ayn Rand.
Na história, um governo corrupto e ineficiente nsiste em sobretaxar e abusa de agressivas regulações sobre os cidadãos produtivos, suas empresas e realizações individuais.
Não é esse o ponto que eu chamo atenção... É o depois, a consequencia.
Em dado momento, em resposta a essas práticas, os industriais mais importantes e bem sucedidos da sociedade decidem abandonar suas fortunas e a própria nação. É a simbologia de Atlas, o titã grego condenado a carregar o mundo sobre os ombros durante toda a eternidade, não aguentando mais o peso e desiste... larga.
A reação das autoridades, vendo seus geradores de riqueza partindo, é parecida... Com imposição de leis que impedem demissões, que proíbem que máquinas parem e tal. Chegam a destacar pessoas sem nenhum conhecimento da área para "tocar" os negócios abandonados, sem sucesso, como é de se esperar.
Sabe o que muda com todas essas intervenções e imposições? Nada.
O caos vai crescendo, os burocratas vão tentando contornar, mas não sabem produzir. Aí o país vai sendo desmontado, dilapidado e desliga. Fica no escuro. Literalmente.
Sabe o motivo?
Não tem como impor produção por decreto. Não é assim que funciona o mercado. Se não tem resultado, não tem retorno, não tem recurso, não funciona. Não anda.
E quem não sabe produzir, não produz. E sem produção, não há economia, não há empregos, não há salários, não há impostos, não há manutenção, não há serviço.
Não há... Apenas não há...