Thiago Ávila *
Nesse domingo, a Porsche Cup encerrou sua temporada 2020 com os 500 km de Interlagos. Em uma prova de 117 voltas, a equipe Farben, que é da região, mandou muito bem. Eles fizeram a pole position no sábado e lideraram mais da metade da corrida no domingo. O criciumense Jeff Giassi, que corre no simulador, fez sua estreia num carro real, e foi muito bem. Ele fez a volta mais rápida na classificação da 3.8 e até chegou a ficar em primeiro na classificação geral da prova.
A Farben só terminou em quinto pela entrada do carro de segurança na parte final da prova e também uma punição que Dimas Pimenta, outro integrante da equipe, cometeu ao cruzar a linha de saída dos boxes. Mesmo assim, a equipe do carro 14 subiu ao pódio, lembrando que este é formado pelos cinco primeiros colocados. Além de Jeff e Dimas, Enzo Elias, atual vice-campeão do Sprint da Porsche, fechou o trio.
Conversamos com Giassi, bicampeão brasileiro do campeonato virtual da marca, de provas no simulador, ele conta como foi sua experiência correndo num carro oficial da Porsche, fala das semelhanças entre correr no virtual e no real e explica a situação do Safety Car que acabou com suas chances de vitória.
THIAGO ÁVILA – Como foi a experiência de correr num carro real da Porsche?
JEFF GIASSI – Foi excepcional! O Enzo fez um coach excelente. Ele tem muita experiência, deu toda assistência para mim e para o Dimas, o Edu Bassani [chefe de equipe] fez toda a estratégia, sem falar do apoio da Farben e da Porsche, o carro é um foguete, é muito rápido.
TA – Além dos pilotos, quem também fazia parte da equipe Farben?
JG – A gente tinha dois mecânicos, o engenheiro, o estrategista, mas também tem o Dener Pires, que é o dono da Porsche Cup. Para se ter uma noção, tem muita gente envolvida. Todo mundo da Farben também, é uma equipe enorme.
TA – Quais são as diferenças de correr no virtual e real?
JG – Quando eu corri, eu reparei muito mais nas semelhanças do que nas diferenças, porque quando você sai do simulador e vai para o carro de verdade, as diferenças acabam fluindo muito naturalmente. Pelo fato de você estar ali, no equipamento, o próprio ambiente torna essas diferenças mais automáticas. O que ajuda muito são as semelhanças, então uma hora que eu estava numa disputa, eu pensava “quando estava no simulador numa disputa como essa eu freava aqui”, e funcionava. “Em uma situação de corrida que eu fiz no campeonato virtual eu tomei tal decisão” e quando eu consegui encaixar a mesma decisão no carro real acabou surtindo o mesmo efeito. Sobre as diferenças, o freio é um pouco diferente, a questão do consumo de pneus... As diferenças vêm de forma natural, não é um choque. E a questão de estratégia é muito parecido com o virtual, na análise de dados, telemetria, o estilo de pilotagem...
TA – Vocês fizeram a pole no sábado e lideraram boa parte da corrida, mas aí o Safety Car no final da corrida e ainda teve a punição. O que afetou mais o resultado?
JG – O que aconteceu no Safety Car, foram duas voltas que a gente não pode entrar nos boxes, por conta da estratégia, era praticamente obrigatório que a gente ficasse duas voltas a mais na pista. Por conta disso não deu para parar antes, e isso fez a gente sair uma volta atrás do líder, que era o Gaetano [Di Mauro], e aí veio a punição e a gente acabou ficando mesmo uma volta atrás, então foi um somatório de fatores.
TA – Então o Safety Car já havia tirado a vitória de vocês antes mesmo da punição.
JG – Sim, independente da punição, o Safety Car já havia tirado as chances de vitória, e eu sabia disso, eu estava na pista, vi o pessoal entrando nos boxes e eu perguntei “posso entrar”, eles me disseram “você não pode entrar agora, depois eu te explico”. Quando eu cheguei eles me disseram que pelo regulamento a estratégia que a gente montou eu tinha que dar mais duas voltas. Mas foi excepcional! Ficar entre os cinco primeiros na corrida de estreia é algo que eu não poderia esperar.
TA – Tem planos para correr na Porsche Cup ano que vem?
JG – Com certeza pretendo voltar, gostei muito de correr com toda a equipe que eu corri, foi um clima muito bom, um ambiente muito bacana. A questão é que depende mais de fatores externos do que minha decisão, então por mim com certeza iria de novo, agora tem que ver se terei oportunidade para estar de volta ano que vem.
*Jornalista