Quem teria que estar administrando a divisão entre os prefeitos da Amrec, a partir da divergência estabelecida sobre o que fazer na luta contra o coronavírus, era o governador Carlos Moisés.
Um degrau acima na estrutura de poder, ele tem autoridade para ratar com todos, e encaminhar o entendimento.
Mas, o Governo está ausente. Distante.
Desde o início da pandemia foi dito que o Governo do estado teria que partilhar as decisões com os prefeitos.
Mas, primeiro o Governador Moisés decidiu tudo sozinho (e decidiu certo), não tratou com ninguém, não ouviu minguém fora do governo. Ficou isolado, determinando de lá o que fazer.
Os prefeitos reagiram, e as entidades, e ele cedeu.
Mas, errou de novo porque simplesmente repassou "a bomba" para o prefeitos. E saiu do processo.
Teria que fazer o meio termo. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.
Regionalizar o assunto, mas gestão partilhada. Não apenas entregar, ou passar adiante.
Agora, os números da pandemia deixam evidente que é preciso agir.
A região está na dianteira no estado quanto aos números de contaminados, internados, e na Uti.
Mas, os prefeitos não se entendem. E Moisés desligado do assunto.
O promotor de justiça Luiz Fernando Góes Ulysseia está cumprindo o papel que cabe ao Ministério Público.
Quer critérios bem definidos, e justificativas com amparo técnico, para as decisões tomadas.
Se a Amrec decidiu por um caminho, a partir de orientação do conselho de secretarios municipais, por que Criciúma vai para outro lado?
O promotor quer que Criciúma apresente o seu arrazoado técnico.
Urussanga decidiu hoje à tarde seguir Criciúma.
Ontem, na reunião da Amrec, se posicionou diferente de Salvaro, foi a favor do decreto com mais restrições, junto com os outros prefeitos.
Mas, hoje conversou com a cidade, representantes de todos os segmentos, se convenceu que é Salvaro quem está certo, e abandonou o novo decreto.
O prefeito Jairo Custodio, do Rincão, volta amanhã ao cargo, depois do afastamento porque pegou coronavirus, e vai reunir o seu time para decidir o que fazer.
É dito no Rincão que ele pode até fazer decreto mais restritivo que o da Amrec.
Os outros prefeitos, baixaram seus decretos hoje final da tarde, com validade a partir de amanha, quinta-feira.
Criciuma está otimista com a decisao da Justiça de Joinville, que garantiu autonomia ao municipio para decidir a respeito. Vai usar o mesmo caminho jurídico.
O decreto da Amrec adota medidas para evitar aglomeração, e manda fechar os supermercados no domingo, que é o dia de menor movimento. Não parece coerente.
O prefeito de Içara, Murialdo Gastaldon, disse hoje na Som Maior que o fechamento do mercado no domingo não vai fazer aumentar o movimento, e provocar aglomeração, no sabado pela manhã, ou na sexta-feira, porque todo mundo na cidade respeita as regras, e só vai entrar um por familia no supermercado.
Se é assim, então por que fechar no domingo?
Em Brusque, a Justiça decidiu pelo alongamento no horário de atendimento nos supermercados como forma de evitar aglomeraração.
Aqui vão fazer o contrario.
Medidas tem que ser adotadas, sim, a gravidade da situação requer. Mas, tem que ser feito o necessário. Agir onde está o problema.
Os médicos sabem, porque ouvem dos pacientes, que a contaminação está acontecendo nas festas privadas, e nos bares depois da hora. Basicamente. Então, tem que fiscalizar alí, e aplicar as multas.
Mas, os prefeitos que estão agora indo para o decreto mais restritivo não querem saber de fiscalizar, de invadir festa privada, nem de aplicar multa.
Aí, não adianta só baixar decreto para fazer de conta, se não fiscalizar. E não punir.
Não adianta baixar decreto e lavar as mãos, virar as costas.
O problema é que estamos em ano de eleição, e tem prefeito que não quer fiscalizar para não ter que aplicar multa, com medo de pegar mal, e perder voto.
Só que eles correm o risco de perder votos fazendo jogada politica/e/eleitoral com uma situação tão delicada.