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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Aderbal Machado 24/02/2024 - 10:05 Atualizado em 24/02/2024 - 10:07

Uma breve lembrança.

Os “remédios” e tratamentos de antigamente nos fazem pensar. Mamãe usava “escalda pés” contra uma porção de coisas: bexiga presa, febre, dor nas costas, dor de cabeça, gripe. Mais ainda, aplicava um emplastro carregado de produtos pra mim ainda desconhecidos, aquecidos (bem aquecidos) no fogo, enfiados num pedaço de pano e colocado sobre as dores, como compressa. E passava. Havia unguentos para curar feridas, feitos de plantas do quintal.

Dona Mariquinha, esposa de Otávio Ramiro, sogra de meu irmão mais velho, benzia contra cobreiro. O cobreiro seria decorrente do contato de aranhas com a pena da gente, diziam. Ou da roupa por onde uma aranha passou. Experimentava de tudo: pomadas, álcool, vinagre e sei mais. Agente ia na Dona Mariquinha e ela, a seco, mandava baixar a calça e ia no ponto, geralmente nas partes íntimas. Com um pedaço de um mato qualquer, sei lá qual, ficava balançando aquilo e cochichando uma reza esquisita. Depois, mandava embora, sem cobrar nada. Era “missão”. No outro dia, o cobreiro estava seco. Comprovem os mais antigos, também viventes desse tipo de “medicina”.

Papai nos fez ingerir um copo de água com alho curtido, ali esmagado pela manhã e durável até a noite. Todos os dias. Todos. Reforçava as defesas do organismo. Por isso, até hoje, gripe custa muito a me pegar. Nem as comuns e nem as famosas.

Há, por certo, muitos depoimentos por aí sobre essas experiências dos tempos antigos. Muitas experiências. Tem quem saiba mais do que eu, certamente.

Digo isso tudo pra representar os melodramas atuais sobre tratamentos disso ou daquilo.

Me despeço aqui. Vou ali tomar minha água tônica com quinino. E passar pomada Minâncora numa pereba aqui.

Tchau.

Por Aderbal Machado 17/02/2024 - 07:57 Atualizado em 17/02/2024 - 10:36

Nos anos 60, o sucesso social do Araranguá, eu me desdobrando na puberdade, foi a emblemática Boate do Quitandinha. Ali, ao lado do Hotel dos Viajantes, perto da Matriz Nossa Senhora Mãe dos Homens. O dono, Alírio Monteiro (apelido Quitandinha), empresário, simpático, jogador de futebol por diletantismo, tocava seu bar na parte da frente e a boate ficava atrás. Lugarzinho pequeno e lindamente aconchegante.

Ele mesmo manobrava os discos (vinis) numa eletrola linda. Pareceria loucura hoje, num vislumbre de choque dos apetrechos artesanais d’antes e os sofisticados sistema eletrônicos d’agora. Isso favoreceu, quiçá. Exigia criatividade e discernimento. A escolha das músicas, ou repertório, era do próprio Quitandinha. Ele selecionava as músicas e a sequência sempre perfeita. Rolavam ali Pocho e Sua Orquestra, Roberto Yanés, Trio Irakitan, orquestras. Basicamente sambas e boleros. Daqueles sambas e boleros de “matar o veio”. Coisa romântica de mais da conta. 

O orgulho do Quitandinha, dito e repetido trilhões de ocasiões, era ali, naquele recanto, terem nascido romances cujo final foram muitos casamentos. Verdade. Com um detalhe fascinante: abrir às 23 ou 24 horas e ia até às quatro da matina, quando encerrava. O encerramento épico: a música “Buenas Noches mi amor”, com Roberto Yanês. Aos primeiros acordes, o pessoal começava a levantar e se dirigir à saída. Um rito inesquecível.

O duro é saber da raridade, hoje, de um Quitandinha. Ele até tentou renascer, numa dependência atrás, em separado. Mas os tempos não eram os mesmos.

Por Aderbal Machado 10/02/2024 - 07:37 Atualizado em 10/02/2024 - 07:37

Antigamente, nem tanto assim (década de 1960 e parte de 1970), vendia-se leite, pão, carne e outros alimentos em carrocinhas pelas ruas de Criciúma. Entregava-se pão amontoado em balaios. Cuidadosamente forrados com panos brancos.

A higiene, por certo, tinha lá suas restrições, embora as aparências enganassem. E isto pouco importava. O interessante era receber na porta. Havia o método do leite entregue nas portas. Inclusive a granel, dos grandes fornecedores, colocados em pequenos tonéis nas propriedades. Alguns leites “batizados” – ou seja, com misturas de água, para render mais.

Ouvi dizer, e isso se repetiu várias vezes: até piavinhas miúdas eram encontradas nos leites assim distribuídos.

Folclore? Quem sabe. Duvidar, eu? Nem um pouquinho. E sabe o que mais: ninguém, ninguém mesmo, ousava mexer ou furtar as garrafas e tonéis nas ruas. Outros tempos até nisso.

Todavia, nem ricos e nem pobres reclamavam. Isso seria absurdamente impossível hoje. A evolução sanitária impediria - como impede -, esse sistema de comodidade, com muitas razões. A saúde ganhou prioridades preventivas imensas desde então. Sabia-se de casos decorrentes do uso de alimentos assim colocados à disposição do povo? Não lembro. Quem sabe por não haver ainda esse fenômeno maluco da internet, verdadeira máquina de fazer doidos. Hoje até doenças surgiriam, alardeados pelos sanitaristas e pelos jornalistas “especialistas” ou apenas, mais provável, curiosos e de paladar mais aguçado e seletivo.

Ah, lembro-me doutra: no armazém de “secos e molhados” do Luiz Wendhausen, no Araranguá, bem no prédio da Bene Chede, pertinho de nossa casa, sacos de aniagem cheinhos de camarão salgado e pré-cozido, ficavam expostos à porta do estabelecimento, entregues à sanha das intempéries, poeira, salivas diversas – e consumidos experimentalmente por cada um passante mais ansioso. Lembro do Nadico, entregador de compras do armazém, comendo punhados daquele camarão. E o Luiz nem aí. Pois o Luiz era um bonachão, homem elétrico, sempre muito rápido nas suas movimentações e na fala. Personagem fascinante.

Em Criciúma, a Padaria e Confeitaria Brasil, do José Zacaron, tinha o Marmo. Ele corria de casa em casa, com um balaio enorme cheio de pão, entregando para “os fregueses”. Sabia quantos entregar em cada casa. Anotava e o freguês ia pagar no final do mês. Não havia pix. Sequer DOC (agora extinto, coitado), transferência. Só cheques. Papai pagava em grana vivíssima.

Eu sempre comia o pão mentalizando o cheirinho maravilhoso, expandido nos ares nas madrugadas, da produção de pães e bolachas “Araré” da Padaria do Zacaron. Os pensamentos me chegam ao final da madrugada e limiar do dia de sábado, 10, ventinho fresquinho, com prenúncio de sol causticante, como prevê a meteorologia.

Os poréns da vida me levam a ruminar saudades. E as registro com a alma lambida de provocações – como o enorme desejo de pedir, como graça a Deus, a volta às origens e aos sentimentos lindos daqueles tempos. Puros e etéreos sentimentos.
Buenas.

Por Aderbal Machado 03/02/2024 - 07:52 Atualizado em 03/02/2024 - 09:15

Relembrando a infância mais tenra, quase no pé da Serra, lá nos confins do Turvo e do Meleiro, na Boa Vistinha inesquecível, com a invasiva e benfazeja natureza açoitando de beleza e frescor nossas vidas. 
E aí fervilham saudades das estripulias dos manos mais velhos, a cavalgar no Rosilho, um cavalo “passarinheiro”, como dizia Aryovaldo, pois assustado ao extremo com qualquer detalhe esquisito no ambiente – como uma folha caindo à sua frente durante o galope. Ou do mano Agilmar a criar seus bodes carregadores, inventando carrinhos para puxar mantimentos ou apenas para mostrar suas destrezas criativas. Ou da mana Icleia, caseira por excelência e grande companheira de mamãe nas fainas cozinheiras. O César, mais velho, tenho poucas lembranças daqueles tempos. Ele já se aventurava por Araranguá, como auxiliar da Relojoaria Labes e, num repente, casado com Zezinha, filha de Otávio Ramiro e de Dona Mariquinha, aos 16 anos de idade, ela com 17.

Aryovaldo era professor, concluído o Curso Complementar. Naquele tempo valia e, bom lembrar, latim e francês eram línguas ministradas no curso. Aryovaldo dava aulas na escolinha ao lado da igrejinha – que ainda está lá, bela e fagueira (“à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais...). E até o mano Aimberê foi seu aluno. Sem colher de chá e protecionismos. Ele dizia ser exemplo para os demais. Relembro, por necessário, da atafona e dos lavandins à beira do rio, onde mamãe e tia Carolina lavavam roupas da família e de vizinhos. 

Bem mais tarde – e na época pareceu uma eternidade o passar do tempo entre a infância número um e a infância número dois, acoplada à puberdade no Araranguá e em Criciúma. A alternância entre as duas cidades ocorreu num ciclo vertiginoso. Hoje, pensando nisso, quase endoido naquela rotatividade entre uma cidade e outra. Papai parecia um cigano, definição dele mesmo ouvida por mim várias vezes, tal a assiduidade dessas idas e vindas.

E então vem à mente um tio, irmão de mamãe, com quem papai mantinha ótima relação, pois ele cuidava das nossas terras, na Sanga da Perdida e ali mesmo, na “sede da Boa Vistinha. Era o Tio Zeca, com sua esposa, a Tia Xandoca, com quem convivemos por anos e anos.

Muito mais tarde, mano Aimberê e eu ficamos chocados ao tentar visitar a Sanga da Perdida. Haviam aterrado para plantar fumo. Choramos muito. Desmantelaram um bom pedaço da nossa alma e dos nossos relicários. Poucos veneravam tanto a Boa Vistinha como Aimberê. Mais que eu. Muito mais. Aryovaldo, inclusive. A tal ponto de estarem no Rio Jundiá as suas cinzas, a pedido especial e específico.  Ele sempre repetia ter vivido lá seus melhores dias. Não duvido. Nós também.
Em verdade vos digo: há décadas não vou à Boa Vistinha. Lamento muito por isso, mas essa vida de maluco me prende nos afazeres profissionais e em limitações que nem lhes conto. Gostaria de lá estar em forma de cinzas, espero que bem mais tarde, para fixar bem minha origem grata.

Por Aderbal Machado 27/01/2024 - 07:48 Atualizado em 27/01/2024 - 07:52

Lembro, vez por outra, de episódios vividos na infância no Araranguá. Quando, em turma, íamos à Lagoa da Serra a pé, só pra zoar à beira da água, sobre a relva fresca e sob as árvores selvagens. O medo de jacaré saindo de repente do lago existia. Todo cuidado com cobras. À noite, sapos e outros bichos. E a mosquitada comia solta.

No caminho, ida ou volta, metia-se a mão em melancias dando sopa ao lado da rodovia. Muitas melancias amarelas, hoje raras. Se ombreavam com as vermelhas em quantidade. E algumas vezes éramos surpreendidos pelo dono da roça. Um corridão e pronto. Estávamos a uma distância segura.

Noutras ocasiões, ficava-se de papo na esquina da Sete com a Regimento Barriga Verde, gastando bobagens e mentindo muito sobre conquistas amorosas nunca havidas, só pra dar sintoma de galã. Juntos, ali, quase toda noite, Galo Cego (Sérgio Benito Maciel); Nego Dido; Juarez e o irmão, filhos de Edmundo Grisard – então já falecido e outros “menos votados”. O Galo morava na esquina, ali mesmo. Eu, na Regimento, terreno ao lado. Éramos vizinhos.

O Nego Dido e os filhos de Edmundo Grisard eram funcionários da marcenaria do Bilo, fabricante de caixões funerários. De tal modo virou moda, ao falar de alguém mal de saúde ou colocando em risco a própria segurança – a referência do bordão: “Chama o Bilo”.

É ficção falar disso agora. Muitas gerações passaram desde a época e parece loucura essas referências. Até eu duvido, pois foi tudo tão assustadoramente rápido que me causa uma sensação de perdição, como se tivesse deixado passar uma série de verdades da vida. E quando tento comparar com as coisas d’hoje, piora bem.

E termino relembrando minha amizade com o Juja (José Francisco Grechi), filho de Urivaldi e Eufêmia, irmão de Humberto Ronald e de Dom Moacir Grechi, emérito religioso de alta tradição na Igreja Católica do Brasil.

Juja foi, depois, funcionário destacado do Banco do Brasil. Nossa amizade se moldava em longos passeios de bicicleta pelos recantos da cidade, jogar pião e bolinha de gude ao lado da casa dele, esquina da Sete com a Caetano Lummertz, em frente da casa do Pedrinho Mello, motorista de táxi preferido de papai. A casa de Pedrinho, mais tarde, virou fórum. E hoje é o que é.

Os tempos passados, na comparação com o hoje, foram desfigurados pelo seguir de cada um e pelo alegado “progresso” urbano. Eu, por mim, ainda misturo as imagens e as liquidifico para selecionar as melhores e entronizá-las indelevelmente cá dentro de mim.

Porque não consigo – e nem quero - me separar de um passado muito venerado.

Por Aderbal Machado 20/01/2024 - 08:18 Atualizado em 20/01/2024 - 08:19

Quem mora na praia sabe: nas temporadas as visitas aparecem como se brotassem do chão. Cá em casa é assim. Com uma diferença: as visitas brotam do chão há quase uns 15 anos, sei lá. Por aí. Não erro por muito. Todo ano. Jogam meu sossego na lata do lixo, amontoam malas, roupas, colchões, travesseiros por todo canto, se empilham pelos vãos da casa e minha liberdade de andar pelado acaba.

Dentre as positividades: fazem comida, compram inclusive, varam madrugadas e noites nos carteados e, suprema maluquice: ficam no sol de manhã até a tarde, lagarteando na beira d”água. 
Falando-se em Balneário Camboriú, num apartamento a 100 metros da areia da Praia Central, pior ainda: parece um chamariz de doido, embora o doido seja eu. Pra cá vêm meu cunhado, mulher, duas filhas e algumas visitas avulsas de vez em quando, trazidas a tiracolo por eles, lá de Curitiba.

Não, não estou reclamando (até parece...), apenas elucubrando... 

Cabe um kkkkk aqui. 

Meu cunhado, Carlos Alberto Mariani, irmão de Dona Sonia, filho de Noé Moraes Mariani e neto de Hermenegildo Colombo do Rio Maina – o velho Gildo, já nos eternos campos de caça fumando palheiro e falando mal de mim. E, claro, de Dona Maria Venturini (irmã de conhecidíssima Irmã Ana Luísa, a eterna monitora do Colégio São Bento de Criciúma  – e ninguém, respeitando os demais, deixou tanta saudade quanto ela. Anfitriã de mão cheia, dona Maria adorava receber netos, netas, genros, noras e filhos em sua casa, ali no Bairro Pio Correia. Sua especialidade era fazer comida para batalhões num fogão a lenha – sempre fervendo a chapa com toras de lenha abastecidas a cada hora pra manter o fogaréu aceso e o feijão borbulhando sempre.

Estou misturando as etapas justamente para causar. Dizer: isso vem do sangue, é atávico. Por linhas diretas e indiretas. Porque receber e cozinhar divinamente, mamãe também gostava e fazia. Mas era uma cabocla de hábitos mais recatados – mas cozinheira de mão cheia e mestre em desatar nós de nossas consciências e almas. Seu analfabetismo parecia mentiroso, tal sua capacidade de compreender vicissitudes e idiossincrasias dos seus.

E essa mistura dos tempos revela, a meu ver, outra coisa: reclamo, mas gosto.

Por Aderbal Machado 13/01/2024 - 06:39 Atualizado em 14/01/2024 - 22:11

Fico a olhar, espantado, para as surpresas vividas agora mesmo na Internet. 

Depois de longa existência, de repente vi explodir, num mês apenas, os acessos de minha fanpage (www.facebook.com/jornalistaaderbalmachado) , em função de duas inocentes e corriqueiras observações sobre Balneário Camboriú: uma foto do imenso congestionamento da madrugada do dia 1º de janeiro, pós foguetório do réveillon na orla da Praia Central – considerado o mais famoso e bonito do Brasil neste ano – e uma foto muito antiga da cidade, num ângulo aéreo sentido sul/norte, década de 40 – ainda tudo mato, lagoas e rios onde hoje está a selva de pedras.

Lá, na primeira hora, já 20 mil de alcance. Ao final do dia 2, chegou a 100.000, e foi crescendo em níveis assustadores (no bom sentido) e eu sem entender nada até agora. Feliz, mas sem entender. A foto antiga gerou um alcance de mais de 500 mil e a do congestionamento, mais de 600 mil. Uma loucura, para meus padrões, um mandurico do Araranguá e um ex-serviçal do carvão e da cerâmica da Criciúma dos bons tempos. 

Isso provoca a imaginação e agora vivo a planejar como tratar isso. Sem planejamento não dá. Os acessos, comentários e compartilhamentos são do país inteiro, do Acre até Maranhão, do Rio Grande do Sul até Espírito Santo. 

No meio disso, as mais variadas opiniões. Até xingamentos. Maioria elogios. A sensação de exposição é agradável por um lado e preocupante por outro, pois delega responsabilidades enormes daqui pra frente. Como a de tratar as postagens como altíssima responsabilidade, evitando descambar para agudezas críticas, fugir do egocentrismo, travar os pontos de vista ideológicos (os piores) e as ilações eventualmente políticas (sempre tentam).

Agora mesmo, fiquei imensamente satisfeito com um colega radialista de Campo Grande, afirmando me seguir por gostar das manifestações sobre Balneário Camboriú, cidade na qual resolvi, há 27 anos consecutivos e belos, encostar meu esqueleto provecto.

Escrevo isso sem qualquer intenção de vangloriar. Longe disso. Até pela simples razão de existir quem, em meu nível, tenha infinitamente mais acessos. A jactância não cabe, portanto. Apenas estou eufórico, pois a mim se inscreve como uma salutar novidade: a de estar sendo visto e lido por tanta gente, dentre muitos que me gostam e não me gostam – aos primeiros, minhas saudações e encômios; aos segundos, vão catar coquinho.

Por Aderbal Machado 06/01/2024 - 07:25

Há 146 anos, num 5 de janeiro, em São José (SC), nascia Manoel Telésforo Machado, meu pai. Sua missão se cumpriu com louvores. Ele se foi numa manhã de 24 de outubro de 1959, aos 81 anos. O doutor Telésforo fez história no Araranguá, tendo sido seu primeiro advogado e seu primeiro professor.

Meu avô, pai do doutor Telésforo, o coronel Bernardino Manoel Machado, foi o primeiro prefeito de Palhoça e deputado constituinte de SC no final do século 19.

Temos no sangue muito de política - direta ou indiretamente. Por isso o gosto pela temática nos trabalhos profissionais.

O doutor Telésforo, ilustre aniversariante do dia, nos ensinou muito não nos ensinando nada: ele apenas nos estimulava a apanhar muito pra aprender por conta própria. Direcionou-nos aos livros, como fontes de formação essencial. Não nos impunha, mas nos orientava. A qualquer pergunta sobre literatura ou termos mais estranhos para nós, mandava consultar dicionários, obras jurídicas ou romances famosos (um deles, de minha lembrança, era "A Retirada da Laguna", do Visconde de Taunay). Era fã de dois personagens políticos: Juan Domingo Perón e Charles De Gaulle.

O poliglota doutor Telésforo dominava francês, italiano, alemão e espanhol. E foi mestre emérito em português. 

Ainda hoje, 65 depois de ter se ido, sinto-o aqui, bem ao lado. Me mandando ler livros.

Um feliz aniversário pega bem. É o que lhe desejo, como em todos os anos.

Por Aderbal Machado 30/12/2023 - 07:11 Atualizado em 30/12/2023 - 14:47

Culmina 2023. Ano de soma 7. Agora vem um ano de soma 8. Acredito em números pares. Superstição? Pode ser. Intuição também. Azar ou sorte depende de cada um. Trabalha, conquista, vence. Sorte. Não trabalha, não conquista, não vence. Azar.

A vida é um torvelinho. Faça-se por merecer, ora pelotas! As lógicas nem sempre superam as fantasias. As imaginações quase nunca são materializadas. Porém, viver sem sonhos é uma hecatombe. Sonhos sem exageros, sem enfeites, sem lantejoulas, explico e insisto. De preferência com muitos espinhos, muitas subidas íngremes, pedras agudas pelo caminho, muitos degraus acentuados, muitos espaços a preencher – porque aí a vitória é mais sentida, mais valiosa. A questão é uma: não parar. Bater na cara do destino uma, duas, três, mil vezes, até este safado olhar pra gente e dizer: “Cara doido. Vou entregar logo antes que ele me moa de pancadas”. Penso assim. Errado? Depende. Minhas doidices vão a vários lugares e circulam por pontos indefiníveis nas minhas conjecturas de vida.

Durante 2023, como durante alguns outros antes, a vida me reservou desavenças mentais. Sofrimentos atrozes – os principais as perdas de pessoas muito queridas e próximas. Até meu gato, o Félix, me fez sofrer com sua ida para as hostes sagradas de São Francisco de Assis, que deve tê-lo requisitado pra ele.
Penso ser a vida essa mistura – ora bendita, ora maldita – de acontecimentos difíceis ou complicados com as benesses dos caminhos vencidos e da disposição de luta e os claros desígnios de Deus reservados a nós. 

Um filosofismo pobre, reconheço  –  todavia verdadeiro e sincero.

Pois vem aí o 2024. Vestir qual cor? Pular sete ondas? Orar um bocadinho? Pedir amparo aos amigos e parentes que se foram para sempre e cujas almas circulam por aí, por perto de nós? Supõe nossa filosofia – vã? – um delírio de anseios multiplicados a cada passagem de tempo. De 31 de dezembro a 1º de janeiro, qualquer janeiro e qualquer dezembro, parece transmutar-se um novo horizonte – sempre vislumbrado com otimismo e sorrisos. 

Virá o quê? Não sei e nem quero saber, diriam meus irmãos araranguaenses, nos seus dizeres típicos dos meus tempos por lá. Quero é ir adiante. Armado até os dentes de vontade e gana de palmilhar as sendas desconhecidas e ver os céus se abrirem de augúrios venturosos.
Falei fora de padrões? É uma bobagem? Isso você pensa. Sabe de nada, inocente...

FELIZ 2024 PRA TODOS NÓS. MERECEMOS.

Por Aderbal Machado 23/12/2023 - 09:00 Atualizado em 23/12/2023 - 09:28

Em dezembro de 2019 Dona Sonia e eu seguimos pra Portugal. Objetivo, o nascimento da neta Liz, hoje cabelos de fogo linda do vô e da vó. Portuguesa da gema. Lá ficamos de 9 a 29 de dezembro. Inverno duro, muita chuva. Restaram dez dias esplendorosos, entanto, de sol. Frio, ok. Porém luminosidade absoluta.

A lenga-lenga para por aqui.

Circulamos intensamente, Dona Sonia a observar belezas e contrastes. Ela ama natureza e lidamos muito com ela, nas bem cuidadas árvores frutíferas em plenas praças públicas e nos terrenos privados, jogando frutas para fora dos muros.  E sem freios a quem quisesse usufruir. Civilidade, isto se chama.

E eu, um bocado além, quis aspectos históricos e culturais. Mania de família, herança do velho Telésforo, professor emérito, poliglota (alemão, italiano, espanhol – fluentes) e escritor, advogado e observador de tudo relacionado ao mundo.

E observei comportamentos, detalhes de serviços e atitudes pessoais e coletivas. Contarei parte – servindo, no fundo, de paradigma.

Nos mercados – carrinhos de compra disponíveis, só podendo ser liberados com imposição de um euro. Devolvido o carrinho ao lugar devido, o euro voltava. Carrinho abandonado, por exemplo, no estacionamento, o euro ia embora.

Na saúde – no nascimento de Liz, tendo em mãos o PB-4, papel do SUS do Brasil válido por um ano lá, nos Açores e, creio, na Itália, ocorreu num hospital normal. Estrutura modesta, perfeita nos atendimentos. De lá a criança nascida só saia com o registro pronto e exames pós natividade completos. Documento: identidade plástica. 

As receitas – vinham (ou vem, ainda) com o nome do remédio, laboratório e PREÇO. E aquele preço valia EM TODO O PAÍS. Só mudaria se o cliente preferisse de outro laboratório.

Lixo – Missão impossível encontrar nas ruas. E, vejam: prédios e casas não têm permissão para lixeiras nas ruas. Nem pensar. Junta-se o lixo em casa, separa-se como manda o figurino e, final do dia, deposita-se nas cisternas lá fora, existentes em todas as quadras.
E, falando de lixo, nos 20 dias lá vividos, jamais vi garis varrendo rua. Como o lixo, também não consegui ver caminhão de coleta circulando. Eles só passavam na noite para recolher dos contêineres públicos (ou cisternas, como disse lá atrás).

Pera aí, sem lixeiras nos prédios e casas? Sim, e raríssimas lixeiras nas ruas. Só em pontos estratégicos, próximo a mercados e coisas parecidas. No mercado, sacola de plástico – nem pensar, mano. Ou se usava as sacolas recicláveis (trouxemos algumas de lá) ou se levava na mão. Responsabilidade do comprador.

Como aquilo tudo era limpo, sem lixeiras? Ah, veio: educação, cultura. É pra poucos...

Bicicletas circulando, só vi nas praias. Moto: vi UMA. Assim mesmo porque meu nariz apontava praquele lado. Nenhum ruído. Parecia um Mercedes.

Lá tudo é trem. Ônibus só os micro para circular entre as gares ou ir a locais específicos. O trem? Meninos, eu vi: tudo na hora marcada. Uma hora a saída, era uma hora a saída. Nada de 12,59 ou 13,01. Uma hora, uma hora. Chega, abre a porta, a gente entra e ele arranca com tudo. Lá dentro, informações totais num painel luminoso: locais, vento, temperatura, itinerário, destino. Compra-se um tíquete e com ele se vai embora só passando nas cancelas. Ninguém controla. Não burlam isso? Raramente acontecia. Em acontecendo, ai do transgressor. Entra nas portas do inferno.

Ah, e os monumentos. E as histórias contadas. E os ídolos do mundo lá: Vasco da Gama, Fernando Pessoa, príncipes, imperadores e princesas – em todos os lugares. Monumentos distribuídos aos montes pelas ruas e praças. Virei fã de Fernando Pessoa lá, ao posar ao lado do seu túmulo, no Mosteiro dos Jerônimos, em Belém, tocando-o carinhosamente. Ali também toquei no túmulo de Camões. Sensação irresistível e imorredoura.

Comemos o Pastel de Belém famoso, ao lado do Mosteiro dos Jerônimos. Inevitável passar pela Torre de Belém, claro. Mas meu fascínio foi o Mosteiro. E, noutro dia, o ápice: a visita ao Cabo da Roca, ponto mais ocidental do continente europeu, na freguesia de Colares, município de Sintra. Luís Vaz de Camões descreveu-o como o local “Onde a terra se acaba e o mar começa” (Os Lusíadas, Canto III).

Há muito mais. Vinte dias foram poucos. Minha alma, quando me for, se dividirá entre minha terra e aquilo tudo lá. Voarei por sobre o Atlântico sem fechar os olhos para a transição dos meridianos. 

E reviverei a luz e a noite como vivo hoje a transição soberba do mundo giratório de cada dia como se fosse o último. E um dia será.

Por Aderbal Machado 16/12/2023 - 07:00

Tenho comigo uma ojeriza medular à temática política atual. Transgrediram tudo. Pisotearam sobre a herança dos grandes líderes nacionais ao longo do tempo. Sabemos, aqueles cuja vivência está plantada lá atrás, nos tempos de PSD e UDN – os originais -, quantos são os buracos cavocados ao longo do caminho e, no crepúsculo das realidades, chegarmos à triste culminância atual. Até os fanatismos d’hoje são doidos e exacerbados em demasia, porque pessoais, fratricidas, odiosos ao extremo, quase letais (alguns até o são).

Nos tempos de UDN e PSD havia radicalismos fortíssimos. Porém, na comparação com a baderna de siglas de hoje, sem qualquer estigma de lealdade interna e externa, aqueles radicalismos se resumiam, inclusive e no melhor sentido, à lealdade e à fidelidade aos princípios partidários e respeito e obediência aos seus líderes. LÍDERES, eu disse, LÍDERES.

Impensável, por exemplo, um pessedista ou um udenista votar num ou defender um adversário. Nem a família aceitava isso de algum parente. Nem de irmão. Nem de pai. Nem de mãe. Os pensamentos, obrigatoriamente, iam prum lado só. Ou era PSD ou era UDN. Se misturasse, fosse viver uma vida separada. De preferência muito longe. Respeitava-se a divergência. À distância máxima. Se fosse preciso ir pro confronto, se ia.

Havia pragmatismos, claro. Raríssimos e cuidadosos, de modo a não machucar o arcabouço da legenda. Lembram-se, em Criciúma, das lideranças antigas de PSD e UDN. Não nomino, pois a cidade os conhece historicamente muito melhor que eu. No Araranguá também. Em Florianópolis as trincheiras giravam em torno até do futebol. Rádio da UDN, rádio do PSD. Jornal da UDN, jornal do PSD. Time do PSD, time da UDN. Clube do PSD, clube da UDN.

Nas campanha políticos da década de 50, lembro bem e já falei disso aqui, permitia-se transporte de eleitores e refeição para eleitores. E então, eu vi com esses olhos que haverão de ser cremados, a cidade se dividir entre hotéis e restaurantes do PSD e hotéis e restaurantes da UDN. Sem misturas. Só o Vico Borges, do velho Hotel Imperial, ao lado de nossa casa na Praça Hercílio Luz, da UDN, vi aceitar clientes do PSD. Ao ser questionado pela heresia, foi, aí sim, pragmático: “O dinheiro deles vale igual”. Afinal, era apenas comida, não compromisso.

Pois naquele tempo pedra era pedra e pau era pau. Hoje não se sabe. Exceções raríssimas pululam por aí; tão raras que chegam a sumir na cabeça da gente. 

Dizia-se (traduzindo para hoje): se alguém vendesse apoio em troca de cargo, dinheiro ou qualquer outro tipo de benefício “não se elegia mais nem pra inspetor de quarteirão”. Hoje se diz “nem pra síndico de prédio”.

Há uma prostituição ético-política por aí na atualidade, nos legislativos e executivos de todos os níveis. Só falta o balde com a luz vermelha dentro à frente, para chamar mais atenção. Vergonhoso.
E juro de patas juntas – as quatro: nunca mais repetirei temática política aqui. E cumprirei: não sou político.

Por Aderbal Machado 09/12/2023 - 08:00

Houve um tempo curto no trabalho na região sul, quando fazia rádio e assessoria na Câmara Municipal, gestões dos presidentes Nereu Guidi e Edi Tasca, em que eu transitava diariamente entre Araranguá e Criciúma. Morava no Araranguá, na rua Caetano Lummertz, ao lado do Banco do Brasil. á, na rua Caetano Lummertz, ao lado do Banco do Brasil. De manhã cedo, programa na Rádio Araranguá. À tarde, expediente na Câmara de Criciúma. Todo santo dia. Até consegui um passe com a São Cristóvão, pra não pesar no orçamento, já naquele tempo um tanto curto e exigindo ginástica mensal pra garantir a boia. 

A solução, sempre: marmitinha preparada por Dona Sonia, atulhada de muito feijão e arroz e variando as carnes e os demais ingredientes. Adorava almôndegas – menos trabalho para mastigar.

Pois naquele tempo parecia um paraíso. E era, meus camaradas. E era. Aquele trajeto, hoje comum a muitos de carro, apresentava a oportunidade de relacionamento com outros passageiros e com os motoristas e cobradores. Era papo a viagem inteira e algumas passagens pitorescas.

No almoço de marmita o sabor da comida ganhava uma dimensão inimaginável. Adorava aquilo. Muitos achavam e diziam da impropriedade daquilo (impropriedade? Vão catar coquinho...). Poderia comer num restaurante ou lanchonete. Pra quê, cristão de Deus? Deixar de lado os temperos medidos e certinhos de Dona Sonia por indecifráveis e misteriosas inserções de sei lá o que na comida? Não mesmo. Além da higiene. Com todo o respeito, sempre me causaram dúvidas as formas de preparo dessas comidas. Até hoje.

O tempo das marmitas, do passe do ônibus para baratear os custos e da agonia de só poder retornar no ônibus das 23 horas, porque o das 21 nunca conseguia pegar, pois as sessões da Câmara sempre ultrapassavam este horário – e muitas vezes perdia por minutos a possibilidade de ir nesta viagem; isso era ruim, mas só – faria tudo de novo. Com riqueza de detalhes. 

E isso me deixa aquela sensação de conquista de um modelo de atuação sempre modesto, jamais precário. Mantendo a linha nas medidas da realidade. Porque desta – da realidade – ninguém escapole. Nem dos fatos. Respeite-se os fatos.
Uma frase de Fernando Pessoa é capitular: “Vivo o presente, pois o futuro não o conheço e o passado já não o tenho”.

Por Aderbal Machado 02/12/2023 - 07:50

Pois de uns tempos pra cá, lá se vão uns trinta dias consecutivos, com uma falha aqui e ali nos dias de chuvarada inclemente, adotei o hábito saudável de andarilhar por aí. Há 26 anos residindo em Balneário Camboriú, na cara da praia – areia e orla a menos de 200 metros de casa – só agora veio a decisão. 

E enquanto circulo, registro o cotidiano, cenas, jogo conversa fora, comento coisas, mostro os cenários para quem queira usufruir e assim vai. Junto o útil ao agradável. 

Nem foi conselho médico rigoroso. Todos os médicos com quem tratei sempre me aconselharam isso. Desde o venerável Doutor Henrique Packter, oftalmologista, passando pelo Doutor Raymundo Jorge Perez, radiologista e culminando no ilustre Doutor David Luiz Boianowski, pediatra e uma das 99 vítimas da tragédia do avião da TAM em São Paulo. Outros médicos, urologistas, cardiologistas, dentistas, pneumologistas – todos, todos mesmo – recomendaram-me caminhar.

Nunca segui e hoje pago o preço de estar ferrado. Nem tanto, mas ferrado. 

Por isso alerto aos navegantes às portas da derradeira curva do circuito: caminhem, caminhem, suas bestas quadradas! É o exercício mais importante, dentre tantos, como a natação. Nada de academia, esteiras, bicicletas ergométricas, supinos. Nada. Só caminhar. E fim.

Relembro duas coisas: quando mostrei a montoeira de comprimidos de minha obrigação tomar para coração, pulmão, saco, pinto, próstata, intestinos, o meu colega Paulo Brito, nobre e destravado cronista esportivo de Florianópolis, sentenciou: “Negão, joga a metade fora e vai caminhar na praia”.

E muito lá atrás, quando consultei em Florianópolis os meus olhos mal sucedidos, com sua sala ainda no térreo do Hospital de Caridade, o Doutor Henrique Packter, perguntado sobre o que não poderia comer num regime contra diabetes e coisas assemelhadas, atirou de bate-pronto: “Tudo o que é bom”. Mas também “receitou” caminhadas. Remédio natural e eficiente.

Essas lógicas curtas e pesadas do Brito e do Henrique Packter fazem-me ver a simplicidade de uma caminhada como sucedâneo de dúzias de remédios.

E então continuo me entupindo de medicamentos imprescindíveis, mas outros abandonei. Meus equilíbrios se alteraram positivamente, o sono melhorou e o resto seguiu bem.

Só o pinto faliu, coitado. Nada é perfeito.

Por Aderbal Machado 25/11/2023 - 08:00

QUANDO ME AMEI...

Quando me amei de verdade, compreendi que, em qualquer circunstância, eu estava no lugar certo, na hora certa, no momento preciso. E, então, pude relaxar. Hoje sei que isso tem nome: AUTOESTIMA.

Quando me amei de verdade, pude perceber que minha angústia e meu sofrimento emocional não são, senão, sinais de que estou indo contra minhas próprias verdades. Hoje sei que isso é AUTENTICIDADE.

Quando me amei de verdade, parei de desejar que a minha vida fosse diferente e comecei a ver que tudo o que acontece contribui para o meu crescimento. Hoje chamo isso de AMADURECIMENTO.

Quando me amei de verdade, comecei a perceber porque é ofensivo tentar forçar alguma situação ou alguém apenas para realizar aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento ou a pessoa (talvez eu mesmo) não está preparada. Hoje sei que o nome disso é RESPEITO.

Quando me amei de verdade, comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável: pessoas e situações, toda e qualquer coisa que me pusesse para baixo. De início, minha razão chamou essa atitude de egoísmo. Hoje sei que se chama AMOR PRÓPRIO.

Quando me amei de verdade, deixei de me preocupar por não ter tempo livre e desisti de fazer grandes planos, abandonei os mega-projetos de futuro. Hoje faço o que acho certo, o que gosto, quando quero e no meu próprio ritmo. Hoje sei que isso é SIMPLICIDADE.

Quando me amei de verdade, desisti de querer sempre ter a razão e, com isso, errei muitas menos vezes. Hoje descobri a HUMILDADE.

Quando me amei de verdade, desisti de ficar revivendo o passado e de me preocupar com o futuro. Agora, me mantenho no presente, que é onde a vida acontece. Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é PLENITUDE.

Quando me amei de verdade, compreendi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar. Mas, quando eu a coloco a serviço do meu coração, é uma valiosa aliada. E isso é SABER VIVER!

Não devemos ter medo de nos questionarmos; até os planetas se chocam e do caos nascem as estrelas.

[Charles Chaplin]

Por Aderbal Machado 18/11/2023 - 08:00 Atualizado em 19/11/2023 - 18:27

A morte de Colombo Machado Salles me atingiu, pois com ele trabalhei em 1971, na condição de seu repórter, dentro do Departamento de Comunicação do Palácio do Governo. Eu o acompanhei por todo o estado, integrando a equipe de viagem, às vezes comandadas pelo fotógrafo Waldemar Anacleto, outras vezes pelo mano Aryovaldo, também assessor de Colombo e seu amigo pessoal desde a Laguna, quando Aryovaldo dirigia a Rádio Difusora de Pompílio Pereira Bento e Colombo chefiava o Porto da cidade.

A amizade durou por toda a vida comum vivida por ambos. Dava gosto ver a consideração de um pelo outro. Colombo era dessas pessoas comprometidas integralmente com suas amizades e uma memória fantástica. Lagunense, filho de Calistrato, emérito difusor das tradições da sua cidade. No exercício do mandato de governador, indicado pelos militares – época da eleição indireta. Técnico de altíssimo gabarito, especializado em águas, levou uma surpresa ao ver seu nome anunciado como futuro governador de SC. Ele mesmo confessou isso em várias entrevistas. A indicação foi de um grande amigo seu, na época fortíssimo elemento do governo central: Mário David Andreazza.

Pois nos tempos de nossa convivência tive oportunidade de conhecer Colombo em alguns aspectos: nunca deixava coisas pra dizer depois, jamais falseava as realidades em quaisquer situações, conhecia meticulosamente as realidades do Estado – e aperfeiçoou isso quando, indicado ao governo, cuidou de elaborar um plano – o Projeto Catarinense de Desenvolvimento, depois Plano Catarinense de Desenvolvimento. Propositalmente, um livro enorme. Perguntado por prefeitos a razão de um livro daquele tamanho contendo seu plano de governo, dizia: “É pra não ser enfiado em nenhuma gaveta”.

Na enchente de 1974, correu todo o estado, levando alento, recursos e ajuda direta aos municípios. Esteve em Criciúma também, no centro de atendimento, localizado no Ginásio Colombo Machado Salles, do Criciúma. Ali, no tumulto e no auge das desgraças daquelas enchentes, já fora da assessoria do seu governo e trabalhando na Rádio Eldorado como repórter, abordei-o sobre as medidas previstas. Ele, de sopetão: “Não quero fazer propaganda das desgraças alheias, vamos tratar disso sem alardes”. Depois, com humildade, me pediu desculpas, arrependido, e se colocou a disposição para ser entrevistado. Tinha disso, o Colombo. Foi um dos governadores mais eficazes, porque essencialmente técnico no exercício do mandato. Sem discriminar eventuais adversários, distribuía seus serviços a quem dele necessitasse. Porque, dizia, era o Estado, não ele. Faleceu com a marca do dever plenamente cumprido. Santa Catarina lhe deve bastante.

Por Aderbal Machado 11/11/2023 - 09:23 Atualizado em 11/11/2023 - 09:26

Pois então. Na beira dos 80 anos de idade, vivo aquele instante dos outros tantos desta quadra etária: indisposições físicas, doloridos por todos os poros pelas manhãs, a discrepância entre o cérebro e o corpo – a gente pensa nisso e o corpo faz aquilo.

Pois neste tempo, rememoro opiniões como a de Cher, ao ser perguntada sobre a “melhor idade” por Oprah Winfrey: “Uma merda”. Verdade. 

Restam algumas satisfações. É quando um jovem alude à nossa idade. Sempre digo: “Eu passei pela tua idade. Quero ver você chegar na minha...”. Mas fica nisso.

Porém (ah, os poréns...) há algumas decisões importantes a serem adotadas: exames médicos periódicos – o de próstata tá na moda. Eu fiz agora mesmo e nem foi em honra ao “Novembro Azul”. Fiz porque minha próstata estava do tamanho de Júpiter, embora isso não tenha impedido, em nenhum momento, a micção, apenas a acelerou. Também não interrompeu ou atrapalhou a evacuação. Ah, mas há a possibilidade de um nódulo.

Consultei um médico urologista do SUS, um guri recém formado – portanto com todo o fogo nas ventas de conhecimentos sobre as técnicas e artes da sua especialidade. Não, ele não sugeriu e nem cometeu o desatino de me dedar. Afirmou, com todas as letras, ser o toque retal dispensável. Categórico: é inútil para detecção de câncer eventual. Sequer o PSA (feito também) é conclusivo para isto. Há coisa mais profunda, a começar por uma ultrassonografia prostática. Também não conclusiva. Mas eu fiz. E foi adiante. Fiquei mais sossegado. Depois de ter sido dedado tantas vezes, deixei pra trás o risco de me apaixonar pelo doutor.

Em todo caso e inevitavelmente, recomendo ao velhedo deste Estado a submeter-se a exames de próstata. Ali pode estar o câncer mais mortal para homens. Tanto quanto os cânceres de mama e uterinos nas mulheres.

Finalmente, o doutor me disse algo importante: a questão da prevenção de homens é que eles são relaxados, renitentes, relapsos. As mulheres são mais conscientes disso, a tal ponto de terem, por todo lugar, as entidades de prevenção ao câncer (Rede Feminina), frequentadas assiduamente e usadas fervorosamente por elas. Alguém viu em algum lugar uma “Rede Masculina de Prevenção ao Câncer”? 

Os homens, por natureza, são mais chegados a uma cervejinha nas mesas dos botecos, um petisco com os amigos. Trocariam isto até por uma boa consulta médica. E errariam. Consultem, seus mocorongos.

No mais, supondo desacreditarem de mim nas minhas conceituações sobre a idade, aguardem ela chegar. Ou se já chegaram, me desmintam. Fui.

Por Aderbal Machado 04/11/2023 - 07:44

Dia desses, 24 de outubro, falei sobre a morte de meu pai, ocorrida naquele dia, em 1959, em Araranguá. Hoje homenageio minha mãe, senhora dona Amarfilina, falecida num 1 de novembro de 1980, também no Araranguá. Uma coincidência: ambos faleceram num quarto do Hospital Bom Pastor. Outra coincidência: os quartos em que ambos faleceram ficavam um diante do outro. Porta-a-porta. Essas coisas são marcantes. Porque criam nossas conjecturas de fé, creia-se ou não.

Pois senhora dona Amarfilina (não, jamais a tratei ou tratamos assim, com tantas mesuras. Era apenas "mamãe", mas faço essa questão, porque reina nela um símbolo de mansuetudes e ensinamentos repassados pelos exemplos magníficos. 

Ninguém como ela venerava animais. Ninguém como ela tratava a natureza com o carinho devido. Em todos os lugares onde moramos, ficou um rastro indelével de árvores plantadas, maioria frutíferas (verdadeiras florestas); muitas hortas de todos os tipos imagináveis e imaginados eram por ela forjadas e cultivadas com capricho. Jamais adquirimos hortaliças, frutas ou verduras em mercados. Eram dali.

A casa era sempre uma granja. Cheia de aves. E os passarinhos tinham sossego absoluto no nosso terreno. Mamãe abominava fortemente e proibia com rigor quaisquer intenções da gurizada de antigamente de caçá-los. Essa regra está incutida em todos nós desde sempre, por herança de senhora dona Amarfilina: respeito e cuidado com os animais.

E hoje, relembrando-a, doi (ou não) sentir, ainda, saudades de seus toques culinários magistrais e simplórios: feijão saborosíssimo, roscas de polvilho, minestras insuperáveis e cozidos e assados como nunca se viu. Houve momentos de dificuldades lá em casa: a carne ficou vedada por tempos. E então ela inventava sucedâneos. O mais inesquecível: tomates verdes fritos com ovos. Coisa de filme, né? Entanto, era assim.

E então a saudade bate em todos os dias de passagem e das lembranças ruins de sua partida. O bom restante é a sua eterna ventura de nos permitir ser seus filhos.

A bênção, senhora dona Amarfilina, a santa de todos os santos.

Vocês podem ficar imaginando mil coisas pelas quais se perguntam a razão de meu foco em pessoas queridas da família já em outro plano, em várias colunas aqui veiculadas. Explico sem delongas: elas continuam fazendo parte ativa no meu mundo. Tenho dito.

Por Aderbal Machado 28/10/2023 - 08:00

No 24 de outubro, completaram-se 64 anos do falecimento de papai, que se foi em 1959. O eterno doutor Manoel Telésforo Machado, como todos o chamavam, respeitosamente. Menos, curiosamente, duas pessoas - segundo assisti várias vezes: o Camilão, um amigo de infância dele e notório em Araranguá e um esmoleiro também do Araranguá, com quem papai batia longos papos nas manhãs de sábado, na frente da casa, sentados em cadeiras especialmente colocadas. Porque em todos os sábados, papai trocava dinheiro e juntava nota por nota para ofertar aos esmoleiros, como caridade habitual. E eles sabiam da rotina e se enfileiravam na frente de casa. Só aquele esmoleiro, especialmente, permanecia ao fim de tudo pra conversar. E, sim, tratava papai com intimidade: era "Telésforo" e não "doutor Telésforo" ou "doutor Machado". Riam alto de piadas que jamais entendi. Chamava-se Campolino. Personagem incrível.

Assim era papai. Não com todos. Com alguns especiais. De resto mantinha o estilo formal. Ele advogou no Araranguá, em Conceição do Arroio (RS), Criciúma, Turvo e Urussanga. Espichou por lá as teias de sua atividade. Em Criciúma, representou como advogado a CBCA (Companhia Brasileira Carbonífera de Araranguá).

Em Araranguá, advogou para a Força e Luz, do seu amigo Padre Antônio Luiz Dias, seu criador, e o senhor Leitão, um português da gema. 

Papai tinha uma história danada de profunda com o Araranguá: foi um de seus primeiros advogados e um de seus primeiros professores. Sua inscrição na OAB-SC era número 8. Seus vínculos pessoais com personagens da história da cidade foram mantidos sempre. Ele é parte da história.

Há muita coisa a relembrar e a dizer sobre papai. E sempre repito ladainhas saudosas em todos os 24 de outubros ou 5 de janeiros, data do seu nascimento, em 1878. E o faço como coisa nova, sempre. Pois a sua imagem se renova a cada dia e a cada momento, ungidas em mim pelos exemplos que me deixou. 

As outubro me traz outra lembrança muito atual: meu casamento “de papel passado” com Dona Sonia, após 10 anos de vida em comum. Com desnecessidade formal, mas só para receber o PIS em nosso nome. Porque naquele tempo só se recebia dinheiro do PIS se morresse (estava – ainda está – fora dos planos imediatos), aposentasse (e naquele tempo ainda era distante) ou casasse. Então, rigorosamente, casamos por interesse financeiro. Foi uma salvação da lavoura pra pagar dívidas, desgraça que sempre nos perseguiu e persegue. Embora se saiba que esta é uma irmandade grande e de amplitude nacional.

E com essas duas lembranças diametralmente opostas e de diferentes significados, fico por aqui. Ademã, que cavalo não sobe escada, como dizia Ibrahim Sued.

Por Aderbal Machado 21/10/2023 - 07:40

Guardo alguns: logo depois de chegado a Criciúma (22 de junho de 1961, data lembrada com exatidão pelo seu imenso significado pra mim), algumas amizades se fizeram: Manoel Higino Maciel, Cleber Marinho, Doutor Henrique Packter, João Benedet, Taurino Pereira, José Martinho Luiz, Neri Jesuino da Rosa (prefeito eleito em 1960 pelo PTB), Romeu Lopes de Carvalho (Romeu Penicilina), Padre Mário Labarbutta, Padre Paulo Petruzellis (ambos do Bairro da Juventude), Ondino Castro Alves (o “Ondino Pinto Louco”, seu apelido), Francisca Vieira Reus, Vanilde Vieira Lopes (funcionárias, como eu, da prefeitura na época, entre 1961 e 1963), Maria Helena Frutuoso Schmitz (e Toninho, seu marido), Hélio Souza, Casimiro Schaucoski, Romeu Vanceta Drum, Hélio Zeferino, Valdir Paulo Berg (Maria Helena e Toninho, Hélio, Casimiro, Romeu Drum, Hélio e Valdir, funcionários da Carbonífera Próspera, como eu, entre 1964 e 1970), Bateria (Jovito Tiago Álvaro de Campos – gari da prefeitura e hoje nome de escola, inclusive), Burriquete (Divo de Jesus, pedinte boa praça e amigo de todos), Murilo Canto, Wilmar Peixoto, Pedro Guidi, Diomício Freitas, Altair Cascaes, Doutor Jacy Eustáchio Fretta, Luli Conti, Doutor Fernando Carneiro, Wilson Barata (Wilson Lopes Fernandes Freire Barata, nome completo), Dite Freitas, João Botelho (João Bonifácio Medeiros), Ediz Milaneze, Olávio Pavei, Moacir Jardim de Menezes, Célio Grijó, Manoel Ribeiro, Arlindo Junkes, Antônio Guglielmi Sobrinho, Fidélis Barato, Aristides Mendes (Tidinho), Nereu Guidi, Antônio Luiz, Clésio Búrigo, Milioli Neto, Sérgio Luciano (Joci Pereira, nome verdadeiro, então gerente da Rádio Eldorado). Poderia citar mais, porém devo me apertar num limite anual até 1963/1965, por aí. Depois vieram outros, no curso dos anos e até final da década e após ela (e são tantos e incontáveis). Direi depois.

Fico nesses porque as lembranças ardem ao relembrar as relações mantidas à custa de muitas tertúlias e papos descontraídos no Bar Damasco, no Café Rio, no Café São Paulo, no Café Ouro Preto, no Círculo São José, nas aglomeradíssimas noites de domingo na Praça Nereu Ramos e na Praça Etelvina Lins (sim, nem dava pra caminhar direito, tanta gente havia circulando e em “bolinhos” de conversa fiada). Posso ter esquecido algum detalhe e deixo com os meus seis leitores a tarefa de completar o relicário.

E uma lembrança é forte: circulava em casa de amigos no hoje Bairro Pio Correa. Casas de madeira, rústicas, algumas até pobres. Matagal completo e montes de pirita (resultado da  mineração), com poças de água amarelada. Tudo muito inóspito. E então surgiu o Colégio Marista. Ao redor, cresceu o local. Pouco mais adiante, construíram mansões e virou “Vila dos Engenheiros”, porque seus moradores o eram. Viram ali um futuro imobiliário interessante, depois confirmado.

E fico pasmo ante a velocidade de mudanças nesses cenários. Próprio do progressismo, diria. E o visual se alterou drasticamente. E isso ocorreu em todos os pontos da cidade. Até em sua região central. A lembrar o atual Museu Augusto Casagrande. Bem lá atrás foi a única construção de alvenaria numa vastíssima região. Lá da Rua Seis de Janeiro se visualizava fácil e majestoso.

E o cheirinho de pão novinho da Padaria Brasil nas madrugadas? Ah, até “alvoroçava as bichas”, como dizia mamãe.

Noutra crônica falarei de momentos assim lá do Araranguá e tentarei resgatar os indícios do chão do meu cordão umbilical enterrado bem fundo pros bichos não bulirem com ele.

Por Aderbal Machado 14/10/2023 - 08:00

A vida é uma sucessão de crônicas. Algumas mal escritas. Outras inspiradas. Uso aqui uma simbologia típica da profissão – o jornalismo.

Ao longo de oitenta anos, vividos sem muita criatividade (confesso) e ao sabor de bilhões de improvisos, pude enxergar os textos de momentos cruciais uns, amenos outros. Guardei muitos no fundo da memória e jamais os revelarei. A maioria está pronta para ser mostrada. Um a um, sem dó e  nem piedade. Vai depender do ânimo no futuro. 

Pois sendo parido por Dona Amarfilina numa quarta-feira de maio, dia 10, ano de 1944, 9 da manhã na Boa Vistinha do Turvo, então Araranguá, nem poderia supor o menor vestígio dos caminhos a seguir lá adiante (ou cá adiante, onde já estou – e o tempo, jovens, passa num relâmpago, tenham certeza; mas  isto só verão depois). Porque ali, nas brumas das noites silentes e dos dias solitários no sertão lindo e acolhedor, de céu escancarado de estrelas e imaginações, supunha eu ser aquilo ali o mundo inteiro. Pois havia ali, naquele solo fértil, a sobrevivência em tudo de quanto ela se compõe, vegetal, mineral ou animal. E poético, até, me permitam.

Dias de sol motivavam brincadeiras alegres, com as sombras a correr atrás; em dias de chuva, a farra nas poças, a olhar os pingos salpicando o chão e o cheiro da terra molhada invadindo o ar. Nada parecido e nem imitado. 

Em verdade, a natureza nos cedia o máximo e assim vivíamos – e nem supúnhamos que, um dia, isso terminaria quase melancolicamente, ante a imensidão invasiva dos asfaltos, concretos, muros e grades pra todo lado. E então, hoje, fico elucubrando sobre a velocidade terrível dos tempos. Saímos daquela alegria pura e sem mistérios para a sofisticação falsa de tempos duros. Da luta pela sobrevivência e da simplicidade para a loucura das tecnologias e do chamado “progresso”. E até agora fico na dúvida se isso foi evolução. Duvido, mesmo, que tenha sido. Ou que seja.

Agora mesmo, perturbado pelo celular, pelo computador, pela televisão (“máquina de fazer doido”, no dizer de Stanislaw Ponte Preta, o saudoso e inigualável Sérgio Porto) e sei lá mais: microondas, forno elétrico, cafeteira que trabalha sozinha (saudade do coador de pano...) liquidificador, batedeira de bolo, roupa sintética, automóveis elétricos, home banking, pix (meu Deus!!), pão que dura duas semanas em casa sem estragar (ou mais, até), tudo enlatado, twitter, facebook, instagram e o caralho a quatro. Doido. Fiquei doido. Estou doido. Poderia colocar um acento e mudar o sentido – e seria verdade: doído. Por que é. Com acento MUITO agudo no “í”. 

No entanto, para arrefecer esta agonia insensata do atropelo dos anos, agora mesmo, depois de cruzar desertos, planícies e lavouras férteis de conhecimentos e experiências, retorno à origem e pratico o jornalismo e o radialismo do começo. Ou do recomeço. E me enxergo querendo criar e aprender. E crio e aprendo. Pelo menos nisso ficou bom: adquiri a consciência libertária do “só sei que nada sei” (Sócrates). O que já é um saber importante.

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