Quando encerrei na rádio Som Maior, quase 12h30, a transmissão da entrevista coletiva sobre a operação que busca desvendar o esquema fraudlento na compra dos respiradores, recebi mensagem do ouvinte Sandro Candeo - "Que absurdo; entraram para fazer a nova política, decepção geral!".
Estava, como todos nós, impactado com o que foi revelado.
Os comandantes do Ministério Público, Polícia Civil e Tribunal de Contas no estado desnudaram na coletiva o esquema de um grupo que operou no estado para desviar recursos públicos.
Vai desde lavagem do dinheiro no Mato Grosso do Sul, ao uso da empresa do Rio de Janeiro que não tinha as condições minimas para fazer aquela operação. E tudo com a participação agentes públicos.
Os nomes dos investigados não foram revelados porque o processo tramita em segredo de justiça.
Mas, o Ministério Público vai protocolar ainda hoje à tarde um pedido para o Tribunal de Justiça "quebrar o sigilo", e permitir a abertura do processo, com liberação de todas as informações. O que parece lógico, por se tratar de assunto do interesse coletivo. O TJ pode decidir já amanhã (mesmo sendo domingo).
Pelo movimento de viaturas e policiais, e do entra e sai na sede da Deic, foi possivel confirmar, no entanto, que o secretário Douglas Borba, chefe da Casa Civil, prestou depoimento hoje pela manhã (informação dada pela CBN de Florianópolis).
O secretário de administração, Jorge Tasca, também (informação dada pela NSCTV).
Tasca teria repetido afirmações do ex-secretário Helton Zeferino, imputando a Douglas a condução da operação dentro do governo, e que pressionava por isso.
A situação de Douglas no governo volta a ficar seriamente ameaçada.
Hoje foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão.
Não foi confirmado, mas também não foi negado, o pedido de prisão de seis pessoas, que o Tribunal de Justiça indeferiu.
Um dos seis era um secretário de estado, e entre os outros, alguns de sua relação.
Uma ação cautelar permitiu o sequestro de r$ 11 milhões, já transferidos ao estado, para reparação de prejuízos aos cofres públicos.
Esse valor teria sido encontrado no Mato Grosso do Sul, para onde o dinheiro foi encaminhado para passar por um esquema de "lavagem".
As buscas foram feitas em 12 cidades, que não foram identificadas na coletiva.
Informações dadas na coletiva que sintetizam bem o ocorrido:
"Processo de compra fraudulento, desprovido de garantias mínimas - "Pagamento antecipado foi vantagem ilícita, em prejuízo ao erário"- "Empresa não tinha capacidade
para realizar a operação" - "Organização se valeu das fragilidades do processo de compra para com isso produzir prejuízo ao erário"- "Tribunal de Contas havia orientado que pagamento antecipado nao poderia ser feito" - "Um conluio criminoso para uma ação criminosa".
Enfim, não foi apenas um "descuido", ou "uma falha", como o governo sustentou até agora.
Ministério Público, Tribunal de Contas e Policia Civil se disseram convencidos que foi uma "organização montada" para fraudar o estado.
O chefe do Ministério Público, Fernando Comin, fez questão de ressaltar que "não há indício algum de possível envolvimento do Governador".
Mas, é o governo de Moisés.
E envolve pessoas a quem ele deu poder para agir em seu nome.
Tudo isso é munição para a CPI que começa a funcionar na Assembléia Legislativa, e para os processos que passarão a tramitar na esfera judicial.
Governador precisa reagir para tentar salvar o seu governo, e o seu mandato.
Tem que reagir imediatamente. O tempo corre contra ele.
A continuar assim, é ladeira abaixo.
Ele terá dificuldades para preencher cargos que ficaram e ficarão vagos no governo, e não vai ter quem defendê-lo nas ruas, e no ambiente político.