Atual representante do bolsonarismo em Santa Catarina e franco favorito a vencer a eleição para governador, o experiente candidato Jorginho Mello (PL), concedeu entrevista na manhã desta segunda à Rádio Som Maior, de Criciúma. Eu disse “atual” pois em 2018 a vaga de candidato bolsonarista foi ocupada por Carlos Moisés da Silva, eleito pelo falecido PSL, com uma votação expressiva, por ostentar a imagem de “candidato do Bolsonaro” aqui no estado. De lá para cá, muita coisa mudou e o candidato que representa o bolsonarismo, também. Jorginho Mello, que foi batizado “Jorginho” e não Jorge, como ele gosta de frisar, em algum momento parece destoar da imagem bolsonarista que tenta impor, como quando reforça que irá destinar 50% das vagas dos cargos comissionados de seu governo, às mulheres. Mello tem vasta vivência política, tendo ocupado diferentes funções, entre elas, deputado estadual, federal, presidente da Alesc, governador interino, senador.
Há três semanas do 2º turno, tem como adversário o candidato do PT, Décio Lima. Era o cenário dos sonhos projetado pelo candidato, já que pesquisas indicavam que enfrentar o representante da esquerda apontaria uma vitória com folga. Eu sei que você está aí pensando que as pesquisas falharam aqui no estado, mas vale lembrar que agora temos o resultado das urnas no 1º turno e elas deram 38% para Jorginho Mello e 17% para Décio Lima. Esses são os fatos. Uma semana após carimbar sua ida ao 2º turno, é possível observar que a preocupação dos eleitores catarinenses está voltada para duas questões centrais: qual será o perfil da equipe de governo que Jorginho pretende montar e como seria sua gestão numa eventual vitória de Lula.
Em meia hora de conversa, Jorginho Mello foi questionado sobre essas questões e também sua opinião sobre o piso da enfermagem, cotas para mulheres em seu governo, aporte de recurso estadual em obra federal, quais projetos do atual governo ele manteria, entre outros assuntos. A entrevista completa está disponível no youtube do Portal 4oito.
Se Lula vencer as eleições
No caso de uma vitória de Lula no próximo dia 30, Jorginho Mello disse que ocupar uma função pública é representar uma coletividade. “No caso do governador, está representando o estado, que precisa de parceria com o governo federal. Quem não fizer isso, prejudica o estado. Então não tenho dúvida, de que se não for o Presidente, mas, fique tranquila, a eleição já foi revertida. O relacionamento respeitoso tem que acontecer e isso eu sei fazer muito bem”, destacou, deixando claro que pretende manter bom relacionamento com o governo federal, independente de quem seja o Presidente.
Mello já foi governador
Upiara Boschi lembrou que neste domingo (9) fez 13 anos que Jorginho Mello assumiu o governo do estado interinamente (durante a gestão de Luiz Henrique da Silveira) e perguntou se foi naquela ocasião que ele decidiu que queria ser governador legítimo. Mello ressaltou que sempre imaginou um dia poder ser o governador deste estado. “Há muito tempo eu desejo ser. Quando assumi o senado eu falei que iria trabalhar pra construir uma candidatura a governador”.
Tirar dinheiro de obra dá uma conversa ruim
Adelor Lessa citou a BR 285, rodovia federal que teve a obra interrompida no início desse ano por falta de recurso. Depois, as obras foram retomadas com recurso estadual e, na sequência, com recurso federal. Para 2023 o orçamento da União prevê apenas R$ 320 mil pra essa obra, o que não daria para fazer nem um quilômetro de asfalto. Se o Sr. for governador, o estado vai colocar dinheiro na obra pra ela não parar, questionou o jornalista.
“Tirar dinheiro de uma obra dá uma conversa ruim. Se o governo federal não conseguir - mas vai conseguir-, é claro que nós vamos fazer isso. Tudo que é do Sul a gente vai tocar. Se o governo federal não tiver, nós vamos colocar e descontar imediatamente da dívida do estado”.
Dinheiro pra lá, dinheiro pra cá
Recentemente, Jorginho Mello disse que pretende dar continuidade ao Plano 1000, programa de repasse de verba aos municípios que ficou conhecido como “Pix”. Hoje, o candidato foi questionado sobre qual outro programa do atual governo ele daria sequência, além do pix. “Eu disse para os prefeitos, se a preocupação é dinheiro pra lá, dinheiro pra cá, fiquem tranquilos. Eu sendo governador a gente vai tocar com racionalidade todas as obras que são estruturantes”, respondeu.
Lu Ceretta na pasta da Educação?
Upiara Boschi perguntou se nomes que já foram indicados por Mello em outras gestões, como é o caso de Ronaldo Carioni (DNIT), podem compor o secretariado de seu governo. O candidato disse que não tem nenhum nome definido. “Depois de eleito vou tratar disso imediatamente. A imprensa falou sobre Professor Cimadon de Joaçaba, a Professora Lu Ceretta aí de Criciúma, para a Educação, são dois nomes extraordinários, mas não temos nada definido ainda. Vou chamar os melhores nomes de Santa Catarina”, pontuou.
Completar a tabela SUS
Adelor Lessa trouxe à pauta a tabela SUS e perguntou se em seu governo, Jorginho pretende completar a tabela, fazer um aporte periódico aos hospitais filantrópicos pra fazer um equilíbrio financeiro dos hospitais. “Claro. Nós vamos fazer um grande mutirão para zerar as filas”, disse o candidato.
Piso da Enfermagem
Continuando na pauta da saúde, perguntei sua opinião sobre o piso da enfermagem. “Sou a favor. Acho que o governo federal pode mexer no imposto da folha de pagamento dos hospitais pra ajudar. Tem fundos que a deputada federal Carmen Zanotto está fazendo um trabalho em Brasília. Sou favorável ao piso. O Brasil tem dinheiro, os estados têm, acho que não é um bicho de sete cabeças. Dá pra fazer um sacrifício pra prestigiar eles”, concluiu.
Educação superior: aumentar os investimentos de 3 para 5%
“Vou comprar as vagas do sistema Acafe. Passar de 3 para 5% o investimento estadual em educação superior”, ressaltou. Upiara quis saber de onde o governo vai tirar o dinheiro (aproximadamente R$ 2 bilhões). “Vamos tirar do próprio orçamento. é questão de prioridade”.
50% dos cargos comissionados para mulheres
Lembrei o candidato que no primeiro turno, ele havia dito que destinaria 50% das vagas dos cargos comissionados às mulheres. “O Sr. mantém essa promessa?”, perguntei. “Claro. Eu quero prestigiar as mulheres. Até brinquei que pode ser 60%. Quero contratar as melhores cabeças, pode ser 60% homem, mulher”.