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* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Benito Gorini 09/03/2023 - 09:00 Atualizado em 09/03/2023 - 11:56

A expressão “cruzada” originou-se do fato de seus participantes serem “soldados de Cristo”, marcados pelo sinal da cruz, ostentada em vermelho nas suas vestes. As cruzadas tiveram várias causas – econômicas, políticas, sociais – mas não se pode negar a importância fundamental do fator religioso. Na idade média pecado e crime eram sinônimos e com atos de penitência procurava-se  conquistar as indulgências, evitando-se as “condenações eternas”.  A forma mais popular de penitência era a visita a lugares sagrados, que freqüentemente continham relíquias de santos ou fragmentos de alguma peça de interesse religioso. 

A primeira cruzada, em 1096 sob a orientação do papa Urbano II , procurava recuperar a Terra Santa, em poder dos “turcos infiéis”. Os cristãos não podiam tolerar a perda de Jerusalém e a proibição da visita ao Santo Sepulcro. A cidade, sagrada para judeus (o grande Templo de Salomão), cristãos (os eventos da Paixão de Cristo) e muçulmanos ( a ascensão ao céu de Maomé), até hoje é objeto de disputa entre as três religiões monoteístas.  Várias cruzadas foram realizadas e de uma maneira geral não obtiveram os resultados esperados. A cruzada do rei francês Luis IX , oitava e última em 1270, foi um total fracasso, ocasionando centenas de mortes, inclusive a do soberano, posteriormente canonizado pelo Papa Bonifácio VIII em 1297. Luis IX construiu a magnífica Sainte- Chapelle em Paris para abrigar a coroa com espinhos  de Cristo.

Sainte-Chapelle após o restauro I Fonte: Le Centre des Monuments Nationaux

 As Ordens dos Templários e dos Hospitalários surgiram durante este período. Os cavaleiros templários, que haviam acumulado enorme fortuna, foram alvo da cobiça do rei francês Filipe IV, o belo, que exerceu forte pressão sobre o papa Clemente V, conseguindo a supressão da ordem. O seu último grão-mestre, Jacques de Molay, foi condenado a morrer na fogueira na Ile de la Cité, em local bem próximo à Catedral de Notre Dame, em Paris. De Molay lançou uma maldição contra o rei e o papa, condenando-os a prestar contas com Deus, o Juiz Supremo, até o final daquele ano. As últimas palavras do Grão-Mestre tornaram-se realidade: o papa morreu em abril de 1314, um mês após a morte de De Molay, e o rei em novembro do mesmo ano.

Placa no local da execução de Jacques de Molay, na Praça “Vert Galant” I Fonte : FranceGenWeb

 

A Praça “Vert Galant” Fonte : unjourdeplusaparis.com

Nem tudo, no entanto, estava perdido. O intercâmbio entre duas civilizações, ocidental cristã e oriental muçulmana, a aquisição de novos conhecimentos médicos, científicos e matemáticos provenientes da cultura árabe, a expansão do comércio e uma maior tolerância religiosa entre cristãos e muçulmanos figuram como conquistas das cruzadas.

Sugestões

    • Grandes Pecadores, Grandes Catedrais, livro de Cesare Marchi mostrando a grande importância das peregrinações e relíquias na Idade Média
    • O Rei de Ferro,  primeiro dos sete livros da série “Os Reis Malditos”, de Maurice Druon e filme com Gérard Depardieu

Por Benito Gorini 02/03/2023 - 09:00 Atualizado em 02/03/2023 - 10:09

A revolução francesa determinou a queda da realeza, a perda do poder da nobreza e o desprestígio do clero, principais patronos das artes. Os artistas passaram a gozar de maior liberdade, mas também foram obrigados a “lutar pela vida”. Surgia, no início do século XIX, o romantismo, movimento de reação ao classicismo do século anterior, com enorme repercussão na música, literatura e pintura. Os românticos, contrapondo-se à inclinação intelectual dos clássicos, davam ênfase aos aspectos emotivos e sentimentais, procurando inspiração nas lendas e temas medievais, como bem demonstram “Notre Dame de Paris” (O Corcunda de Notre Dame, em português), de Victor Hugo, “Guilherme Tell”, de Schiller, as inúmeras óperas de Wagner sobre lendas germânicas e as telas “A Corte da Inquisição”, de Goya e “Dante e Vírgilio no Inferno”, de Delacroix. 

No período romântico, a maior liberdade de expressão acabou gerando um grande apego às paixões e aos prazeres mundanos. Em função da vida  desregrada, muitos românticos morreram muito jovens, principalmente de tuberculose ou das complicações do excesso de bebidas alcoólicas, como o licor de absinto, a “fada verde”, bebida da moda de então. Uma tela de Degas - célebre pelas pinturas de bailarinas - mostra uma mulher bebendo absinto no Café “Nouvelle Athènes”, na Place Pigalle, local de encontro da boemia de Paris. O bairro Montmartre, onde se localiza o Moulin Rouge,  ainda é famoso pela agitada vida noturna.

Dans um Cafe, óleo sobre tela de Edgar Degas, Museu d´Orsay, Paris

Paris, com sua maravilhosa vida noturna e  Viena, a capital do classicismo, embora em declínio, atraíam músicos, poetas, escritores e pintores como centros artísticos e culturais  europeus. Chopin, que escandalizou a sociedade da época ao viver um tórrido romance com a feminista George Sand (Aurore Dupin), morreu aos 36 anos. O irreverente  Modigliani, pintor de magníficos nus femininos, morreu na miséria após uma breve existência repleta de prazeres. O escritor “maldito” Baudelaire, que escandalizou a sociedade com sua obra “Flores do Mal”, também não resistiu muito tempo aos excessos típicos da época.  O grande compositor austríaco Schubert, apelidado de o “louco celeste” por um amigo,  talvez não tenha tido tempo de concluir sua célebre “Sinfonia Inacabada”, pois só viveu 31 anos. Mendelssohn, de uma família de banqueiros judeus ricos e  cultos, recebeu primorosa educação em várias áreas do conhecimento humano, exercendo enorme influência na vida musical da Europa. Foi o responsável pela redescoberta da obra de Bach, que andava esquecida. Morreu aos 38 anos. Os poetas brasileiros Castro Alves e Casimiro de Abreu não fugiram à regra e morreram em tenra idade.

Os famosos nus de Modigliani. Metropolitan Museum of Art, Nova York I Fonte: Metmuseum.org

Felizmente, como dizem os franceses e não cansava de repetir o meu mestre, o saudoso professor Hilton Rocha “à quelque chose malheur est bon”, que poderíamos traduzir como “há males que vêm para o bem”. A tuberculose, que ceifou a vida de tantos artistas, foi a responsável pela fundação da Faculdade de Medicina da UFMG, por médicos que buscavam o ar puro das alterosas na tentativa de curar suas graves afecções pulmonares. 

Sugestões

  • À Noite Sonhamos, filme de 1945 sobre Chopin
  • Paixão pela Vida, com Andy Garcia interpretando Modigliani
Por Benito Gorini 23/02/2023 - 07:23 Atualizado em 23/02/2023 - 07:39

O livro de Judite, do antigo testamento, nos relata a história da bela viúva que salvou a cidade de Betúlia  das mãos do general assírio Holofernes, após um cerco de 40 dias. Com a população à beira da morte, Judite decidiu visitar o acampamento do inimigo, revelando falsos segredos e conquistando com sua beleza a admiração e a confiança do general. No final de um banquete, a sós com o adormecido Holofernes, embriagado pelo excesso de vinho, Judite o decapitou, fugindo com a sua cabeça para a cidade de Betúlia. No dia seguinte, os assírios, apavorados pela descoberta do corpo do seu líder, abandonaram o local do cerco, sendo perseguidos pelos israelitas que, vitoriosos, dirigiram-se à Jerusalém para render ao Senhor as homenagens típicas da época: cânticos, preces e sacrifícios de animais.

É impressionante o interesse que este relato bíblico despertou entre escultores, pintores, poetas e músicos em diversos períodos da história da arte. Michelangelo retratou o episódio nos seus afrescos imortais da Capela Sistina. Andrea Mantegna, Botticelli e Palma Vecchio, pintores renascentistas, e Caravaggio, Artemísia Gentileschi e Cristofano Allori, pintores do período barroco, utilizaram o tema em seus quadros. Donatello, grande escultor florentino, chocou seus contemporâneos com a escultura de Judite segurando a cabeça de Holofernes, em exposição no Palazzo Vecchio de Florença.

Judite e Holofernes de Donatello, no Palazzo Vecchio, Florença I Fonte: www.donatello.net
Judite com a cabeça de Holofernes, teto da Capela Sistina, Michelangelo I Fonte: Wikimedia Commons
Judite e Holofernes, tela de Caravaggio na Galeria Nacional de Arte Antiga, Roma I Fonte: Wikipedia

O compositor austríaco Mozart, um dos maiores de todos os tempos, compôs o oratório “ Betulia Liberata ” peça sacra em dois atos com duas horas de duração.

É digna de registro a participação do tenor Aldo Baldin, natural de Urussanga,  em uma edição completa das  cantatas e oratórios de Mozart, gravadas em CD   pela Phillips. Baldin, muito conhecido no mundo da ópera, principalmente na Alemanha onde chegou a primeiro tenor lírico do Teatro Nacional de Mannheim, foi obrigado a emigrar ainda jovem para a Europa em virtude da falta de perspectivas  em nosso país. Sua morte precoce, enquanto desenvolvia um grande trabalho como professor e regente, impediu que se prestasse uma homenagem ao grande tenor, famoso no velho mundo mas praticamente desconhecido no Brasil. O nosso estado já o homenageia com o Festival Nacional Aldo Baldin. 

Betulia Liberata, Oratório de Mozart I Foto: Acervo Pessoal
Libreto dos Oratórios, Cantatas e Música Maçônica de Mozart I Foto: Acervo Pessoal
Aldo Baldin, foto extraída do libreto Oratórios, Cantatas e Música Maçônica
 de Mozart, com importante participação do cantor natural de Urussanga

 

Por Benito Gorini 16/02/2023 - 05:00

Construído para a Exposição Universal de 1929 no Parque de Montjuic em Barcelona, o Poble Espanyol é um grande museu ao ar livre com reproduções em escala real de 116 construções, ruas e praças de cidades espanholas. Foi concebido para ser uma mostra de apenas 6 meses - a exemplo da Torre Eiffel, construída para a Exposição Universal de 1889 - e seria posteriormente demolido. Mas o sucesso de ambos os empreendimentos foi tamanho que permanecem até hoje atraindo milhões de turistas de todo o mundo. Atualmente abriga 40 espaços dedicados ao artesanato, além de restaurantes, bares, galerias de arte, teatro e museu.

Portão de acesso | El Poble Espanyol

No Parque das Nações temos um excelente espaço que poderia abrigar uma pequena vila com construções típicas das 7 etnias que colonizaram Criciúma. E poderiam até incluir uma oitava, porque o Trentino-Alto Ádige pertencia à Áustria quando os imigrantes italianos chegaram à nossa região. Haveria ainda a possibilidade de  incluir no projeto pequenas muralhas, semelhantes às cidades medievais europeias como Óbidos, Ávila, Carcassone,  Rothenburg, Glorenza  e Dubrovinik. 

Rothenburg Ober der Tauber, a mais bela cidade murada da Europa | Foto: Arquivo pessoal
A Vila Germânica, em Blumenau, exemplo de empreendimento bem sucedido | Foto: Tripadvisor

Na vila poderiam ser comercializados produtos típicos da região, artesanato  e a grande diversidade culinária  das etnias. Iria se somar à Mina Modelo Octávio Fontana  e ao recém construído Parque Astronômico Albert Einstein - um sucesso de público -   e  com certeza atrairia um grande contingente de turistas, melhorando sobremaneira o potencial  de nossa cidade.

Parque das Nações Cincinato Naspolini I Foto: Lucas Colombo TN Sul

O Parque Astronômico Albert Einstein I Vídeo: Prefeitura de Criciúma

Criciúma, pela qualidade de sua rede hoteleira, pujante comércio, ótimas opções gastronômicas e excelente localização entre a serra e o mar, poderia se transformar em um imenso hub, ponto de partida para passeios regionais em roteiros integrados com municípios circunvizinhos. 

Devaneio? Pode ser. Mas sonhar não custa nada. 
 

Por Benito Gorini 09/02/2023 - 09:25 Atualizado em 09/02/2023 - 10:34

A Alsácia tem sido disputada durante séculos entre alemães e franceses, tendo mudado sua nacionalidade em quatro ocasiões desde a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Localizada no nordeste da França, entre o Rio Reno as montanhas dos Vosges (cujo ponto culminante é o Grand Ballon com 1.424 m), é uma região de localização geopolítica estratégica, evidenciada pelos castelos e fortes, como o imenso Haut-Koenigsbourg, que do topo da montanha domina todo o vale e alguns passos dos Vosges. Após a I Guerra Mundial os franceses retomaram a região e construíram uma imensa estrutura fortificada para evitar futuras invasões, a Linha Maginot, acompanhando os Vosges da Suíça até a Bélgica. No entanto, na II Guerra Mundial os alemães evitaram a linha e invadiram a França pela Floresta dos Ardenes - julgada intransponível - com as divisões Panzer de Guderian. A blitzkrieg deu resultado e a França capitulou ao poderio nazista. Um erro estratégico de Hitler, ao deter o avanço de seus tanques, permitiu a famosa Retirada de Dunquerque, em que as tropas aliadas atravessaram o Canal da Mancha, refugiando-se na Inglaterra.

O Castelo de Haut-Koenigsbourg. “A Grande Ilusão”, obra-prima do diretor Jean Renoir, teve muitas cenas gravadas no castelo I Foto: The World of Castles

 Os vinhedos e as belas vilas da pitoresca Rota do Vinho, em especial Riquewihr, Ribeauvillé e Kaysersberg, museus a céu aberto repletos de ruas de pedra, casas medievais com floreiras nas janelas, muralhas, fontes renascentistas e inúmeras adegas,  formam o cartão de visitas da Alsácia.

As cegonhas fazem seus ninhos nos telhados de Ribeauvillé I Foto : Office de Tourisme Ribeauvillé

Amantes do vinho se sentirão em casa degustando o “Vin d´Alsace”, branco, aromático, seco e encorpado, derivado das castas viníferas Riesling e Gewurztraminer, principalmente se estiver acompanhado do Choucroute Garnie (salsicha, chucrute, lombo de porco defumado, bacon e batatas cozidas ), prato típico da generosa culinária alsaciana. Os vinhos alsacianos, ao contrário dos vinhos de outras regiões da França, discrimina no rótulo o nome das castas utilizadas.

Imagens de Riquewihr | Foto: Arquivo Pessoal
Imagens de Riquewihr | Foto: Arquivo Pessoal

  
Colmar, “a pequena Veneza”, com seus inúmeros canais, atrai turistas de todo o mundo. Estrasburgo, capital da Alsácia, é conhecida como a “encruzilhada da Europa”, pela sua localização privilegiada entre a França, Alemanha e proximidade com a Bélgica, Luxemburgo e Suíça. A magnífica fachada de sua Catedral, o Museu Histórico, os belos canais e a sede do Parlamento Europeu fazem da cidade importante destino turístico.

O Museu Nacional “La Cité d´Automobile”  em Mulhouse, construído pelos irmãos Schlumpf  é considerado o maior do mundo Vídeo:  patou44

O Reno, navegável a partir de Basileia na fronteira com a Suíça, faz a divisa da Alsácia com a Floresta Negra, na Alemanha. O rio tem importância estratégica desde o Império Romano. Os acampamentos instalados às suas margens viriam a se transformar em importantes cidades.

Sugestões

  • Vinho e Guerra, livro de Don e Petie Kladstrup;
  • Choucroute Garnie, prato típico,  acompanhado de um generoso vinho alsaciano.

Destaques

  • Os canais da Pequena Veneza, em Colmar;
  • O Museu Albert Schweitzer sobre o médico, teólogo, organista e escritor natural de Kaysersberg, agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 1952 por seu trabalho missionário em Lambaréné, no Gabão;
  • O Museu do Automóvel em Mulhouse;
  • A Trilha do Vinho em Turkheim, com placas explicativas sobre os vinhedos;
  • La Volerie des Aigles,  centro de preservação das águias e outras aves de rapina no Castelo de Kintzheim.
     
Por Benito Gorini 02/02/2023 - 07:00 Atualizado em 02/02/2023 - 16:27

No próximo sábado, será realizado o 5º Luau dos Cinquentões, que já se tornou marcante na agenda de eventos do Balneário Rincão. Eraldo Peruchi, idealizador do Luau, é o autor deste breve histórico sobre o evento: “Tudo isso começou com a iluminação das casas à beira-mar. Renatinho Lodeti, Tunico Burigo, Sandro Araújo, Roma e Eu iniciamos de forma tímida o 1º Luau, em 2017. Jairo Custódio tinha sido eleito prefeito e iniciou uma verdadeira revolução com obras e serviços por todo o lado. Coube a um grupo de voluntários (VDR) iniciar vários trabalhos comunitários, o cuidado com animais de rua, o ajardinamento da orla e do centro, a iluminação (LED) das casas à beira-mar e atividades culturais. O 2º Luau, já com o apoio da Zamaco e  participação de Marcelo, Piá, Vânio, Vítor, Carlinhos, Claudinho e maestro Pedro Apolinário, ocorreu também na Zona Sul e apesar da chuva foi um grande sucesso. O evento cresceu e o  3º Luau contou com a organização do  Dr Benito Borges (que havia participado dos anteriores),  Darlan Thomazzi e Célio Biz. Mais uma vez bombou. E o 4º, com a coordenação de Benito Borges e o Dr Márcio Zaccaron, foi um sucesso total. Era gente por todo o lado, na orla em frente à praça da Zona Sul. 2000 pessoas reunidas à beira-mar, numa noite memorável, sem vento, lua cheia, mar quente, som contagiante e todos muito felizes. E chegando agora o 5º Luau, coordenado pelos casais Ronaldo/Teka Freitas e Flávio/Rosalba Spilere. Será ímpar, será excepcional. E, é claro, o ponto alto da festa, a alegria e o som contagiante da banda É Isso Aí, a cada ano mais afinada e com um maior número de participantes”. A expectativa é que se torne um grande  evento do Rincão. E se depender da dedicação do  Eraldo e colaboradores, em breve poderá ostentar o título do “Maior Luau de Santa Catarina”.

A Banda É Isso Aí no 4º Luau I Foto: Ulisses Job

A banda É Isso aí na Som Maior FM

Confira a galeria de imagens e a alegria da galera no 4º LUAU

*Fotos de Ulisses Job

Por Benito Gorini 26/01/2023 - 07:00 Atualizado em 26/01/2023 - 09:18

Muitos pacientes, inconformados com a progressão inexorável de suas doenças crônicas ou revoltados pela perda de um familiar, transferem a culpa para a Medicina. No entanto, o seu avanço foi notável, principalmente nos últimos 150 anos. 

Na Idade Média a mortalidade era enorme e a expectativa de vida não passava  dos 40 anos. A peste negra de 1348 exterminou 1/3 da população europeia, os ferimentos de guerra eram cauterizados com óleo fervente, procedimento extremamente doloroso e frequentemente ineficaz na prevenção dos processos infecciosos.

 Pieter Bruegel o velho, O Triunfo da Morte, de 1562. Museu do Prado, Madri

Os marujos morriam às centenas vitimados pelo escorbuto nas grandes navegações do século XVI. Os diabéticos não viviam muito tempo, a paralisia infantil (poliomielite) deixava sequelas permanentes e o tétano condenava o doente a um fim lento, doloroso e terrível.  As mulheres eram vítimas da febre puerperal, grave e letal infecção pós-parto e a sífilis provocava graves alterações neurológicas nos seus estágios finais. A tuberculose extinguia lentamente a força dos jovens, condenando-os a um fim trágico, como o ocorrido com muitos poetas, músicos e pintores românticos do século XIX. A população indígena das Américas foi quase exterminada em decorrência das doenças virais trazidas pelos colonizadores europeus.  

Antes da descoberta dos microorganismos como causa de doenças, os principais enfoques da medicina preventiva e da saúde pública restringiam-se às medidas higiênicas. A introdução dos métodos antissépticos na cirurgia por Semmelweiss e Lister salvou muitas vidas. Após o grande trabalho de Pasteur demonstrando a existência das bactérias e a introdução das vacinações por Jenner, Salk e Sabin, praticamente desapareceram as grandes catástrofes provocadas pela varíola, cólera e difteria, que devastaram regiões inteiras até o século passado. A descoberta da anestesia por dois dentistas de Boston, Wells e Morton, no século XIX, auxiliou na redução da mortalidade e na mitigação do sofrimento. O combate aos processos infecciosos e inflamatórios foi notável com a descoberta da Penicilina em 1928, das Sulfas em 1935  e da Cortisona em 1948.

Os pacientes talvez tenham alguma dose de razão nas suas reclamações, mas não em relação à eficácia da medicina. Se por um lado os recentes avanços nos procedimentos diagnósticos e terapêuticos tornaram-na altamente eficiente, os custos proibitivos e o mau gerenciamento inviabilizaram estas conquistas  para grande parte da população. 

Sugestões

  • Decameron, de Boccaccio, escrito durante a Peste Negra de 1347-48;
  • A Peste, de Albert Camus, romance situado na cidade argelina de Oran em 1940 mas baseado em uma epidemia de cólera  que dizimou grande parte da sua população em 1849;
  • Os Noivos (I Promessi Sposi), livro de Alessandro Manzoni com extensas passagens sobre a peste de 1630 na Lombardia;
  • O Requiem de Verdi, em homenagem a Alessandro Manzoni, em especial o “Recordare”;
  • O filme “A História de Louis Pasteur”, de 1936;
  • Os Micróbios e o Homem, episódio 1“O Inimigo Invisível”. Excelente série da BBC relatando a grande contribuição e o fim trágico do médico húngaro Ignaz Semmelweiss.
Por Benito Gorini 19/01/2023 - 12:00 Atualizado em 19/01/2023 - 12:06

A Praça de São Marcos, vista de um vaporetto navegando pelo canal da Giudecca, em frente à ilha de San Giorgio Maggiore,  é uma experiência que jamais será esquecida. A República Marítima de Veneza,  “La Sereníssima”, tem fascinado a todos que tiveram o privilégio de conhecê-la.  A Basílica de São Marcos, com suas cúpulas bizantinas incrustadas com mosaicos de ouro, o Palácio Ducal, com magníficos salões repletos de pinturas dos grandes mestres do “cinquecento”, e a bela vista do alto do  Campanário, são atrações  imperdíveis. Napoleão referia-se à Praça de São Marcos como “a mais bela sala de visitas da Europa”.

Palácio Ducal e Campanário vistos do vaporeto no Canal da Giudecca
Bairros de Veneza, chamados de sestieri,  semelhantes aos quarteirões de outras cidades, que por sua vez correspondem a quarta parte de um acampamento romano I Fonte : Evenice, il portale degli eventi a Venezia  
Bairros ( Sestieri ) de Veneza representados nas gôndolas I Fonte : Evenice, il portale degli eventi a Venezia
A Acqua Alta na Praça de São Marcos I Foto: Arquivo Pessoal
Palácios e gôndolas no Canal Grande I Foto: Arquivo Pessoal
O vaporetto no Canal Grande I Foto: Arquivo Pessoal

 Da praça chega-se a Ponte do Rialto, em uma bela e curta caminhada, enquanto aproveitamos o percurso para observar as centenas de lojas vendendo artigos de couro, roupas, joias, bolsas de grifes,  máscaras e cristais de Murano. Pode-se descansar na ponte, observando o frenético movimento dos vaporettos, táxis e gôndolas no Canal Grande. Para concluir nossa  viagem por Veneza, podemos visitar a Academia, com obras de arte da renascença italiana, a Igreja franciscana dei Frari, com magnífico coro em madeira e pinturas de Ticiano e Bellini, e a Scuola Grande de San Rocco, onde Tintoretto passou 24 anos decorando tetos e paredes.

DESTAQUES

  • Os mosaicos da Basílica de São Marcos com a famosa Pala d´Oro
  • O Paraíso, de Tintoretto, maior pintura a óleo do mundo, na Sala do Conselho Maior, no Palácio Ducal
  • Passeio de gôndola ou vaporetto pelos canais de Veneza
  • Os cristais de Murano e as máscaras do famoso carnaval de Veneza

SUGESTÕES

  • Morte em Veneza, livro de Thomas Mann, filme de Lucchino Visconti e Ópera de   Benjamin Britten
  • As Quatro Estações, do compositor veneziano Vivaldi
  • O bacalhau com polenta, prato típico de Veneza, acompanhado de um Pinot Griggio do veneto
     
Por Benito Gorini 12/01/2023 - 05:00 Atualizado em 12/01/2023 - 08:41

No sábado passado com previsão de muito sol, o nosso grupo de motociclistas   “Giro Serra Mar” saiu do Balneário Rincão e  subiu a Serra do Rio do Rastro. No mirante estava frio e com forte cerração. A partir de Bom Jardim da Serra utilizamos uma antiga rota de tropeiros, passando pelos Campos de Santa Bárbara em direção a Urubici.

Ponte sobre o Rio Pelotas I Foto: Edair Junior

O percurso com 40 km se localiza no Parque Nacional de São Joaquim e é mais conhecido pelo nome de Vacas Gordas, pequena comunidade que se localiza na SC 110, próxima do final da trilha. A estrada não é pavimentada e o nível de dificuldade é médio  pelo grande número de pedras, pontes em estado precário e fortes subidas e descidas, sendo recomendado a utilização de motos trail e veículos 4x4. Uma unidade do ICMBio situada a 3 km da SC 110 orienta e controla o acesso ao parque.

Rio do Rastro até Corvo Branco pela trilha de Vacas Gordas I Vídeo: Eliza Magrin

O que tornou o passeio ainda mais perigoso foi a chuva e a neblina, que não estavam previstas, tornando a estrada escorregadia.  Mas felizmente tudo correu bem e as paisagens magníficas da serra encantaram a todos. O ponto de maior altitude da região fica a 1.640 m, só um pouco inferior aos 1.824 m do Morro da Boa Vista em Bom Retiro, ponto culminante do estado.

Cemitério histórico ao lado da trilha I Foto: Wikilok

A ocorrência de neve é muito frequente e alguns sites informam que é a maior do estado, só não sendo mais divulgada pela localização isolada e com poucas áreas habitadas. Almoçamos em Urubici e descemos a Serra do Corvo Branco, outra maravilha do sul catarinense. 

Grupo no Mirante de Urubici I Foto: Grupo Serra Mar
Motociclistas em Urubici I 
Foto: Grupo Serra Mar
Serra do Corvo Branco I Foto: Grupo Serra Mar

Encontramos turistas de várias partes do Brasil e até do exterior. Com a conclusão do asfaltamento da Serra da Rocinha, do Faxinal e do Corvo Branco, a região pode se tornar o  maior polo de turismo de aventura do nosso país. Criciúma, pela qualidade de sua rede hoteleira, pujante comércio,  ótimas opções gastronômicas e excelente localização entre a serra e o mar, poderia se transformar em um imenso hub, ponto de partida para passeios regionais em roteiros integrados com municípios circunvizinhos.

Por Benito Gorini 05/01/2023 - 05:00

O calendário é um sistema utilizado para designar o ano e suas unidades menores, os meses e os dias. Tinha como objetivo inicial prever as estações e determinar a época ideal para o plantio e colheita. Com o passar do tempo novas utilidades foram surgindo como a determinação de festas religiosas e feitos militares. 

Os rudimentos de um calendário surgiram há 4000 anos, com a construção de pedras alinhadas, como as de Stonehenge na Inglaterra. Os calendários primitivos eram baseados nas observações lunares. O mês lunar, de 29 dias, era fácil de ser determinado pelas fases da lua e apropriado para funções que se repetiam durante o mês, porém inadequado para finalidades agrícolas. Havia a necessidade de se acrescentar um mês lunar após certo número de anos para “corrigir” o erro, como ocorre com o calendário hebraico, lunissolar. O calendário muçulmano, exclusivamente lunar, começa com a Hégira, a fuga de Maomé de Meca para Medina, em 622 d.C. Atualmente, os judeus comemoram o ano 5782 e os muçulmanos o ano 1444.

Outros povos utilizaram o sol como padrão de  medida do tempo, porém com grande margem de erro. Júlio César, em 46 a.C. corrigiu o calendário solar, tendo o ano a duração de 445 dias. Os anos subsequentes passaram a ter 365 dias, com o acréscimo de 1 dia a cada 4 anos (anos bissextos). O Calendário Juliano apresentava, no entanto, anos bissextos em excesso, ocorrendo problemas para determinar a data correta das colheitas e da páscoa, que é baseada em eventos solares e lunares  e fixada pelo Concílio de Nicéia de 325 d.C.  

A Páscoa ocorre no primeiro domingo após a lua cheia que sucede o equinócio da primavera no hemisfério norte, com data móvel que varia de 22 de março a 25 de abril. O papa Gregório XIII solicitou ao astrônomo Cristopher Clavius que fizesse um estudo corrigindo a defasagem, resultando no calendário que utilizamos atualmente, o gregoriano. Ao dia 4 de outubro de 1582, uma quinta-feira no Calendário Juliano, sucedeu-se o dia 15 de outubro, sexta-feira no Calendário Gregoriano. 

História do Calendário | Vídeo:  Tzolkin

Acabou gerando graves transtornos. Após o Tratado de Augsburgo de 1555, que pôs fim as hostilidades entre católicos e protestantes na Guerra dos Trinta Anos, ficou consagrado o principio latino “Cujus Regio, Ejus Religio”, obrigando os súditos a seguirem a religião de seus governantes. Se lembrarmos que a Alemanha era constituída de inúmeros burgos, muito próximos e com religiões diferentes, poderemos ter ideia das inúmeras complicações surgidas dificultando o comércio e as relações entre as cidades católicas, já “gregorianas”,  e as protestantes, que não aceitaram o calendário.  A Grã-Bretanha e colônias só o introduziram em 1752, o Japão em 1873, a Rússia em 1923 e a China em 1949. 

Por Benito Gorini 29/12/2022 - 09:00 Atualizado em 29/12/2022 - 10:48

 “Guarda  qua, chistu ciardino
  Sienti,  si sti sciure arance
  Nu profumo accussi fino
  Dinto ´o core se ne va “
                           
 Torna a Surriento, no dialeto napolitano

São 100 km de litoral, formando um dos mais fascinantes  cenários europeus. A estrada, serpenteando às margens do Tirreno, liga a cidade de Sorrento à Salerno. As estreitas ruas de Sorrento, repletas de artesanato, os românticos restaurantes e as encostas cobertas de laranjeiras, limoeiros, oliveiras e vinhedos, fazem da cidade um excelente ponto de partida. 

Sorrento I Foto: Brasil na Italia

Torna a Surriento, canção de  Ernesto e Giambattista de Curtis com Peppino di Capri I Belas imagens da Costa Amalfitana I Vídeo: Gisele de Padua

A cidade a seguir, Positano, localizada no topo de uma colina e antiga vila de pescadores, é um dos mais famosos e populares destinos de toda a costa. Não deixe de visitar a Igreja da Assunção de Santa Maria, com suas pinturas bizantinas. Praiano, poucos quilômetros à frente,  merece uma breve parada para conhecer a sua marina, ladeada por enormes paredões.  Prosseguindo a viagem chegamos a Amalfi, de origem romana,  a primeira república marítima da Itália, rival de Gênova  e de Veneza, a Sereníssima.  A bússola, que teria sido inventada em Amalfi por Flavio Gioia, revolucionou o comércio no Mediterrâneo e possibilitou as grandes navegações que tiveram início no século XV.  O mar, fonte da enorme riqueza e prosperidade de Amalfi, também foi o responsável pelo seu declínio. A cidade, varrida por um maremoto em 1343, nunca mais recuperou sua antiga glória.  O poeta Petrarca, que estava em Nápoles, descreveu toda a tragédia em suas “Epístolas Familiares”. O interessante é que um outro escritor, Plínio o Jovem, foi testemunha ocular da erupção do Vesúvio que destruiu Pompeia e Herculano em 79 d.C.  O seu tio, o naturalista  Plínio, o Velho que comandava uma frota romana no golfo de Nápoles, perdeu a vida ao tentar salvar os habitantes da costa que fugiam.  Atualmente Amalfi é um tranqüilo balneário, com uma bela catedral e campanário.

Positano I Foto: Partiu Viajar

 Em Ravello podem ser apreciadas as  melhores vistas de toda a costa. Em Salerno, no final da rota, surgiu a primeira Faculdade de Medicina da Itália, no século XII.. Seu rico passado  greco-romano está preservado no Museu Arqueológico da Província. O Duomo, construção do século XI, conserva a tumba de São Mateus. 

DESTAQUES

    • As  vistas panorâmicas da Estrada Amalfitana
    • Passeio de barco à ilha de Capri, partindo de Sorrento
    • O artesanato de Sorrento , em especial os trabalhos em  marchetaria
    • A culinária de toda a região e o Limoncello de Sorrento

SUGESTÕES

    • A Tarantella, dança folclórica da região
    • Jerusalém Liberada, do poeta sorrentino Torquato Tasso
    • Casa de Bonecas , livro escrito pelo norueguês Ibsen em Amalfi
    • Bússola, a invenção que mudou o mundo, livro de Amir D. Aczel
    • Parsifal, de Wagner. Cenários da  ópera foram baseados em paisagens de Ravello

Por Benito Gorini 22/12/2022 - 05:00

Bérgamo é uma cidade antiquíssima. Ruínas do VI século  a.C. foram encontradas na região, antigos remanescentes das habitações construídas neste sítio de localização privilegiada  na Planície Padana, entre o Rio Pó  e os Alpes.

O Palazzo della Ragione, local da Meridiana de Bérgamo. Ao fundo a Capella Colleoni e
A Basilica di Santa Maria Maggiore, na Piazza Vecchia I Foto: Gabi Torrezani
blog Estrangeira

A cidade é dividida em duas partes: a mais antiga, situada sobre a colina e circundada por altas muralhas, e a cidade baixa, com construções mais modernas e sede da Pinacoteca Carrara e do Teatro Donizetti, em homenagem ao célebre compositor bergamasco.  Ângelo Roncalli é o filho mais ilustre de Bérgamo. O humilde padre de Sotto il Monte, delegado apostólico em Istambul, núncio apostólico em Paris e Patriarca de Veneza, tornou-se o Papa João XXIII, um dos mais queridos da história recente do papado. Eleito como um Papa de transição pela idade avançada e saúde frágil, acabou se revelando um grande líder, tendo convocado o Concílio Vaticano II contra a vontade da conservadora Cúria Romana  e redigido as encíclicas progressistas Mater et Magistra e Pacem in Terris.

De todas as províncias da Lombardia, a região de Bérgamo contribuiu com o maior contingente de imigrantes para o Sul de Santa Catarina.

As atrações turísticas mais importantes são encontradas na parte alta da cidade. As muralhas e os pórticos de acesso, construídos pela República de Veneza, ostentam leões alados, símbolos da “Sereníssima”, que dominava toda a região no século XVI.

A Porta de Santo Agostinho, que dá acesso à cidade alta

 Ao redor da  Piazza Vecchia, com suas torres, campanários e cúpulas, situa-se o centro histórico de Bérgamo. Lá se encontram a Basilica di Santa Maria Maggiore, com maravilhosas obras em marchetaria de Lorenzo Lotto  e a ornamentada  Cappella Colleoni. O famoso condottiero foi homenageado com uma estátua equestre na Praça São João e Paulo em Veneza, pelos serviços prestados à República Marítima. Muito interessante é a Meridiana de Bérgamo, em frente à basílica.  O sol do meio dia projeta sua luz no solo através de um disco suspenso, indicando as estações do ano e os signos do zodíaco, desenhados no piso da praça.

A estátua equestre de Colleoni, obra do escultor Verrochio, no Campo San Giovanni e Paolo. Na mesma praça a igreja de mesmo nome onde estão sepultados os doges de Veneza e a Scuola Grande di San Marco | Foto: Tripadvisor

 O Palazzo della Ragione  e a Torre Cívica, com o famoso sino “Campanone”, conjuntos arquitetônicos do século XI, complementam a bela praça. O acesso ao centro histórico, proibido a veículos maiores, é facilitado por dois funiculares, com belas vistas das muralhas e da  planície padana.

O funicular de Bérgamo I Vídeo: Mondovagando

DESTAQUES

  • O belo patrimônio artístico e arquitetônico da Piazza Vecchia, na cidade alta
  • A Porta de Santo Agostinho, local de acesso ao centro histórico
  • Os funiculares e as estreitas ruas da cidade alta
  • O Teatro Donizetti e a Pinacoteca Carrara, na cidade baixa

SUGESTÕES

  • O filme “O Papa Bom”, sobre João XXIII
  • O livro “A Queda”, de Diogo Mainardi, homenageando o filho que nasceu no hospital da Scuola Grande di San Marco
  • A ária  “Una Furtiva Lagrima”, do L’Elisir d’Amore,  e o famoso sexteto “Chi mi frena in  tal momento”, da  “Lucia de Lammermoor”, óperas de Donizetti
  • Al  Me Murus, música do CD “Bauco ma non tanto”  de Nicola Gava, no incompreensível dialeto bergamasco.
Por Benito Gorini 15/12/2022 - 05:00

No blog da semana anterior lembrei com saudades dos bondes de Porto Alegre. Mas o futebol também me traz boas recordações.  Cheguei na capital gaúcha em 1969 com 15 anos de idade e  no dia 06 de abril assisti ao jogo inaugural no Beira Rio entre o Internacional e Benfica. Vitória colorada por 2x1 com gols de Claudiomiro e Gilson Porto e do grande Eusébio pelo Benfica. Torcedor do Santos, do Botafogo (é claro, Pelé e Garrincha) e do Grêmio, que era heptacampeão gaúcho, não perdia os jogos no Olímpico e Beira Rio, utilizando os bondes até meados de 1970, quando foram desativados.

A inauguração do Beira Rio. Claudiomiro fez o primeiro gol, com cruzamento de Valdomiro | Vídeo: Canal 100

Em 1971 joguei por pouco tempo no juvenil do Internacional, no velho campo dos Eucaliptos, apesar de ser gremista. Meu tio Célio Borges era muito amigo de José Ferreira Laz,  o Zezé, treinador muito conhecido em Santa Catarina na época, que por sua vez tinha bom relacionamento com Marco Eugênio, treinador do juvenil do Inter. Por pressão familiar fui obrigado a optar entre o futebol e o curso pré-vestibular. Apesar de ser bom jogador tinha consciência que Falcão e Batista, da mesma geração, eram melhores e optei pelos estudos, tendo sido aprovado no curso de Medicina da UFRGS.

Valdomiro Vaz Franco era jogador do Comerciário, meu clube de coração onde joguei como juvenil, e foi contratado pelo Internacional em 1968, ano da única conquista do Bacharel da Pelota no Campeonato Catarinense.

Comerciário Esporte Clube, campeão catarinense de 1968. Valdomiro já havia se transferido para o Internacional antes do final do campeonato. Infelizmente perdemos os dois craques, Chiquinho há 1 ano e Marcos Cavalo há poucos dias | Foto: Arquivo 4oito
Chiquinho homenageado no mural “Eternizando os Heróis do Passado”, do artista Ricardo Herok | Foto: Blog Post Criciúma Esporte Clube

Muito contestado pela torcida no  início, com muito esforço, determinação e grande auxílio de sua esposa Natália, superou as dificuldades tornando-se um dos maiores ídolos de toda a história do colorado. Único jogador octacampeão gaúcho, conquistou ainda três títulos do campeonato brasileiro, participou da Copa do Mundo de 1974 na Alemanha onde marcou um gol contra o Zaire que salvou o Brasil de uma vexatória eliminação ainda na primeira fase.  

Classificação da fase de grupos. O gol de Valdomiro manteve o Brasil na Copa de 1974 | Fonte: Almanaque das Copas, de João Nassif

 

O gol de Valdomiro na Copa de 1974, contra o Zaire | Vídeo: jogosdobrasil

Detém ainda o recorde de partidas jogadas pelo Internacional. Apesar de torcer pelo sucesso de  Valdomiro e também de Chiquinho pelo fato de serem meus conterrâneos, ficava muito descontente pelas derrotas nos Grenais, geralmente com gols ou assistências do Valdomiro. Nos 10 anos que morei em Porto Alegre só vi o Grêmio ser campeão em 1977. E em parte a culpa é do Valdomiro, meu vizinho na Praia do Rincão.

Por Benito Gorini 08/12/2022 - 09:00 Atualizado em 08/12/2022 - 14:15

Oh que saudades que eu tenho,

Dos bondes de Porto Alegre,

Da aurora de minha vida,

Que os anos não trazem mais"

A pequena alteração dos  versos de Casimiro de Abreu não poderia expressar melhor  a minha paixão pelos bondes de Porto Alegre. O poeta, assim como grande número de  escritores, músicos, pintores e escultores do período romântico do século XIX, morreu na mais tenra idade, aos 21 anos. 

Aderbal Machado,  no Portal 4oito, e Nei Manique, com o Idade Mídia, têm escrito excelentes artigos resgatando eventos históricos  de nossa região ou lembrando fatos do passado. Como escritor diletante e neófito nas plataformas digitais, vou me inspirar e seguir  o exemplo dos renomados colegas, começando porém pela capital gaúcha.

Cheguei em Porto Alegre em 1969, com 15 anos de idade. A minha convivência com os bondes foi fugaz, só 13 meses, mas deixou marcas indeléveis. Fiquei muito triste quando no  dia 08 de março de 1970 os bondes circularam pela última vez.

Bondes no Mercado Público de Porto Alegre. Foto Foster M. Palmer


Oriundo de uma cidade provinciana em direção à capital  gaúcha, me assustei com as dimensões  da metrópole.  Me perdi várias vezes e  o uso quase diário dos bondes  foi a minha salvação. Ia de  bonde para o Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o Julinho,  e costumava ir até aos pontos finais para conhecer a cidade. Passei a conhecer não só os  distantes bairros de Teresópolis, Glória, Partenon, Petrópolis, IAPI e Auxiliadora,  mas também os nomes das ruas e avenidas de Porto Alegre, que lembro até hoje. Quando comprei o meu primeiro “fusquinha”, já no final do curso de medicina, circulava por toda a cidade sem me perder, graças aos bondes. 

Fonte: GHZ

E eles também me ensinaram na prática a lei da inércia,  a primeira das três leis de Newton : “Todo corpo continua em seu estado de repouso ou de movimento uniforme em um linha reta, a menos que seja forçado a mudar aquele estado por forças aplicadas sobre ele”. Desci de em bonde em movimento e fiquei parado. Levei o maior tombo e machuquei o joelho. “Eta catarina  chucro”  do interior. Mas depois aprendi a lição, subindo e descendo dos bondes até em velocidades maiores, o que me permitia escapar dos cobradores quando faltavam os bilhetes do carnê mensal, comprados na Companhia Carris Porto Alegrense.

A sede da Cia Carris em 1970, na esquina da Av. João Pessoa com Sarmento Leite, bem em frente à Faculdade de Medicina da URGS. Foi demolida para a construção da perimetral

 Minha mulher conversando com um motorneiro, que era o condutor do bonde, comentou que eu tinha andado muito de bonde. E ele  prontamente respondeu: “Então pede para ele pagar as passagens que deixou de pagar”. Eles sabiam que as passagens às vezes terminavam antes do  final do  mês. Mas geralmente faziam vistas grossas.

Nos dias de jogos no Olímpico os bondes superlotavam e ao fazer a curva  fechada da Av. da Azenha com a Carlos Barbosa, alguém que não tinha conseguido se segurar muito bem saía pela tangente. Mas felizmente eram só escoriações e esfoladuras, graças à baixa velocidade dos bondes.

O Elétrico de Lisboa I Foto: Arquivo Pessoal

É uma pena que Porto Alegre tenha resolvido se livrar dos bondes, procurando uma alternativa “mais moderna”.  Importantes cidades ainda preservam os bondes, algumas ainda utilizando o velho modelo  como Lisboa, São Francisco e Milão. Outras utilizam frotas mistas como Nápoles, Praga, Basileia, Viena e Friburgo, enquanto Zurique, Berna e Munique  optaram por modernos bondes. Nas minhas viagens sempre procuro andar de bonde, uma recordação do meu já distante passado em Porto Alegre.

O moderno bonde de Munique | Foto: Arquivo Pessoal
O bonde de Friburgo, na região da Floresta Negra I Foto: Arquivo Pessoal
Os bondes vermelhos de Berna, a bela capital da Suiça I Foto: Arquivo Pessoal

 

Por Benito Gorini 01/12/2022 - 11:00 Atualizado em 01/12/2022 - 11:01

Davos ocupa as manchetes de todo o mundo durante o Fórum Econômico Mundial, que normalmente ocorre em janeiro, sempre com muita neve. A cidade suíça nos traz boas recordações. Havíamos saído de Luzerna, bela cidade às margens do lago dos Quatro Cantões, e pretendíamos chegar a Innsbruck, na Áustria. Escolhemos um roteiro alternativo pelos passos alpinos, fugindo das autoestradas europeias, rápidas porém sem grandes atrativos. A viagem de Luzerna a Göschenen, na entrada do túnel de São Gotardo, foi bem rápida. Contornamos a entrada do túnel e começamos a subir em direção a Andermatt, em uma estrada estreita e sinuosa, com desfiladeiros assustadores. Andermatt é excelente ponto de partida para os passos alpinos Furka, Susten, Grimsel, Oberalp, São Gotardo e Nufenen, que fizemos nos Giros Alpinos I e II.

 

A Ponte do Diabo, perto de Andermatt I Vídeo: Mazinho Rocha 

O Giro Alpino no Nufenenpass I Vídeo: Mazinho Rocha

Amigos do Giro Alpino no Grimselpass | Foto: Giro Alpino

 

O Passo de São Gotardo, com o lago ainda congelado | Foto: Daniel Garcia

A vista panorâmica do alto das montanhas é magnífica. Esta região, o maciço de São Gotardo, é o maior divisor de águas da Europa, dando origem a 5 grandes rios ( Reno, Ródano, Ticino, Aare e Reuss ). Seguimos margeando o Vorderrhein, o braço esquerdo do Reno, até Reichenau, onde o rio se torna mais caudaloso pelo encontro com o Hinterrhein. A região é repleta de antigos castelos e fortalezas, que controlavam o tráfego pelos passos de São Bernardino e Julier, da época do Império Romano. Chegamos em Davos ao entardecer e  o frio era intenso, apesar de estarmos no final de junho.  A distância até Innsbruck era de apenas 150 km mas tínhamos que enfrentar mais um passo, o Fluela. Resolvemos pernoitar em Davos. Foi a nossa sorte pois em menos de 1 hora começou a nevar, em pleno verão europeu.

Limpando a neve no hotel em Davos | Foto: Arquivo Pessoal

A cidade, por seu clima frio e seco, foi importante centro de tratamento de tuberculosos, tendo sido descrita com precisão por Thomas Mann em seu livro A Montanha Mágica. Com a descoberta das vacinas e dos quimioterápicos, no início do século XX, Davos entrou em declínio. O turismo devolveu o antigo brilho a Davos. Atualmente a região destaca-se nos esportes de verão e inverno, atraindo cabeças coroadas como a da realeza britânica, que costuma passar as férias em Klosters, pequena cidade ao lado de Davos. O rei Charles III escapou por pouco de uma avalanche enquanto esquiava em 1988. No acidente acabou falecendo o major Hugh Lindsay, grande amigo do então Príncipe de Gales. O episódio “Avalanche”, o nono da quarta temporada da série “The Crown”, explora com detalhes o trágico evento.

Por Benito Gorini 24/11/2022 - 07:00

Como todo bom brasileiro, “entendido” de futebol, vou também dar os meus “pitacos” sobre a Copa do Mundo no Catar, embora o assunto poderia ser melhor desenvolvido por João Nassif, no seu blog com excelentes artigos sobre as copas. Mas vamos lá. 

Almanaque das Copas, do mestre João Nassif 

O Brasil é o favorito nesta copa e pelo retrospecto, em vez de ser um dado positivo, é preocupante. Em várias ocasiões em que entramos como favoritos não levantamos o caneco. Em 1950, o gol de Ghiggia calou os 200 mil torcedores que lotavam o Maracanã, na derrota de 2x1 para o Uruguai. Em 66, depois do brilhante bicampeonato de 62, apesar da presença do rei Pelé (que acabou contundido), a campanha foi um vexame. A seleção de Telê Santana encantou o mundo em 82, mas a Itália de Paolo Rossi nos mandou mais cedo para casa. O mesmo ocorreu na final contra a França em 98, com atuação brilhante de Zidane e a convulsão de Ronaldo, até hoje não bem esclarecida. E o pior aconteceu em 2014, com a humilhante goleada sofrida contra a Alemanha.

Em outras ocasiões, o nosso time não era favorito e, no entanto, conquistamos o título. Em 70, a seleção sob o comando de João Saldanha  foi jogar em Porto Alegre e hospedou-se no Hotel Everest, ao lado do viaduto da rua Duque de Caxias. Eu morava bem perto do hotel e acompanhei toda a movimentação da seleção, que levou um passeio e perdeu de 2x0 para a Argentina no Beira Rio, inaugurado em 1969. Apesar da vitória na revanche no Maracanã, o treinador foi demitido. Zagalo assumiu e modificou totalmente o sistema de jogo da seleção, colocando os melhores jogadores, mas fora de posição. Piazza passou para quarto-zagueiro, Clodoaldo assumiu a titularidade no meio-campo e Rivelino atuou como falso ponta-esquerda. Felizmente deu certo e a seleção é considerada  a melhor de todos os tempos. Lembro até hoje das manchetes nos jornais italianos: “Abbiamo ceduto solo al grande Brasile”.

O gol de Carlos Alberto na goleada de 4x1 sobre a Itália l Vídeo: JP News

Em 94, não tínhamos uma grande seleção mas a garra e liderança de Dunga, somadas ao brilho de Romário e Bebeto,levaram à conquista do quarto título. Talvez tenha contribuído o fato de Airton Senna ter dado o pontapé inicial em um jogo da seleção no Parc des Princes. Em 1 de maio, 11 dias depois do jogo, aconteceria o acidente fatal em Ímola. O grupo se uniu e prometeu ganhar a copa em homenagem ao nosso maior piloto de F1. 

A homenagem a Airton Senna na conquista do tetracampeonato l Vídeo : Rede Globo

E o mesmo se deu em 2002, com a seleção de Felipão desacreditada. Entre as favoritas, a França caiu na primeira fase e a Itália na segunda. E a Alemanha, com o grande goleiro Oliver Kahn, sucumbiu ao futebol de Ronaldo Fenômeno. A “Família Scolari” superou as dificuldades e conquistamos o pentacampeonato. 

Kahn, o melhor jogador da Copa 2002, bateu roupa e o Fenômeno não perdoou l Vídeo: Rede Globo

E como Deus é brasileiro, vamos torcer para tudo dar certo desta vez. O meu medo é que o Papa é argentino e o E.T. Messi está em grande fase.

P.S. O texto estava pronto antes do jogo da Argentina. Os hermanos perderam e Messi jogou mal. Viva.

Por Benito Gorini 17/11/2022 - 09:00 Atualizado em 17/11/2022 - 10:37

Com todo este frio do início de novembro somos tentados a dar razão aos que não acreditam no aquecimento global. No entanto, os estudiosos do assunto informam que desequilíbrios extremos de temperatura, como fortes ondas de frio ou calor, fazem parte do quadro. A UNESCO relacionou as geleiras que fazem parte do Patrimônio Natural da Humanidade e que vão desaparecer em 30 anos caso não sejam revertidas as políticas climáticas. A Internet aceita tudo em todas as áreas do conhecimento humano. As opiniões e comentários sem embasamento científico proliferam nas redes sociais. Por isso temos que pesquisar e avaliar o que foi postado e nada melhor do que uma experiência pessoal sobre o assunto. Tive a oportunidade de conhecer bem os Alpes em viagens de trem, ônibus, carro ou moto. E posso afirmar com certeza que as geleiras estão diminuindo assustadoramente e modificando as paisagens alpinas. A Geleira do Ródano, ao lado do Passo de Furka, uma das estradas mais bonitas das Suiça,  está com uma cobertura de lona branca para reduzir o derretimento do gelo.

Grupo de amigos motociclistas na Geleira do Ródano l Vídeo: Mazinho Rocha

Giro Alpino na Geleira do Ródano l Foto: Mazinho Rocha

Na Geleira Morteratsch, próxima a St. Moritz e ao lado de uma estação de trem do famoso Bernina Express, placas foram colocadas informando o recuo do gelo de acordo com o ano. 

Vídeo mostrando as placas informando o recuo da Geleira Morteratsch l Video : Christian Davide Milano

Mas o efeito mais notável se encontra na Geleira Pasterze, a maior nos Alpes do leste. No início do século XX a geleira ocupava todo o espaço, quase ao nível do mirante Kaiser Franz Joseph Höhe. O local é um dos maiores destinos turísticos da Áustria, com magnífica visão  do Grossglockner, a montanha mais alta do país com 3.797 m. 

O belvedere Francisco José, com hotel, restaurante e funicular descendo até a Geleira Pasterze l Foto: Arquivo Pessoal
A Geleira Pasterze, na base da montanha l Foto: Arquivo Pessoal

 
Na Itália há pouco tempo, uma avalanche com 11 mortos atingiu a Marmolada, a montanha mais alta das Dolomitas, na bela região entre o Vêneto e o Trentino. As altas temperaturas causaram o destacamento de um “serac”, um enorme bloco de gelo. No nosso Giro Alpino passamos por Canazei, ao lado da Marmolada. E em Bolzano, bem próximo, a temperatura era de 40ºC. 

O calor em Canazei l Foto: Arquivo Pessoal

 Nos Alpes, não é mais possível esquiar em muitos locais em que a neve ocorria com frequência. E infelizmente a situação tende a piorar, mesmo se medidas forem tomadas agora para minimizar as consequências do efeito estufa. 

Por Benito Gorini 10/11/2022 - 09:00 Atualizado em 10/11/2022 - 10:18

O assunto desta semana seria o "Aquecimento Global", aproveitando a COP27, Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, que está se realizando às margens do Mar Vermelho em Sharm el Sheikh, no Egito. No entanto, estou viajando e como esqueci de enviar o artigo do computador para o celular vamos transferir o assunto para a próxima semana. Mas o que está acontecendo em Santa Catarina, com neve e temperaturas abaixo de zero e chuvas torrenciais no sertão nordestino, apenas anteciparam o assunto. 

Estamos hospedados em Porto de Galinhas, na Praia de Muro Alto. As águas quentes das piscinas naturais e as paisagens paradisíacas transformaram a região em um dos maiores destinos do país, com turistas de várias procedências.

Piscinas naturais de Muro Alto na maré baixa | Foto: Arquivo Pessoal
Piscinas naturais de Muro Alto na maré alta | Foto: Arquivo Pessoal

 

Piscina natural da Praia dos Carneiros. Passeio de 1 dia partindo de Porto de Galinhas | Foto: Arquivo Pessoal


Encontramos franceses, italianos,estadunidenses e, é lógico, holandeses. Afinal, a Companhia das Índias Ocidentais instalou-se em Pernambuco no século XVII, deixando um rico legado cultural. Mas o que chamou a atenção foram as chuvas no sertão nordestino, extremamente raras nesta época do ano. Acho que trouxemos um pouco da "instabilidade" de Santa Catarina. Pelo menos no que diz respeito ao clima.

Por Benito Gorini 03/11/2022 - 12:55 Atualizado em 03/11/2022 - 15:12

Durante a Revolução Francesa o rei Luís XVI foi obrigado a deixar Versalhes e abrigar-se no Palácio das Tulherias. Em  1792 os revoltosos invadiram o Palácio e massacraram 760 guardas suíços que faziam a proteção do rei. Episódio semelhante já tinha ocorrido em 1527 no  infame  Saque de Roma quando as tropas de Carlos V,  Imperador do Sacro-Império Romano Germânico, invadiram a cidade. O Papa Clemente VII, da famosa família Medici de Florença, refugiou-se no Castel Sant´Angelo.  A Guarda Suíça havia sido criada poucos anos antes pelo Papa Júlio II e 147 membros  morreram defendendo o papa.

O Passetto, o corredor que liga os aposentos papais ao Castel Sant´Angelo. Dan Brown, no livro Anjos e Demônios, o descreve com precisão | Foto: Arquivo Pessoal

Na bela cidade de Luzerna, às margens do Lago dos Quatro Cantões, foi esculpido em uma pedreira de arenito próxima ao centro um portentoso leão, de 10 m de largura por 6 m de altura, concebido pelo escultor dinamarquês Thorvaldsen e executado por  Lukas Ahorn. Mark Twain o considerava “O mais lúgubre e comovente monumento de pedra do mundo”.  O leão moribundo  é  representado atravessado por uma lança , protegendo um escudo com a flor-de-lis da monarquia francesa e ao lado o brasão de armas da Suiça.  Embaixo da escultura os nomes dos oficiais e o número de mortos em algarismos romanos  (DCCLX = 760) e sobreviventes (CCCL = 350).

O Leão de Luzerna Foto: Arquivo Pessoal
Tumba do Papa Pio VII na Basílica de São Pedro, obra do escultor Thorvaldsen

Lucerna é uma das mais belas cidades da Suiça, com a ponte sobre o Rio Reuss, um centro histórico preservado e magníficas paisagens alpinas como o Monte Pilatus, com fácil acesso por barcos, funiculares, trens de montanha e teleféricos.

O programa turístico para o Monte Pilatus (Golden Round Trip  Pilatus). Vídeo: Rihlat Europe

Do outro lado do lago encontra-se a pequena cidade de Weggis, que dá acesso ao teleférico com destino ao Monte Rigi e local da polêmica preparação da Seleção Brasileira na Copa de 2006.

Segundo muitos analistas o ambiente festivo da preparação em Weggis na Copa de 2006 prejudicou o foco da seleção brasileira | Foto: Onefootball
Por Benito Gorini 27/10/2022 - 07:00

“Que el mundo fue y será una porquería,
Ya lo sé;
En el quinientos seis
Y en el dos mil también”

O termo cambalache, semelhante ao nosso cambalacho, significa “fazer um negócio em que há fraude ou trapaça”. Enrique Santos Discépolo o utilizou na letra de seu famoso tango, composto para o filme “El Alma del Bandoneón” em 1934 . 

“Siglo veinte, cambalache
Problematico y  febril;
El que no llora, no mama,
Y el que no afana es un gil”

É uma crítica explícita à corrupção do século XX, mas a grave crise institucional que estamos vivendo, com o congresso legislando em causa própria, o ativismo político do judiciário e os desmandos do executivo o tornam muito atual. Particularmente agora, onde teremos que optar entre um candidato condenado em 3 instâncias, com sentenças anuladas por manobras e filigranas jurídicas, e outro com uma conduta deplorável durante a pandemia, estimulando o descumprimento de normas recomendadas por toda a comunidade científica internacional. O Brasil, que já foi mundialmente reconhecido como modelo de vacinação, corre o risco do retorno de doenças que estavam praticamente erradicadas.

Hoy resulta que es lo mismo ser derecho que traidor;
Ignorante, sábio o chorro pretensioso estafador;
Todo es igual, nada es mejor;
Lo mismo um burro que um gran professor

Fico estarrecido com a memória curta do povo brasileiro. Pazuello, o pior ministro da saúde que o Brasil já teve, eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro com votação expressiva. Mandetta, que procurou salvar vidas na pandemia e José Serra, com uma conduta exemplar como Ministro da Saúde, só para citar alguns exemplos, não conseguiram se eleger. 

É a mais pura verdade: um burro (para não dizer coisa pior) significa o mesmo que um grande professor.

E para concluir com a estrofe final de Cambalache: “A ninguém importa se nasceste honrado; vale o mesmo o que labuta noite e dia como um boi; que o que vive dos outros, o que mata o que cura e o que está fora da lei”. Mas tudo bem. “Allá en el horno  nos vamo ´ a encontrar”.

Sugestão

Ouvir Cambalache em espanhol com Julio Sosa, “el varón del tango”, ou em português com o maluco beleza Raul Seixas. 

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