O calendário é um sistema utilizado para designar o ano e suas unidades menores, os meses e os dias. Tinha como objetivo inicial prever as estações e determinar a época ideal para o plantio e colheita. Com o passar do tempo novas utilidades foram surgindo como a determinação de festas religiosas e feitos militares.
Os rudimentos de um calendário surgiram há 4000 anos, com a construção de pedras alinhadas, como as de Stonehenge na Inglaterra. Os calendários primitivos eram baseados nas observações lunares. O mês lunar, de 29 dias, era fácil de ser determinado pelas fases da lua e apropriado para funções que se repetiam durante o mês, porém inadequado para finalidades agrícolas. Havia a necessidade de se acrescentar um mês lunar após certo número de anos para “corrigir” o erro, como ocorre com o calendário hebraico, lunissolar. O calendário muçulmano, exclusivamente lunar, começa com a Hégira, a fuga de Maomé de Meca para Medina, em 622 d.C. Atualmente, os judeus comemoram o ano 5782 e os muçulmanos o ano 1444.
Outros povos utilizaram o sol como padrão de medida do tempo, porém com grande margem de erro. Júlio César, em 46 a.C. corrigiu o calendário solar, tendo o ano a duração de 445 dias. Os anos subsequentes passaram a ter 365 dias, com o acréscimo de 1 dia a cada 4 anos (anos bissextos). O Calendário Juliano apresentava, no entanto, anos bissextos em excesso, ocorrendo problemas para determinar a data correta das colheitas e da páscoa, que é baseada em eventos solares e lunares e fixada pelo Concílio de Nicéia de 325 d.C.
A Páscoa ocorre no primeiro domingo após a lua cheia que sucede o equinócio da primavera no hemisfério norte, com data móvel que varia de 22 de março a 25 de abril. O papa Gregório XIII solicitou ao astrônomo Cristopher Clavius que fizesse um estudo corrigindo a defasagem, resultando no calendário que utilizamos atualmente, o gregoriano. Ao dia 4 de outubro de 1582, uma quinta-feira no Calendário Juliano, sucedeu-se o dia 15 de outubro, sexta-feira no Calendário Gregoriano.
História do Calendário | Vídeo: Tzolkin
Acabou gerando graves transtornos. Após o Tratado de Augsburgo de 1555, que pôs fim as hostilidades entre católicos e protestantes na Guerra dos Trinta Anos, ficou consagrado o principio latino “Cujus Regio, Ejus Religio”, obrigando os súditos a seguirem a religião de seus governantes. Se lembrarmos que a Alemanha era constituída de inúmeros burgos, muito próximos e com religiões diferentes, poderemos ter ideia das inúmeras complicações surgidas dificultando o comércio e as relações entre as cidades católicas, já “gregorianas”, e as protestantes, que não aceitaram o calendário. A Grã-Bretanha e colônias só o introduziram em 1752, o Japão em 1873, a Rússia em 1923 e a China em 1949.