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DEIXE AQUI SEU PALPITE PARA O JOGO DO CRICIÚMA!
* as opiniões expressas neste espaço não representam, necessariamente, a opinião do 4oito
Por Henrique Packter 21/11/2024 - 15:00

Pois é, Lessa, deste modo passaram-se 64 anos. Em 1960, quando fui convidado a trabalhar em Criciúma, quase nenhum forasteiro aceitava exercer a profissão médica na cidade. Um pó de carvão espesso pairava sobre as coisas e enegrecia as gentes. Otorrino que trouxe a família (mulher mais lactente), debandaram todos, apavorados, quando o bebê passou a ter crises de asma. Foram refugiar-se em Vacaria no RS, onde ainda  devem estar: o mais longe possível dos eflúvios da terra carvoeira catarinense.

Eu era solteiro o que facilitava as coisas. Ou dificultava? Já imaginou médico solteiro trazendo a noiva para conhecer sua futura residência e perceber subitamente ser ela intolerante ao odor aurífero do carvão mineral? Deve ter acontecido algumas vezes na historiologia médica da cidade, o que explica uma certa tardança em substituir médicos que nos deixavam. E não foram poucos. Só no Hospital Santa Catarina, TODA UMA GERAÇÃO MÉDICA NOS DEIXOU NOS ANOS 60,TROCANDO-NOS POR OUTRAS PLAGAS. Foram-se o radiologista Lourenço Cianci Filho, Carlos Deslandes, o cirurgião Anohar Zacarias (sobrinho de Manif), Naby Zacarias (cardiologista e irmão de Manif), o pediatra Luiz Eduardo dos Santos, Antônio Osvaldo Teixeira de Freitas (o Bola), o oftalmologista Ruy César Esmeraldino Orlandi (trazido pelo advogado Hélcio Góes, ambos procurando-me para as devidas apresentações em minha residência. Ruy teve consultório montado e de maneira surpreendente nas lonjuras onde se encontrava no Hospital Santa Catarina. Radicou-se mais adiante em Tubarão, onde faleceu neste ano da graça de 2024). E tem a Maria Formentim Fernandes, inigualável enfermeira do XIII de Maio.

Seria o legado  “da terra árida e da água contaminada” no dizer de um de seus mais ilustres prefeitos, o arquiteto, funcionário público e político Altair Guidi?

2. CHEGAM NOVOS MÉDICOS, ALGUNS PARA O SANTA CATARINA EM  CRICIÚMA  

Em 1962 graduam-se no curso de Medicina da Universidade Federal do Paraná, entre outros, Anohar Zacharias, Antônio Osvaldo Teixeira de Freitas (o Bola), Luiz Eduardo dos Santos e Arary Cardozo  Bittencourt. Os três primeiros médicos viriam para o recém-criado Hospital Santa Catarina de Criciúma, Arary voltaria para Tubarão, sua terra  natal, dando início a uma carreira médica  brilhante como Pediatra. Ele é autor de livro autobiográfico de real importância, especialmente para aqueles que estudam a ganância dos outros, desvio psicológico (neste caso alheio), e que tanto prejudicou a carreira médica de Arary. 

Nem vou citar outros nomes formados nesta Turma, como David Saute, que em 1954 apanhou em Carazinho, alta madrugada, o mesmo trem da Viação Férrea do RS que eu apanhara em Santa Maria, ambos rumando para Curitiba, onde iríamos prestar exame vestibular para a Faculdade de Medicina. Eu seria aprovado e iria formar-me em 1959, turma da Zilda Arns, Waldir Mendes Arcoverde, Padre José Raul Matte. Já David Saute ingressaria alguns anos depois, como já ficou dito, formando-se em 1962.

Anohar dedicava-se à cirurgia-geral e, poucos anos depois, 1965-1966, deixaria Criciúma para dedicar-se à cirurgia cardiovascular em Tolledo, Ohio, EUA. Casou-se por lá com americana legítima, do qual casamento resultaram quatro filhos.   Não há vácuos em Medicina e logo após a saída de Anohar, chega um novo cirurgião para a cidade, o Dr. Portiuncola Caesar Augustus Gorini Augustus Gorini, formado em Santa Maria, RS, em 1964. Chega para trabalhar em 1965.

Antônio Osvaldo, mais conhecido como Bola, também pouco trabalhou entre nós, voltando logo-logo  a Curitiba para a prática de clínica-geral. Faleceu em 13.03.2018 na capital das Araucárias, terça-feira, aos 80 anos de idade.

Luiz Eduardo faleceu faz muitos anos. Participou da equipe de Alceni Ângelo Guerra, médico paranaense (mas nascido em Soledade -RS), que assumiu o Ministério da Saúde no (des)governo Collor de Mello, de quem Deus nos livre e guarde. Parece que Luiz Eduardo não suportou o fardo que representou assessorar o ministro, demitido em favor de Adib Jatene. Luiz Eduardo casou com Santina, moça aqui de Criciúma, que se conheceram no Hospital Santa Catarina, onde ela exercia enfermagem. Portiuncola, filho do célebre médico Dino Gaetano Fermo Gorini, viria a casar-se com Onei Chaucooski, também enfermeira do mesmo Hospital Santa Catarina.

O Pediatra Arary dedicou parte de seu tempo a escrever e publicar livros. Neles, fala da cidade de Tubarão, sua história, seus médicos e sua gente. Estas publicações mereceram os mais rasgados elogios de autores pátrios, são sucesso de crítica e de público, sendo de justiça ressaltar-se O MENINO DE OFICINAS, no qual o destaque é sua infância sofrida e a formação médica em Curitiba.

Luiz Eduardo dos Santos era profissional inteligente, dotado de rara sensibilidade e apreciável grau de cultura. Dedilhava o piano em contadas ocasiões e praticava futebol apesar de exibir pronunciada protuberância da circunferência abdominal.

Em 1964 estoura a Revolução Redentora promovida por militares brasileiros. Criciúma foi especialmente visada pelo movimento militar. Logo o exército estava na cidade e muita gente foi presa, acusada de subversão. Para minha surpresa comandava a tropa o coronel Newton Machado que, na Curitiba de 1954-1955, comandara o CPOR quando fui chamado para servir à pátria.

Luiz Eduardo apresentou-se na secretaria do HSC mal chegara à cidade. Havia necessidade de preencher certos papéis, alguns convênios, regularizar a situação médica; essas coisas. Na secretaria hospitalar trabalhava a sra. Marlene Scariot, mas coube ao sr. Morais atender a Luiz Eduardo. Moraes era autoritário, vistosa calva luzidia. Aliás, ele explicava que há dois fatores diferentes que determinam se um homem tem uma cabeça calva brilhante. Um é a suavidade do couro cabeludo. Aqueles que são naturalmente carecas tendem a conseguir o aspecto brilhante muito mais facilmente do que aqueles que raspam a cabeça.

Moraes pergunta se Luiz Eduardo tem alguma habilidade especial, algum predicado, especialização médica ou não que possa ser aproveitada no hospital. Luiz Eduardo fala de eleições na Universidade que o tinham elevado a duas ou três vice-presidências de organismos médicos.

Moraes, olhando por cima dos óculos, informa:

- Já temos 12 vice-presidentes!

- Olha, não sou  nem um pouco supersticioso!

3. AS PRISÕES NA CRICIÚMA DE 1964 

Manif foi preso, Dauro Martinhago foi preso, Antonio Cologni, Addo Faraco, Jorge Feliciano, todos presos. 

A chefia do serviço médico do IAPETC local, depois INAMPS, e mais depois SUS, foi demitida sendo nomeado em seu lugar o médico Ângelo Lacombe, nascido em Cruz Alta, RS e formado em Medicina na URGS em 1937. Era médico em Criciuma desde 1944 e aqui viveu até aposentar-se em 1972 quando transfere residência para Florianópolis onde vem a falecer em 19.04.1991.

Lacombe, em Criciúma, aos poucos se desatualiza, pouco frequenta o meio médico, fica superado como profissional. Sua atuação resume-se em ser médico-chefe burocrata do Posto de Saúde, médico do ambulatório do IAPETC, membro da Junta Médica para concessão de CNH. Na chefia do IAPETC, Lacombe recebe orientação vinda de Brasília para negar todas as guias para realização de cirurgias eletivas, antes até estimuladas. Em Criciúma, por conta de autorização de chefias anteriores, havia uma espécie de Medicina social. Mineiros e seus familiares eram internados para tratamentos clínicos porque não dispunham de recursos que permitissem adquirir medicamentos de que necessitavam. Na cidade havia cardiologistas que tinham número elevado de leitos cativos no hospital, 20 para ser exato permanentemente ocupados para trat amento de hipertensão arterial e outras mazelas, perfeitamente passíveis de tratamento em domicílio. Sofria agora a população realmente necessitada de internação por conta da orientação anterior. Tudo estava sendo coibido.

Luiz Eduardo sofria para internar crianças, cujas baixas eram sistematicamente negadas. Certo dia, na agência local do INAMPS, LACOMBE brandia uma guia de internação para pediatria e solicitada por Luiz Eduardo. Exibia o documento, erguido bem alto com uma das mãos enquanto dizia:

- Essa sim é solicitação criteriosa! Ela está dentro do que a Revolução está a exigir!

Pedimos para olhar: Luiz Eduardo diante do absurdo de ver negada sua pedida para internar criança desidratada, escrevera em diagnóstico provisório: Síndrome Paradoxal de Flandres, não só aceita, como recomendada!

A síndrome nunca existiu.

Lacombe era dos quadros partidários da UDN, oposição ao PTB e outras siglas de esquerda. Oposição a Getúlio Vargas de quem Ângelo Lacombe e o pai foram defensores acérrimos em 1930.

4. O CIENTIFICISMO

Pois vim, fui aceito pela população e pelo cheiro do carvão. Casei-me com moça de São Gabriel, do RS, mas vinda de Porto Alegre com ligeira escala em Cacequi. Vieram os filhos, todos os quatro criados e trabalhando em atividade que eles mesmo escolheram, sem qualquer interferência dos pais. Nenhum deles é médico; Lúcio talvez o mais perto disso.

Como vinha dizendo eis-me aqui no limiar do marco final de minhas atividades médicas, pelo menos aqui em Criciúma. Dado a atividades que privilegiam a ciência ou  o cientificismo, encontrei aqui no sul catarinense muitos adeptos deste modo de pensar. Grande expoente desta corrente em Criciúma foi Manif Zacarias, médico, maçom, comunista, escritor, radialista, jornalista, político e filantropo.

Houve outros mais como Max Finster. Já Madre Teófora e Madre Hilda eram meio cá meio lá; privilegiavam a religião.  Almir Fernandes (policial civil aposentado e presidente voluntário da Cruz Vermelha local), foi fundamental para o incremento do Banco de Olhos de Criciúma e para a realização de transplantes de córnea em nossa região.

Lessa -, Gilberto João de Oliveira, da Fundação Cultural de Criciúma, antes disso da CECRISA, que não sabia o que era cientificismo, foi um de seus maiores cultores e praticante. Também adepto do cientificismo foi o garoto, aluno do São Bento, que viu meu celular cair na calçada frente à Caixa econômica e devolveu-o sem pestanejar.

E o meu amigo Dom Anselmo Pietrulla?  

Alguns médicos fizeram história no sul-catarinense. Em especial PAULO CARNEIRO, MANIF ZACARIAS, DAVID LUIZ BOIANOvSKI, OTTO FEUERSCHUTTE, o político EDUARDO PINHO MOREIRA, SÉRGIO HERTEL ALICE & ALBINO JOSÉ DE SOUZA FILHO & VALDIR DE LUCA, estes três últimos pelos trabalhos sobre Pneumoconiose humana, as lesões fatais pulmonares produzidas na exploração subterrânea do carvão mineral.

Paulo Carneiro, entrevistado pelo rádio sobre a morte, declarou:

- Sou radicalmente contra!

Esbarra em Gaguinho, conhecido barbeiro da Laguna, na porta de afamado café, em Florianópolis. O apelido diz tudo sobre a maneira pela qual se comunicava o ilustre personagem. Paulo pergunta a que vinha ele:

- P-Pois, do-doutor Paulo, vim prum cu-curso de ga-gagueira...

- Mas, prá que homem de Deus? Se você já gagueja tão bem!

Paulo Carneiro, mineiro mas que estudou Medicina no Rio, menino pobre que teve o curso subsidiado por parenta rica, é nome de quase tudo na Laguna. Existe a Sociedade Esportiva Paulo Carneiro, há um busto (erigido em vida) ali na frente do Cine Mussi, é nome de rua, de praça, de escola municipal e é até nome de time de futebol.

ATÉ MAIS!

Por Henrique Packter 11/11/2024 - 14:35

Nestes muitos anos em que tenho me dedicado a escrever sobre nossos vultos do passado e personalidades contemporâneas, dou a mão à palmatória: há toda uma classe profissional  de grande importância que vem sendo negligenciada por mim: os farmacêuticos (as).

Lá no nosso interiorzão são bem voláteis as fronteiras entre a prática médica e a prática farmacêutica. Quem não lembra de Adamastor Martins da Rocha, nascido em 1922, piloto amador além de farmacêutico?  Integrante do Aeroclube criciumense, árbitro de futebol, em Criciúma desde 1937, veio do Alegrete e era, também, entusiasta do escotismo. Ele e a esposa, Ruth Becke da Rocha, trabalharam muitos anos na Drogaria e Farmácia São José, localizada na central Praça Nereu Ramos e da qual eram proprietários.

E do João Balestro, quem ainda lembra? Veio do Guaporé, também lá do Rio Grande e casou aqui com Wolynira Sampaio, filha de Carlos Pinto Sampaio e de Ladislava Angulski Sampaio, a dona Ladi. Trabalhava na Farmácia Sampaio, na praça Nereu Ramos.

Álvaro Pedro da Costa, falecido muito jovem, casado com Zoê, filha de Jorge Cechinel e que tinha farmácia no prédio do sogro, na praça Nereu Ramos. Álvaro era mais conhecido pelo apelido: Bolinha. Este era, também, o apelido da mãe do farmacêutico, artista plástica que exibia com frequência suas obras nos hotéis do Gravatal. Álvaro era de Tubarão e graduou-se em Curitiba.

Já Juca da Içara, nascido em 26.02.1918, era filho de Amaro Mauricio Cardoso, próspero empresário que vivia de comprar farinha de mandioca dos agricultores da região e revender o produto das compras a atacadistas, em geral do centro do país. Juca era proprietário da farmácia São Carlos.  Entre os irmãos que possuía, é de se ressaltar Abílio Cardoso. Autodidata, Abílio sabia muita química e intitulava-se alquimista.

Meu cliente, nas vezes em que o atendi em meu consultório, então no Hospital São José, mostrava-se atilado e inteligente, muito acima da média.

Discutia de tudo, com propriedade.

O OVO APOCALÍPTICO

Dona Antônia, ia diariamente ao galinheiro apanhar os ovos das galinhas, sempre em grande quantidade. Vai daí, certo dia volta ensimesmada da coleta. Um dos ovos trazia uma frase ou quase uma frase: “o mundo durará mais ...”. Dona Antônia, impressionadíssima corre a chamar Juca, filho mais velho. Corria o ano de 1946, ano caracterizado em Criciúma por não haver transmissão radiofônica, que só chegaria em 17.11.1947 e sem jornal impresso, este só em 02.05.1955 com a Tribuna Criciumense.

Ninguém sabia que coisa era aquela. Padre Boleslau, da paróquia São Donato e até o delegado foram chamados sem que o mistério se esclarecesse. A falta de uma mídia mesmo incipiente (e insipiente), também dificultava que as gentes se manifestassem. Muita água rolou até que se descobrisse que o autor do trote estava bem ali, era o Abílio!

Por Henrique Packter 04/11/2024 - 12:30

A 3 de novembro de 1994, sendo prefeito de Criciúma o médico-cardiologista Eduardo Pinho Moreira, nossa cidade estava na rota de eclipse solar total, o último do século.

Éramos um dos melhores locais do mundo para observar o fenômeno, pela duração do eclipse. Iniciando-se às 9 horas, 44 minjutos e 4 segundos, o término total seria às 12 horas 22 minutos e 32 segundos. Precisão astronômica! Então, do início ao fim seria 4 minutos e 3 segundos.

O doutor prefeito incumbiu a Fundação Cultural de Criciúma de cuidar de tudo que se referisse ao fenômeno: dos cuidados oculares da população à recepção dos especialistas que certamente aqui acorreriam com seus instrumentos e publicações.

Se a cobertura resultasse em fracasso certamente a responsabilidade seria minha. Como tudo ocorreu como planejado, nada se noticiando ..., população e imprensa ignoram solenemente (e até hoje) os autores dos eventos paralelos ao espetáculo celestial e que tanto trabalho significaram para a FCC.

PREPARATIVOS PARA O EVENTO

O Projeto foi desenvolvido pela Divisão de Turismo da FCC.

No início tratava-se de informar nossa população dos cuidados a tomar visando sua segurança e integridade ocular na observaão do raro fenômeno astronômico.A divulgação e distribuição do material educativo iniciou-se seis meses antes, nos eventos AÇÃO MUNICIPAL e AÇÃO GLOBAL. Na verdade, principiou um pouco antes, em 24.03.1994, com as primeiras reuniões de funcionários municipais, voluntários e interessados outros.

A FCC enviou funcionários seus a Chapecó, Americana (SP) e Rio de Janeiro, mantendo assim, os primeiros contatos com autoridades em Astronomia. Meses depois, em agosto, realizamos o curso Jornalismo em Ciências e Tecnologia  que atraiu 46 órgãos da imprensa no sul de SC.  A Comissão Executiva ECLIPSE 1994 da Sociedade Astronômica Brasileira elaborou a cartilha do Eclipse.

Como se sabe, durante os eclipses, fixar o que é visível do sol, oculto pela lua nos eclipses totais, pode provocar lesões oculares irreversíveis e que prejudicarão a visão do incauto observador pela vida. Sendo eu oftalmologista, diretor-presidente da FCC e responsável por informar e levar nossa população a informar-se e cuidar da visão,  passamos a organizar um programa que abrangesse todos os aspectos da indispensáavel proteção.

Prefeitura e FCC distribuiram nos meses que antecederam o eclipse solar, panfletos com essa finalidade. Nossa posição geográfica atraiu o interesse e depois a presença de astrônomos do mundo inteiro.

Entre os voluntários do trabalho executado pela FCC é imprescindível destacar o trabalho de Guiomar Back, astrônoma amadora. Ela era esposa do Pediatra Solon Back, médico graduado pela primeira turma formada na UFSC. Ele clinicou por longos anos em Criciúma, na sua especialidade e no Hospital São José, migrando mais tarde para Florianópolis.

O Professor Luiz Carlos da Silveira do Departamento de Engenharia Agrimensura da UNESC, elaborou um impresso: Fundamentos de Astronomia, Eclipse de 03.11.1994, além de distribuir na população filtros solares em grande quantidade.

A jornalista Adilamar Rocha, Diretora de Eventos da FCC e que dirigia a Casa da Cultura na Praça Nereu Ramos, passou a colaborar com as atividades astronômicas desenvolvidas no período. Juntaram-se a ela Liline Motta da Silveira (Diretora Superintendente Executiva da FCC), Gilberto João de Oliveira (Diretor Administrativo e Financeiro da FCC), Sayonara Meller (Diretora de Ação Cultural da FCC), Dr. Edson Miguel de Souza (Diretor de Turismo da FCC).

RESUMO E RESULTADO DAS AÇÕES

Todas essas ações e cuidados foram divulgados à exaustão pela nossa imprensa (rádio, TV, jornais, revistas, festas populares, eventos) que neste mister, se houve com excelência. Acredito que, pela vez primeira na história, não foi registrado nenhum caso de retinopatia solar neste tipo de eclipse.Trata-se, parece-me, de fato virgem na história dos eclipses totais de sol: não se registrou nenhum caso de lesão na retina pela observação do eclipse! 

Atenção Turma do Portal: quem sabe aí quais são os riscos oftalmológicos de olhar o fenômeno astronômico eclipse solar total?

Oftalmologistas alertam: olhar diretamente para o eclipse pode causar diminuição permanente da visão central  relacionada à retinopatia solar. Até agora, não existe tratamento conhecido para essa condição, por isso a prevenção é muito importante.

Um estudo de entidade internacional revelou que apenas 53% dos principais jornais europeus mencionaram risco para os olhos e apenas 42% descreveram medidas seguras para ver o evento. Nossa atuação enquanto órgão admistrativo municipal foi, portanto, exitosa.

Para 2017, a American Society of Retina Specialists publicou documento com orientações para observar o fenômeno com segurança. Entre elas, uso de lentes com filtros especiais ou de um projetor especial.

A observação do eclipse solar é a causa mais comum de retinopatia solar. A condição se caracteriza por lesões maculares (no local do olho de melhor visão), causadas por fototraumatismo em indivíduos que olham diretamente para o sol. A lesão nos olhos pode desaparecer espontaneamente  entre 1 e 2 semanas após a exposição. No entanto, a recuperação parcial ou total da acuidade visual pode levar meses e até não ocorrer.

Os sintomas podem surgir logo nas primeiras horas pós-exposição: diminuição da visão, cefaleia, perda total ou parcial da visão e dificuldades para enxergar pontos próximos. Em alguns casos, os olhos acometidos podem apresentar sequelas permanentes.

Por Henrique Packter 21/10/2024 - 14:00

O que passo a contar é quase a mais pura realidade e verdade, salvo erro ou omissão. Quem vivo estiver, talvez lembre, ou talvez não. Penso que os fatos não chegaram ao conhecimento do grand monde criciumense por envolver recursos em dinheiro mal havidos segundo alguns e não levados ao conhecimento das autoridades.

Os nomes dos personagens foram alterados e  algumas situações também foram. Se mais personagens estiveram envolvidas não me lembra mais. Acho que as atividades profissionais dos atores principais podem também ter sido modificadas. O resto, o que sobrar, é quase tudo verdade. 

UM CENÁRIO

No Centro Cirúrgico Hospitalar (CCH) atuam enfermeiros (as), médicos (as), odontólogos (as). Vez que outra, vê-se algum religioso azafamado distribuindo extremas-unções. Trocada a roupa de rua pela indumentária apropriada, adentra-se em estreitas dependências, reservadas aos habitués do setor.

Sentados, degustando cafezinhos esfriados pela espera, troca ideias a população local. Houve um dia em que o doutor anestesista, eu, doutor Tiradentes e Dr. Proto), falávamos o de sempre: a difícil  luta do dia-a-dia humano.

OS PERSONAGENS

Dr. Proto discorria sobre seus investimentos, dólares adquiridos a troco de reais de primo, comerciante em Foz do Iguaçu. O primo vinha eventualmente, com as malas fornidas de verdes notas estrangeiras, vendidas todas elas ao primo Proto, também empresário. Dr anestesista tratava de fazer calar o falastrão sem grande sucesso. Tiradentes nada dizia. Limitava-se a tudo ouvir em silêncio respeitoso. 

O prudente Dr. anestesista dizia: "estamos contentes com teu êxito financeiro Proto, mas não precisa ficar espalhando coisas por aí". Proto retrucava: "não tem perigo. Aluguei  cofre (no Bradesco?) e os dólares estão todos lá, tudo muito seguro, garantido pelo Lázaro de Mello Brandão, Amador e Denise Aguiar. Tem mais: tudo muito baratinho."

OUTROS CENÁRIOS

Passam-se os dias e a família Protor espera em sua mansão móveis comprados na Casa Europa, São Paulo. Às doze horas de uma sexta-feira ensolarada a faxineira abre os portões do palacete para entrada de grande caminhão. Imediatamente, dele saltam quatro homenzarrões que encerram a dona de casa, filhos e faxineira no banheiro. Os convivas passam a beber o uísque do doutor que está para chegar. Ele chega afinal, para ouvir os planos dos estranhos indivíduos.

Primeiro: Protor mais três dos homens iriam ao banco para sacar os dólares do doutor, guardados no seguríssimo banco. Protor e um dos homens retirariam as economias doutorais.

Segundo: qualquer contratempo produzido por Protor, sua família sofreria sérias consequências e imediatamente

Terceiro: De posse do dinheiro todos voltariam para casa de Protor.

Quarto: A faxineira ficaria com a menina que era muito pequena e nem sabia o que estava se passando. A mãe e o menino, este pouco mais velho, seriam levados de automóvel até empresa das Granjas Suely, situada na BR101 ainda não duplicada, frente ao acesso para Morro da Fumaça. Lá seriam deixadas. Protor seria levado em outro automóvel e deixado em Florianópolis. Ele só deveria comunicar-se com a família quando recebesse autorização para tal. Quanto à família: bico calado! Inacreditável que plano tão complexo não tivesse gorado. Essa história, que parece pouco verossímil, ainda é contada assim em certas esferas.

UM SUSPEITO

Protor garantia ter visto jipe de frequentador do CCH, no trajeto sua casa à Içara. Era frequentador que sabia tudo o que lá se passava. Proto dizia ter visto tal personagem, jipe estacionado às margens da rodovia, enquanto era sequestrado. Jurava por tudo quanto era santo e beatos católicos.     

Tudo resolvido, até hoje não se sabe que fim levou o dinheiro (certamente mal havido) de Protor. Doutor anestesista divorciou-se e já faleceu, Tiradentes ficou mais próspero, proprietário que se tornou de extensas terras.  Já faleceu, também. Protor e Tiradentes passaram a não falar-se mais e também já faleceram. Tiradentes deixou seu trabalho hospitalar, buscou e encontrou  outro profissional para substituí-lo naquela faina, que, aliás, não era lá grande coisa.

OUTRO AFFAIRE COM UMA MESMA PERSONAGEM

Conto noutra ocasião e também é quase inacreditável.

De todos os personagens que começaram essa história, acho que sou o único sobrevivente. Ou não?

Por Henrique Packter 14/10/2024 - 12:05

Houve uma babá que deliberadamente expos PUPO e BRIGITTE à fúria do ataque de um enxame de abelhas. O estrago foi grande, as crianças picadas da cabeça aos pés. Mãe AUGUSTA não resistiu aplicando merecidas palmadas no traseiro da excomungada. Numa das viagens a Araranguá e Arroio do Silva discussão entre PUPO e MÉROPE termina com ele esfregando carrapichos nos belos cabelos cacheados da irmã que tiveram de ser sacrificados.

PUPO passou a vida a reclamar de seu prenome, mas, nascido o primeiro filho corre a registrá-lo como ... PORTIUNCULA!  

SÉRGIO LUIZ BORTOLUZZI, anestesista do Hospital São José, fez vestibular para Medicina no mesmo ano que PUPO. Chegaram a estudar juntos em Porto Alegre, preparando-se para o exame. Nunca se soube o motivo, mas PUPO temia ser reprovado em Português caso fizesse o exame vestibular para Medicina  em Porto Alegre. Por esta razão decide fazer o vestibular em/para Santa Maria.

Já BORTOLUZZI faz o vestibular em Porto Alegre. Depois viaja a Santa Maria para submeter-se a exame também lá porque o resultado no Portinho ainda não saíra.  De maneira dramática soube que passara, por telegrama em caráter urgente entregue no local da prova. Abriu e leu-o em voz alta por exigência dos demais candidatos. O telegrama, de parente em Porto Alegre, dizia:

- Parabéns, foste aprovado no vestibular para Medicina!

SERGIO BORTOLUZZI limitou-se a entregar a prova em branco debaixo de aplausos, deixando Santa Maria para nunca mais voltar.

OUTROS CURSOS, CURRÍCULO, FAMÍLIA

Curso de Medicina do Trabalho (1974, 1º da UFSC), 1º lugar no Concurso em Cirurgia Torácica  no Hospital de Base de Brasília, 2º lugar no Concurso no DSP/SC em Cirurgia Torácica. 

O extenso currículo de PORTIUNCULA CAESAR AUGUSTUS GORINI preencheria muitas laudas deste jornal.

Casado com ONEI SCHAUCOSKI GORINI e pai de Valéria S. Gorini, médica endocrinologista, Dino Gorini Neto engenheiro de Produção Civil e professor da UNESC, Portiuncula Gorini, cirurgião cardíaco em Florianópolis.

Quando PORTIUNCULA retorna a Criciúma seu primeiro ato cirúrgico, um implante de marca passo cardíaco, foi realizado no Hospital São José auxiliado por LUIZ FERNANDO DA FONSECA GYRÃO.

Notícia dos jornais: o Hospital São João Batista, celebrando seus 50 anos, reuniu mais de 150 médicos com respectivos cônjuges no salão Santos Guglielmi, Criciúma Clube em 05.12.2013

A solenidade contou com a presença do corpo clinico e administrativo do hospital e autoridades, o prefeito Márcio Búrigo, e a secretária de saúde Geovânia de Sá. O Dr. Portiuncula Caesar Augustus Gorini recebeu na ocasião o título de Médico Honorário do hospital e deu seu nome ao centro cirúrgico do nosocômio que, doravante, passou a se chamar Centro Cirúrgico Dr. Portiuncula Caesar Augustus Gorini. 

A MAÇONARIA E OS GORINI

DINO GORINI e PORTIUNCULA C A GORINI eram membros da maçonaria que data de 1175, quando pedreiros ingleses, para não revelar a forma das construções góticas, preferência na Inglaterra, passam a se organizar sob a proteção de São João Batista.  

Eduardo VI dissolve a Fraternidade em 1547, provocando a formação da Deísta Sociedade dos Pedreiros Livres, século 17, construtores do Templo da Humanidade (1650). A Moderna Maçonaria principia em Londres (1713), objetivando espalhar o Deísmo, preceitos naturais e unir os homens, sem distinção religiosa.

Presente no Brasil desde a Inconfidência Mineira, final do século 18, a primeira loja maçônica brasileira, filiada ao Grande Oriente da França foi instalada em 1801 no contexto da Conjuração Baiana. Desde 1809 são fundadas várias lojas no RJ e Pernambuco e o primeiro Grande Oriente Brasileiro é de 1813 dirigido por Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Silva. A lusofobia presente nos movimentos de emancipação, também caracterizava a maçonaria brasileira, que, de início não aceitava se submeter ao Grande Oriente de Lisboa.

MANIF ZACHARIAS, mais 16 irmãos,  fundou a LOJA MAÇÔNICA PRESIDENTE ROOSEVELT de Criciúma em 15.8.1946; a primeira sessão ritualista ocorreu em 28.7.1948.

A Maçonaria surgiu realmente na Inglaterra, em canteiros de obras, final da Idade Média pela unificação de 4 unidades na Grande Loja de Londres (1717), atingindo sua culminância na América. Em nenhum país foi tão importante quanto nos EUA. Mason (mêisson) termo para pedreiro em inglês, quando pedreiros da época (para manter a hegemonia na construção civil, militar e religiosa), guardavam segredo profissional, passando-o apenas a aprendizes confiáveis e nem sempre. Mais tarde, as aulas (fóruns), são transferidas aos lodges (lojas).

Nove dos 55 homens que assinaram a Declaração de Independência e um terço dos 39 signatários da Constituição vinham da maçonaria. Benjamin Franklin era maçom e George Washington, grão-mestre da Loja Alexandria, teria comparecido de avental cerimonial no lançamento da pedra fundamental da nova cidade.

Há compassos e estrelas no traçado das ruas de Washington DC. O tema George Washington maçom inspirou pinturas e esculturas nas portas do Senado e no teto do Capitólio. A cidade tem ao menos 17 edifícios com arquitetura típica (mistura de estilo grego e romano), acompanhados de esquadros, compassos e letras G (God, Deus em inglês). Com o sucesso da independência americana (1776), a Maçonaria passou a ditar o passo das alterações políticas do planeta. Ser maçom (final século 18, começo do 19) era pertencer a clube exclusivo arregimentador das mentes mais inquietas e influentes. Com liberdade, igualdade e fraternidade no DNA, a maçonaria estava na Revolução Francesa (1789) e inspirou a criação da Carbonária, sociedade secreta que buscaria a independência da Itália (1810).

A Marselhesa foi composta em loja de Marselha. Três libertadores da América, Bernardo O’Higgins (Chile), Simón Bolívar(Venezuela) e José de San Martín (Argentina), frequentavam a mesma loja em Londres, convivência que influenciou um continente. A Maçonaria participou da independência de todos os países da América do Sul, Brasil inclusive. Nossa independência de Portugal (1822) foi proclamada pelo grão-mestre Dom Pedro 1º e a Proclamação da República (1899) vem por outro, o marechal Deodoro da Fonseca. Nilo Peçanha, Hermes da Fonseca e Wenceslau Braz, maçons atuantes na República Velha, chegam à presidência do país.

A partir da década de 1930 a ordem vive crise quando membros mais à direita (fascistas) e à esquerda (comunistas), não vestem mais o mesmo avental. No Holocausto, entre 80 e 200 mil maçons morreram em campos nazistas. Muitos eram maçons-judeus. Nos anos 50, a Ordem teve filiação recorde nos EUA, mas, a desinteressada geração seguinte faz as revoluções passarem longe das lojas.

MAS, AFINAL, O QUE A MAÇONARIA QUER NOS SEUS MEMBROS?

Maçonaria (franco-maçonaria) é sociedade ou instituição fraternal de caráter universal, filosófica, progressista e filantrópica, constituída por homens acolhidos por iniciação em Lojas, onde, utilizando símbolos e alegorias, operam pela elevação da Sociedade Humana.

Cultivam princípios de liberdadedemocraciaigualdadefraternidade, de progresso intelectual. Acreditam em vida futura, no sigilo absoluto e inviolável, no respeito à família e no firme propósito de buscar a perfeição, deletando vícios próprios e alheios. Da prática do culto e glorificação da verdade, da justiça e do direito. Do respeito às autoridades constituídas, às leis do país, à família e às religiões. Mais: a Maçonaria quer a prática da  benevolência, educação, tolerância e da livre e consciente investigação da verdade. Proíbe em Loja a discussão sectária sobre assuntos religiosos ou políticos. Barracos, bebedeiras, adultério e prisões, nem pensar.

 

MANIF ZACHARIAS,  UM MAÇOM

Falecido em 21.2.2016 aos 97 anos e DINO GORINI, falecido a 31.7.1988 aos 79 anos, ambos maçons de 4 costados, sócios no Hospital Sta. Catarina, médicos e figuras de grandeza maiúscula sob qualquer aspecto que fossem estudados, acabaram inimigos. Henrique Dauro Martgnago em CRICIÚMA: EVOLUÇÃO E SUCESSO, pág. 168 diz: “Tendo em vista que, na época, as relações dele (Manif Zacharias) com o Dr. Dino não eram boas, adquiri suas ações, passando a controlar majoritariamente a casa de saúde”.  Maçons estruturam-se e reúnem-se em células autônomas, oficinas ou lojas. O número total de maçons em 2008 era cerca de 3,6 milhões: 1,5 milhões nos EUA (4 milhões em 1965); 250 mil na Inglaterra;170 mil no Brasil; 1,6 milhões no restante do mundo. 

A Maçonaria adota o Livro da Lei, o Esquadro e o Compasso, considerados como suas Três Luzes Emblemáticas, permanentemente situadas sobre o Altar dos Juramentos. A maçonaria pretende admitir apenas e todo homem livre, de bons costumes e boa índole, sem distinção de raçareligião, ideário político ou posição social. Acessível aos homens de todas as raças, classes e crenças, excetuando as que privem o homem da liberdade de consciência, da manifestação do pensamento, restrinjam os direitos e a dignidade da pessoa humana e exijam submissão incondicional.

Exigência: o candidato deve acreditar, como a Maçonaria acredita e proclama, num Princípio Criador, o Grande Arquiteto do Universo. Para entrar na Ordem é preciso ter cromossomo XY e acreditar em algum deus, e pouco mais que isso.

 

Precisa ser maior de idade, ter endereço fixo, renda própria e declarar seus motivos para participar da ordem. Sendo casado a mulher precisa estar de acordo. Sendo homossexual, não entra.

 

A Maçonaria não mais lidera revoluções ou funda países. Não mais aprova o ingresso de gente como Hugo Chávez (presidente venezuelano) no Templo Maçônico de Caracas, a convite de um guarda-costas. Chávez discursava citando frequentemente maçons como Simón Bolívar. Também Sílvio Berlusconi (premiê italiano), maçom da loja Propaganda Due, Estado dentro do Estado nos anos 70,  iniciado em 1978, teria deixado a Maçonaria quando a loja fechou (1981). Esperidião Amin, ex-governador e atual senador por SC é membro desde 1971.

Na Inglaterra, maçons funcionários do sistema judiciário obrigam-se a declarar essa condição (1977). Motivo: lealdade à irmandade poderia desacreditar seu trabalho. Importante saber quem é maçom, para acompanhar sua conduta. Em 12 anos, nenhuma impropriedade ou má prática foi verificada por parte dos juízes pelo fato de serem maçons.

Maçons também pesquisam amigos, emprego, a vida financeira e criminal do irmão em potencial. Investigado por 6 meses a 1 ano, o candidato é avaliado por toda a loja: a aprovação deve ser unânime. Participa então da iniciação e promete não revelar o que escutar, o tal pacto de silêncio da irmandade. Reavaliado frequentemente obriga-se a participar de uma reunião semanal noturna em dia útil. Ausência só em função de trabalho, saúde ou estudo, mediante autorização.

Lojas maçônicas da mesma cidade ou não, se visitam, sendo aconselhável participar de alguns desses momentos de intercâmbio. A cada 3 anos, deve-se participar da votação para grão-mestre, coordenada por Tribunal Eleitoral Maçônico.

Tem mais: cada loja cobra mensalidade, algo em torno R$ 150,00 para fundo de amparo, que cobre despesas inesperadas de irmãos, fundo que também funciona como previdência paralela. Viúvas de maçons recebem pensão mensal; maçom em apuros é socorrido pelo fundo.

Finais de semana, maçons fazem trabalho voluntário nas instituições mantidas pela ordem (creches, hospitais). Levar esposa e filhos é recomendável. Esposas dos irmãos maçons são consideradas cunhadas e os filhos de sobrinhos.

A influência também se dá em outras áreas do Estado. Funcionários e pessoas ligadas à Petrobras reúnem-se por todo o país nas lojas maçônicas Monteiro Lobato - que não era maçom, mas disse: o petróleo é nossoHá grana da empresa nisso? A Petrobras não confirma tal envolvimento.

SÍMBOLOS

Olhorepresenta Deus onisciente e onipresente, que tudo vê. Pirâmide alusão à suposta origem da maçonaria entre arquitetos do Egito antigo. Coluna B do templo, Boaz, à esquerda na entrada das lojas. Remete ao bisavô do rei Davi e à 1ª coluna do Templo de Salomão. Coluna J , Jachim, à direita. Jachim: fusão das palavras hebraicas jah (Jeová) e achin (estabelecer) reporta-se à 2ª coluna do templo.

Os membros são cuidadosamente escolhidos. Opta-se pelos portadores de bom nível cultural e situação financeira equilibrada. Isto para que o candidato ao ingresso na Ordem não sacrifique seus compromissos com a sociedade e com familiares. No Brasil, a Maçonaria tem mais de 170 mil membros em 2.000 Lojas.

Em 1822, a Maçonaria brasileira estava dividida em 2 facções. Ambas queriam a independência: uma republicana e outra de José Bonifácio de Andrada e Silva. Esta queria manter Dom Pedro I numa monarquia constitucional. Ambos disputavam o poder de forma passional.

Na Maçonaria foram estudadas, discutidas e aprovadas decisões importantes no processo de independência, como o manifesto do Dia do Fico (9.1.1822) e os detalhes da aclamação de dom Pedro como imperador (12.10.1822).

COMPASSO: racionalidade científica e busca pela perfeição moral.

ESQUADRO: objeto dos pedreiros, o ângulo reto indicando honestidade.

vem de God, Deus em inglês. Ou GAU, sigla para Grande Arquiteto do Universo. 33 é número mágico dos maçons.

Rituais maçônicos têm caminhadas com vendas e lâminas contra o peito, mas nada de drinques de sangue.

Por Henrique Packter 07/10/2024 - 12:45

Ultimamente a morte tem sido inclemente para com a classe médica do sul de SC. Tubarão perdeu dois médicos ilustres sendo um deles oftalmologista. Praia Grande perdeu no dia 11 de setembro o Dr. João José de Mattos, também ex-prefeito da cidade por dois mandatos. Criciúma perdeu Portiuncola Caesar Augustus Gorini, Renato Bez Batti, Sílvio Búrigo, Danilo Castro, Murilo de Sousa Rosa,  Lúcio Stopazzolli, cidade recordista neste rali da morte.

Portiuncola é a morte mais recente, ocorrida nesta semana. Tive oportunidade, precisamente em 16 de julho de 2016, de escrever a sua biografia para as páginas de jornal local.

A série intitulava-se PIONEIROS MÉDICOS.

PORTIUNCOLA CAESAR AUGUSTUS GORINI pioneiro cirurgia torácica

DO LIVRO DE HENRIQUE DAURO MARTIGNAGO (HDM), “CRICIÚMA, EVOLUÇÃO E SUCESSO”

Pág. 161: “Foi assim que, no final do ano de 1961, conheci Mérope Gorini, a Meque”.

Pág. 162: “Em 1962, Dr. Dino Gorini sofreu violento infarto do miocárdio e o levei para Porto Alegre, para tratamento. Logo a seguir, veio o casamento”. HDM e MÉROPE GORINI casam-se em 1962 (pág. 162).

“Da união nascem Gabriela, Paulo e Helena. Gabriela, magistrada, casada com o advogado Jorge Heriberto Coral tem 3 filhos: Bruno (26 anos), Jorge (21 anos) e Isabella (15 anos)”.

Pág.164:”Paulo, advogado e empresário, casado com a médica dermatologista, Beatriz Castellar de Faria Martignago, tem um filho, Henrique (11 anos). Helena, advogada e empresária, casada com o também advogado e empresário Eduardo Riggenbach Steiner, tem uma filha, Natália (11 anos)”.  MÉROPE foi colega de FRIDA, minha mulher, ambas alunas no Colégio Americano no Portinho e na mesma época. Também ensinou a FRIDA, com grande competência, dirigir veículo automotor. Isto se esquecermos uma única colisão com o carro de SÍLVIO DAMIANI BÚRIGO, em frente ao Centro Médico São José, a primeira de duas colisões sofridas pelo Urologista pioneiro, no mesmo local...

MINA SÃO MARCOS

Pág. 169: ”(...) um fato ocorrido meses antes da revolução de 1964 me levou a adquirir o controle acionário da Companhia Carbonífera São Marcos”. (...) “quanto à lucratividade da Carbonífera (...) da qual era ele (Dino Gorini) acionista no percentual de 20%, disse-me que estava sendo mal administrada, não gerando lucros”.

HDM adquire as cotas de sócios minoritários na MINA SÃO MARCOS (Armando Miraglia, Jorge Frydberg, Arthur Bianchini e outros). LEANDRO MARTINGAGO, pai de HDM fica de avalista do saldo devedor e LUIZ PIROLLA é o último a vender suas ações. HDM pagava 10% de entrada na compra das ações de cada acionista, sendo o restante pago em prestações. Desta forma, HDM e DINO ficaram proprietários de 60% das ações da mineradora. Na divisão das ações, como parte delas seriam pagas com os resultados financeiros da empresa, HDM destinou 50% das ações a ele e 50% a DINO GORINI. DIOMÍCIO FREITAS permaneceu com seus 16%. Mais tarde compraria a mineradora.

Pág. 170 e seguintes: HDM adquire 100 vagonetas; trilhos de madeira (ocasionando constantes descarrilamentos) são substituídos por trilhos de ferro e bombas feitas de madeira de taiuva por bombas de aço inoxidável e novos compressores. Instalação do cabo sem fim mecaniza o transporte das vagonetas; o número de funcionários cai de 320 para menos de 200. Renova caminhões e carregadeiras, novo lavador de carvão é construído. Os melhoramentos introduzidos fazem a mina gerar lucros e sócios têm retirada.

HDM, considerado homem de esquerda (amizade com MANIF ZACHARIAS e JACOB VICTOR CRUZ), admitiu às vésperas do governo militar de 1964, consumir 3 toneladas/mês de dinamite na mina. Alguém denuncia “a mina é usada para treinar guerrilha”. Esta e outras acusações decretarão a prisão de DAURO, que presenciei da sacada do apartamento alugado de Leandro Martingago, Praça Nereu Ramos, abril/64. Na fria madrugada, DAURO, VÂNIO FARACO, JORGE FELICIANO, MANOEL RIBEIRO e outros, foram embarcados num ônibus estacionado frente ao prédio. Apesar da escuridão na praça, identifiquei VÂNIO usando espantoso paletó com grandes quadrados pretos e brancos, mãos nos bolsos das calças. Ainda não se algemava presos, mãos às costas, conquista moderna, recurso incorporado pela PF à prisão de perigosos meliantes como Nestor Cerveró e Mônica Moura.

HOSPITAL SANTA CATARINA

DINO GORINI vende o HSC ao Grupo Guglielmi em 1966. Santos Guglielm já era proprietário do Hospital São João Batista. Difícil entender a transação considerando-se as pessoas envolvidas. Dum lado DINO GORINI do outro SANTOS GUGLIELMI. Todos pesos-pesados das altas finanças, experientes na área de extração de carvão mineral, todos proprietários de hospital. DINO era maçom, rotariano, médico por 25 anos do Hospital São Marcos de Veneza e por 6 anos do HSC de Criciúma.

Correndo na cidade a notícia de que DINO GORINI pretendia desfazer-se do HSC, DAVID LUIZ BOIANOWSKI ouve vários médicos (Luiz Fernando da Fonseca Gyrão, Raymundo Jorge Perez, Aguinaldo Brandão entre outros) deles recebendo consentimento para propor a compra do imóvel. A proposta garantia a correção das prestações mensais tendo em vista a inflação do período. Também permitia o ingresso de sócios médicos da família Gorini à discrição do vendedor. O próprio BOIANOWSKI levou a proposta, não respondida. DINO já negociava a venda do HSC com DIOMÍCIO FREITAS, mas vendeu-o a SANTOS GUGLIELMI.

DINO aceitou a pior proposta. POR QUE? Acho que nunca se saberá.  

Efetuada em período de inflação avassaladora, quando o dinheiro sumia pelo ralo dos desgovernos, a venda foi sacramentada em 12 parcelas iguais e consecutivas, sem juros nem correção monetária sobre as parcelas vincendas. Elas aguardariam sentenças sobre ações trabalhistas que pesassem ou viessem a pesar sobre o Hospital! A última prestação não valia o papel em que fora impresso! O advogado HELMUT ANTON SCHAARSHMIDT teria redigido o contrato. A modalidade de pagamento mais a inflação, fizeram com que o Hospital fosse praticamente doado a SANTOS GUGLIELMI, diz HDM.

PORTIUNCOLA: “realmente foi um negócio ruinoso aquele que meu pai fez com o Grupo Guglielmi, sobretudo naquele período inflacionário; eu desconhecia completamente os negócios de meu pai. Desde tenra idade fui afastado da família e já no primário estava no Internato em Porto Alegre. Depois Santa Maria para estudar Medicina (...) recém formado, na época em que tudo isso aconteceu, acostumado à hegemonia de meu pai que fazia tudo. Educava 7 filhos e era tão solicitado. Sempre tive o maior respeito por ele que era o Poderoso Chefão, na educação italiana que recebemos!”

“Fiquei perplexo ao me relatares fatos que somente agora estou tomando conhecimento e fico triste pois creio na tua informação. Nunca soube desta proposta dos médicos (Boianowski, Gyrão, Aguinaldo Brandão, Raymundo Perez, Oscar de Aragão Paz e outros). Eu não sabia que na proposta havia inclusão de sócio da família”.

“... informação FUNDAMENTAL de Portiuncola: HSC foi fundado no dia 16.6.1961, eu era estudante do terceiro ano de Medicina em Santa Maria, RS. Dauro era estudante de Odontologia em Niterói, RJ, (...), mas de forma alguma trabalhou para a fundação do referido Hospital”. (Pág. 168 do livro biográfico de HDM: “Por volta de 1963, tornamo-nos, Dr. Dino e eu, sócios fundadores do HSC. Participei ativamente de sua construção no Bairro Operária Nova, sob responsabilidade de Anísio Trichês”).

AINDA DE PORTIUNCOLA:

“A data é marcante (da fundação do Hospital) ocorrida um dia após Dino e Augusta Gorini terem festejado Bodas de Prata e também porque minha irmã Berenice viajou para Roma, Itália (19.6.1961), onde permaneceu anos no Curso de Pós Graduação em Belas Artes. Ela me passou estes dados, informando também que na ATA DE FUNDAÇÃO DO HSC, uma das cláusulas rezava que os Sócios Fundadores deveriam ser MÉDICOS e (o Hospital) somente para Médicos”.

 “(...) meu pai foi verificar a documentação da citada ATA na JUNTA COMERCIAL DE FLORIANÓPOLIS, constatando que a referida FOLHA DA ATA FORA ARRANCADA, DESTRUIDA”.

    “... dói (...) lembrar-me (...) ver meu pai acuado e impotente, numa situação desesperada que o levou a fazer tal transação tão ruinosa, com o Grupo Guglielmi e também de outras decisões precipitadas tomadas por ele e minha mãe em transações comerciais, acuados, no fim da vida e até com o nosso desconhecimento”.  

Com 9 anos de idade PORTIUNCOLA é o primeiro dos 7 filhos de DINO e AUGUSTA a voar do ninho para o IPA (Instituto Porto Alegre), internato masculino metodista, coirmão do Colégio Americano, para moças. Ambos educandários operavam com educadores leigos tendo orientação metodista, credo fundado por John Wesley. Lema do Americano era EDUCAR É ENSINAR A VIVER. 

Enfrentou as estradas ou ausência de estradas entre SC e RS.

Filho mais velho, PORTIUNCOLA nasceu a 12.4.1938 em Nova Veneza e teve o nome simplificado pelos irmãos para PUPO. Curso primário e ginásio no Grupo Escolar Abílio César Borges em Veneza e no IPA (Porto Alegre).  Científico no Anchieta. Dedicava seus momentos de lazer à pesca e caçar passarinhos. Ele e amigos eram hábeis na confecção de arapucas feitas de finas taquaras. A isca era alpiste. Os meninos espiavam de longe, a armadilha um lado elevado por graveto amarrado a longo barbante, a outra extremidade nas mãos de PUPO ou de cúmplice. Atraídos pela refeição grátis pássaros adentravam a armadilha. PAF!, o cordel puxado com violência aprisionava as incautas criaturas. Em breve a casa teria um viveiro de canários, sete cores, sabiás... 

PUPO aproveitaria a ausência do pai para explodir pequena quantidade de pólvora colocada numa lata e vê-la saltar. Resultado: explosão no rosto cuja pele pretejou e se desprendeu.

Cirurgião em gestação, dissecava sapos com um canivete. BRIGITTE escreveu: “na Medicina encontrou seu destino” (cont).

Por Henrique Packter 30/09/2024 - 12:00

Nos últimos tempos a classe médica do sul de Santa Catarina tem sido fustigada pelo espectro da morte. É um cenário invulgar tendo em vista que os guardiães da saúde são ameaçados justo num terreno que lhes é muito familiar.  Em Tubarão tivemos duas perdas a lamentar, sendo uma delas de oftalmologista. Bem lá no sul, na Praia Grande, morreu o Dr. João José  de Mattos aos 83 anos, ostentando a condição de dois mandatos na prefeitura local.

Já em Criciúma  muitas mortes a lamentar houve, a começar pelo pneumologista Arthur Goulart, continuando com  dois cardiologistas pai e filho, um cirurgião geral dedicado á proctologia, um cirurgião plástico, um oftalmologista, um urologista, e agora, faz uma semana, um cirurgião torácico, o Dr. Portiuncola Caesar Augustus Gorini. Tive oportunidade, em 2016, de entrevistá-lo longamente para uma série que engendrei, PIONEIROS MÉDICOS. Muitos dados foram-me repassados por e-mails. Vejam esse:     

“Prezado Henrique: (...) o Hospital São João Batista (HSJB) deu meu nome ao seu Centro Cirúrgico e do Dr. Dino Gorini ao seu Centro de Estudos”.

“(...) participei do Concurso de Cirurgia Torácica na Fundação Hospitalar do DF (1°HDB), em 08.9.1976, tendo obtido o primeiro lugar para a única vaga. Retornei a Brasília após a promulgação do resultado no Diário Oficial da União.  A vaga era para um grande Serviço de Cirurgia do Tórax no país, mas, estando lá, sondei o ambiente, senti o ônus de um novo recomeço se me transferisse para Brasília, sobretudo não sendo um Político de carreira, AVIÃO DEPENDENTE. Optei então por permanecer em SC, perto dos familiares vivos que ainda restavam, os filhos mais próximos e todas as facilidades AUTOMÓVEL DEPENDENTES”.

“Muito embora o Serviço de Cirurgia Torácica do Professor Manoel Ximenes Neto com quem iria trabalhar fosse dos mais respeitados do país, mesmo nos dias atuais, eu, meu filho, dois colegas de POA e um do RS fazíamos pelo menos um mutirão por ano (programado) de Cirurgia Torácica de Alta Complexidade, incluindo esôfago, no 1°HDB, com o referido Professor”.

“Visitei em Brasília com minha esposa o David Boianowski (pediatra que atuou em Criciúma de 1958 a 1970, falecido em acidente aviatório da TAM em Congonhas, na Ponte Aérea). Fomos bem recebidos por ele e esposa Rosa.  Mostrou-me a casa com ampla churrasqueira em cuja parede estavam as assinaturas dos visitantes, tendo eu assinado meu nome logo abaixo do Ministro Arnaldo da Costa Pietro (Ministro do Trabalho e da Previdência Social)”.

(Arnaldo da Costa Prieto, engenheiro, professor e político, foi ministro do Trabalho e Previdência Social no governo Geisel, 1974). 

“Tivemos conversa cordial já que éramos vizinhos de casas de um lado ele, do outro lado o seu irmão Boris no Morro dos Conventos, Araranguá”.

“Caro Colega: o parabenizo pela sua iniciativa de falar sobre o nosso Pioneirismo, sem tecnologia avançada, quando o conhecimento era adquirido grão a grão, em infindáveis procuras em livros, muitas vezes só encontrados em Sebos, sem INTERNET. Desta forma os jovens conhecerão o valor do saber dos mais velhos, os reais PIONEIROS”.

“Prezado Henrique: Os subsídios (material), para a sua escrita já repassei no meu curriculum vitae que sistematicamente cataloguei, bem como os detalhes que citei no último E-mail. Segundo me falou Brigitte, seu objetivo era historiar os Pioneiros Médicos e assim o fiz. Também devo citar que o Hospital São João Batista deu meu nome ao seu Centro Cirúrgico e o do Dr. Dino Gorini no seu Centro de Estudos”.

“Acompanhei com atenção as suas colocações sobre a Saga dos Gorini, e estou aguardando o desdobramento e desfecho do assunto nas suas colocações sobre a minha pessoa, já que sou o Cirurgião Torácico do presente assunto”.

“Ok! Então, finalmente, não li o desfecho da minha História dos Pioneiros Médicos, já que a minha irmã falou-me do seu desejo de falar sobre o primeiro Cirurgião Torácico de Criciúma e não li ainda o referido artigo em que falas sobre mim, os filhos sim com brevidade conforme citas no dia 29/06/2016”.

“Caro Colega: o parabenizo pela sua iniciativa de falar sobre o nosso Pioneirismo, sem tecnologia avançada, quando o conhecimento era adquirido grão a grão, em infindáveis procuras em livros, muitas vezes só encontrados em Sebos, sem INTERNET. Desta forma os jovens conhecerão o valor do saber dos mais velhos, os reais PIONEIROS.

Próxima semana conclui PORTIUNCOLA CA GORINI inicia CELSO MENEZES

Portiuncola Caesar Augustus Gorini, nasceu em Nova Veneza, SC em 12.4.1938. Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Santa Maria, RS em 1964. É casado com Onei Schaucoski Gorini.

Iniciou seu trabalho em Criciúma, no Hospital Santa Catarina após término da Residência Médica em Cirurgia Geral no Hospital Ernesto Dornelles, POA, RS.  

Após 4 anos na Cirurgia Geral optou por se especializar em Cirurgia Torácica no Serviço do Professor Jesse Teixeira, PUC, RJ. Prestou exame final obtendo o Título de Especialista em Cirurgia Torácica pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Torácica (SBCT).

Retornou a Criciúma, iniciando a difícil tarefa de enfrentar sozinho tão complexa especialidade. Com calma e ordem escalonou entre a Clínica de Tórax, as urgências, os casos mais rotineiros com qualidade, sobretudo ao Assumir o Departamento de Saúde (DSP), para o controle da Tuberculose, enfermidade que envolve um extremo raciocínio e tirocínio quando exige controle cirúrgico.

No início, atendimento às emergências com qualidade, depois operações mais complexas exigindo muita retaguarda técnica, Banco de Sangue, Anestesiologia, UTI, Fisioterapia e sala de operação bem estruturada.

Gradativamente o Serviço foi se adequando às condições que se apresentavam até adquirir rotinas. Nos idos de 1976, optou por enfrentar Concurso (Escrito, Oral, Prático e de Títulos) para única Vaga de Cirurgia Torácica no Hospital Distrital de Base em Brasília, Serviço de Cirurgia Torácica do Professor Manoel Ximenez Neto. Aprovado, aguardou nomeação no Diário Oficial da União, Resolução 66/74 de 08.9.1976. Em Brasília sentiu que deveria retornar a Criciúma, onde seria mais útil, exercendo paralelamente a Cirurgia Geral. Submeteu-se ao Concurso do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC), Escrito, Oral e Prático tornando-se Membro Titular do CBC.

Realizando atendimentos cirúrgicos eletivos e emergenciais, incluindo centenas de operações em Pediatria, foi possível estender o atendimento a vários Hospitais vizinhos. Com o Progresso e o advento da VÍDEO CIRURGIA, participou do Primeiro Curso em SC (Florianópolis, Hospital Universitário), 11/10/1991. Posteriormente mais quatro Cursos Intensivos de Imersão em Vídeo em Goiânia (GO) em diferentes anos, inclusive VIDEOTORACOSCOPIA complementado com o Curso de VIDEOENDOSCOPIA DIGESTIVA, no Serviço do Professor Luiz Henrique de Sousa, Goiânia, GO, 2007.

    Em 1979 fez novo Curso de Cirurgia Cardiotorácica, no Imperial Brompton Hospital da Universidade de Londres (Inglaterra), na qualidade de Internship. Durante o Curso deu especial atenção à Cirurgia de Marcapassos para implante de eletrodos Epimiocárdicos.

    Em São Paulo, treinamento intensivo em Marcapasso no Departamento da Sorin Biomédica de 20 a 27.10.1985. No Instituto Dante Pazzanese fez treinamento com o Professor Décio Kormann e em POA com o Professor Fernando Lucchese. Estes estágios alavancaram e permitiram a Criação do Serviço de Marcapasso no Hospital São João Batista, que foi o germe do Primeiro Serviço de Cirurgia Cardíaca do Sul Catarinense.

    Em Novembro de 2013, por ocasião dos 50 Anos de Fundação do Hospital, Portiuncola C A Gorini foi homenageado com o Título de MÉDICO HONORÁRIO do HOSPITAL SÃO JOÃO BATISTA, por completar 50 anos de trabalho e pelo sucesso alcançado no IMPLANTE DE MARCA PASSO, os dirigentes do HSJB estenderam esta homenagem denominando seu Centro Cirúrgico PORTIUNCOLA CAESAR AUGUSTUS GORINI.

 

Por Henrique Packter 23/09/2024 - 12:15

Allan Stewart Konigsberg, o Woody Allen, de Nova York, 88 anos, nascido em 30.11.1935, ator, escritor, músico, comediante, roteirista, cineasta, atua de 1950 até hoje. Foi casado com Harlene Susan Rosen (1956–1962),Louise Lasser (1966–1970), Diane Keaton (1970-197),Mia Farrow (1980–1992), Soon-Yi Previn (1997–hoje) e tem cinco filhos.

INFÂNCIA A FAMÍLIA

Heywood Allen (nascido Allan Stewart Konigsberg), Nova Iorque, 30.11.1935,  nome artístico Woody Allen, cineasta, ator e comediante estadunidense cuja carreira beira 6 décadas. Embora a família morasse no Brooklyn, o nascimento ocorreu no Hospital Mount Eden, no Bronx. Os pais de Allen nasceram e foram criados no Lower East Side de Manhattan. Eram Nettie (nascida Cherry, 1906–2002), contadora da delicatesse familiar e Martin Konigsberg (1900–2001),  gravador de joias e garçom. Seus avós eram imigrantes que vieram da Áustria e da cidade lituana de Panevėžys para os EUA. Eles falavam alemão, hebraico e iídiche. Woody e a irmã mais nova, a produtora de cinema Letty, foram criados no bairro de Midwood, no Brooklyn.  Eram judeus. Os pais de Allen não se davam bem e ele tinha relacionamento distante com sua mãe descrita como autoritária e mal-humorada. Costumava ser enviado a acampamentos de verão inter-religiosos quando jovem. Enquanto frequentou a escola hebraica por oito anos, ele foi para a Escola Pública 99 (agora Escola Isaac Asimov de Ciência e Literatura) e para a Midwood High School, graduando-se em 1953. Na época, Allen interessava-se por beisebol na escola. Impressionava as pessoas com seu talento para cartas e truques de mágica.

Allen escrevia piadas para David O. Alber ganhando algum dinheiro, pois Alber as vendia para colunistas de jornais. Aos 17 anos, mudou legalmente seu nome para Heywood Allen e mais tarde passou a chamar-se Woody. Logo estava ganhando mais do que seus pais juntos. Após o colegial, frequentou a Universidade de Nova York, estudando comunicação e cinema (1953), antes de abandonar o curso após ser reprovado em "Produção Cinematográfica". Estudou cinema no City College de Nova York (1954), mas saiu no primeiro semestre. Allen, autodidata, aprendia sozinho. Mais tarde, lecionou na The New School e estudou com o professor de redação Lajos Egri.

ALGUNS PRÊMIOS

Woody recebeu o maior número de indicações (16) ao Oscar de Melhor Roteiro Original, quatro Oscars, dez BAFTA, dois Globos de Ouro e um Grammy, além de indicações ao Emmy e ao Tony. Também recebeu Leão de Ouro Honorário em 1995, bolsa BAFTA em 1997, Palma de Ouro Honorária em 2002 e Globo de Ouro Cecil B. DeMille Award em 2014. Dois filmes seus foram incluídos no National Film Registry pela Biblioteca do Congresso dos EUA.

TRABALHOS

Começou escrevendo para televisão na década de 1950, ao lado de Mel Brooks, Carl Reiner, Larry Gelbart e Neil Simon. Publicou vários livros de contos e escreveu peças de humor para a revista The New Yorker. No início da década de 1960 atuou como comediante stand-up em Greenwich Village, onde desenvolveu estilo de monólogo (em vez de piadas tradicionais) e a figura de um nebbish inseguro, intelectual e irritadiço. Durante esse tempo lançou três álbuns de comédia, ganhando uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Comédia (1964).

Escreveu, dirigiu e estrelou várias comédias pastelão, como Take the Money and Run (1969), Bananas (1971), Sleeper (1973) e Love and Death (1975). Allen dirigiu vários filmes ambientados na cidade de Nova York (Manhattan (1979), Hannah and Her Sisters (1986) e Crimes and Misdemeanors 1989). Lançava um filme quase todos os anos, sendo frequentemente identificado como parte da onda de cineastas da Nova Hollywood cujo trabalho era influenciado pelo cinema artístico europeu. Seus filmes incluem Interiores (1978), Stardust Memories (1980), Zelig (1983), Broadway Danny Rose (1984), The Purple Rose of Cairo (1985), Radio Days (1987), Husbands and Wives (1992), Bullets Over Broadway (1994), Desconstruindo Harry (1997), Match Point (2005), Vicky Cristina Barcelona (2008), Meia-Noite em Paris (2011) e Blue Jasmine (2013).

Em 1979, Allen relaciona-se profissional e pessoalmente com a atriz Mia Farrow. Por 10 anos atuaram em 13 filmes diferentes. Separam-se quando Allen começa relacionamento (1991) com a filha adotiva de Mia e Andre Previn, a sul-coreana Soon-Yi Previn. Em 1992, Farrow acusou Allen de abusar sexualmente de sua outra filha adotiva, Dylan Farrowcom quem se casou em 1997. A alegação ganha atenção da mídia, mas Allen nunca foi processado ou acusado formalmente e negou sempre a alegação. Após a separação, Mia afirmou que o diretor havia molestado a outra filha adotiva do casal. Allen e Previn casaram-se em 1997. Adotaram 02 filhos.

PRODUÇÕES

Em 1964, Woody já respeitável comediante, gravou o disco Woody Allen, dos seus shows, indicado ao Prêmio Grammy. Sua primeira experiência cinematográfica aconteceu ano seguinte, quando numa dessas apresentações chamou a atenção de produtor de cinema que o chamou para escrever e estrelar What's New Pussycat? (O Que é Que Há, Gatinha?, em Portugal O Que Há de Novo, Gatinha?), parodiando filme de James Bond. Como diretor estreou em 1969, com "Um assaltante bem trapalhão". De lá para cá foram mais de um filme por ano.

O primeiro filme premiado de Woody Allen e de maior sucesso foi Annie Hall (Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, 1977), que recebeu quatro Oscars (três para Allen, de melhor filme, roteiro e direção e um para Diane Keaton, de melhor atriz).

Apesar de não ter comparecido a nenhuma das cerimônias em que estava concorrendo, Woody conquistou outro prêmio de melhor roteiro original, por Hannah and her Sisters (Hannah e suas Irmãs), recebendo outras 18 indicações em diversas categorias. Em 2002, no Oscar seguinte aos atentados de 11 de setembro nos EUA, Allen finalmente compareceu à cerimônia para homenagear a cidade de Nova York, cenário de praticamente todos os seus filmes. Lá, rodou outro clássico seu, Manhattan, recebedor de diversos prêmios e que contou com as presenças de Meryl Streep e Diane Keaton, com quem teve um relacionamento.

Antes da fama, Woody Allen já tivera dois casamentos e dois divórcios, com Harlene Rosen e Louise Lasser. Depois da fama, relacionou-se com várias importantes atrizes, que sempre interpretavam os papéis principais de seus filmes, até se firmar com Mia Farrow. Fã de Ingmar Bergman, Groucho Marx, Federico Fellini, Cole Porter, Fiódor Dostoiévski e Anton Chekhov, já trabalhou com Carrie Fisher, Michael Caine, Diane Keaton, Max Von Sydow, Madonna, Martin Landau, Gene Wilder, Anjelica Huston, Meryl Streep, Sydney Pollack, Judy Davis, Liam Neeson, Juliette Lewis, Alan Alda, Goldie Hawn, Leonardo DiCaprio, Edward Norton, Drew Barrymore, Julia Roberts, Mira Sorvino, Helena Bonham Carter, Tim Roth, Natalie Portman, Dianne Wiest, Helen Hunt, Charlize Theron, Dan Aykroyd, Danny DeVito, Scarlett Johansson, Penélope Cruz, Cate Blanchett, Owen Wilson, Rachel McAdams, Naomi Watts, Alec Baldwin, entre outros. Allen também é conhecido por descobrir atrizes. Um lançamento de destaque foi Mira Sorvino, que conquistou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo papel a ela conferido por Allen em Mighty Aphrodite (Poderosa Afrodite). Sua atual musa é Emma Stone.

Dirigindo, atuando e escrevendo a maioria de seus filmes, Woody Allen encarna, na maioria das vezes, um judeu nova-iorquino neurótico e fracassado. Com alguns filmes otimistas e outros nem tanto, o cineasta consegue repetir os temas sem parecer repetitivo. Nesta linha, dirigiu: A Midsummer Night's Sex Comedy (Sonhos Eróticos Numa Noite de Verão), Crimes and Misdemeanors (Crimes e Pecados), Manhattan Murder Mystery (no BraUm Misterioso Assassinato em Manhattan), Everyone Says I Love You (Todos Dizem Eu te Amo e, Toda a Gente Diz que te Amo), Deconstructing Harry (Desconstruindo Harry), Bullets over Broadway (Tiros na Broadway), The Purple Rose of Cairo (A Rosa Púrpura do Cairo)...

Em 2000, iniciou um contrato com a DreamWorks que correspondeu ao que a crítica julgou ser sua pior fase. Apesar de realizar Small Time Crooks (Trapaceiros; Vigaristas de Bairro), The Curse of Jade Scorpion (O Escorpião de Jade; A Maldição do Escorpião de Jade), Hollywood Ending (Dirigindo no Escuro) e Anything Else (Igual a Tudo na Vida; A Vida e Tudo o Mais); nessa fase, Allen nunca chegou a ser brilhante. Ele próprio declarou que The Curse of Jade Scorpion é um dos piores filmes de sua carreira, e que estava horrível no papel de C.W. Briggs, que só o fez porque não arranjou ninguém ideal.

Findando seu contrato com a empresa de Steven Spielberg, Allen decidiu reatar o namoro com o drama. Primeiro veio a aproximação com o gênero, com o Melinda e Melinda, seguido de Match Point, que foi o primeiro drama do cineasta em 16 anos. Arrebatou muitos elogios da crítica e recebeu quatro indicações ao Globo de Ouro, inclusive o de melhor filme de drama, e uma indicação ao Oscar de melhor roteiro original. Match Point marcou por ser o primeiro filme de Allen passado em Londres e também o primeiro com a atriz Scarlett Johansson. O diretor retornou à comédia em seu projeto seguinte, Scoop, também com Scarlett.

Em 2008, lançou o filme Cassandra's Dream (O Sonho de Cassandra), sobre dois irmãos com problemas financeiros que são contratados pelo seu tio milionário para assassinarem inimigo dele. O filme foi mal-recebido pela crítica e considerado dos piores de Woody Allen. Woody não atua neste filme. Ainda em 2008, realizou o filme Vicky Cristina Barcelona, também com Scarlett Johansson.

Além de comediante, diretor, roteirista e ator de cinema, Woody Allen tocava clarinete semanalmente num bar de Nova Iorque. Sua ligação com a música, principalmente com o Jazz, pode ser conferida em todos os seus filmes, dos quais é responsável também pela escolha da trilha sonora. Em 2002 participou, pela primeira vez, do Festival de Cannes, onde ganhou uma Palma de Ouro pelo conjunto de sua obra. Woody Allen se descreve da seguinte maneira "As pessoas sempre se enganam em duas coisas sobre mim: pensam que sou um intelectual (porque uso óculos) e que sou um artista (porque meus filmes sempre perdem dinheiro)".

 

Por Henrique Packter 16/09/2024 - 12:10

Estamos em pleno período eleitoral municipal. Período mais que importante também destinado a rememorar vultos e fatos políticos do passado.Tivemos nós de tudo: desde exemplos de paciência bíblica até paradigmas de portadores de Transtorno Explosivo Intermitente ou heróis do Pavio Curto ou grandes campeões da Síndrome do Transtorno Explosivo Intermitente, característica da pessoa que se irrita com facilidade; qualidade de quem se enfurece ou se enraivece sem mais aquela.

Pavio curto é sinônimo de pessoa  agressiva, personagem irritadiço, genioso, irascível, colérico.

Nem sempre médico disputando cargo político estará disposto a tolerar os chatos que marcam consulta para derramar num estranho as queixas que seus amigos e familiares não têm mais paciência para ouvir.

ASSASSINATOS COMO RESULTADO DE UNIVERSO DE IMPACIENTES

Com o crescimento do time que representa a gente pouco paciente, cresce o número de assassinatos no Brasil, hoje em torno de 41 mil anuais. Acredita-se que este aumento deva-se, em grande parte, à guerra de facções fomentada por usuários de drogas, mas também àquelas pessoas com diminuta reserva de calma. Há quem busque no autoexílio solução para um temperamento de impaciência.

Dados recentes do Itamaraty dão conta que perto de 4,5 milhões de brasileiros estão lá fora, isto que somente no primeiro trimestre de 2022, 10 mil brasileiros correram a buscar refúgio no exterior.

O abismo se aprofunda após bebermos da cultura do medo, com a corrupção campeando, uma certa  leniência com certos bandidos, a inoperância de muitos institutos, os presídios lotados, a glamourização das drogas, a desimportância à educação e parte da imprensa, felizmente nem toda, atrelada aos seus ganhos, esquecida dos grandes problemas pátrios.

A VACÂNCIA TEMPORÁRIA DO PODER

Não faz muito tempo, o governador em exercício do RS, não se demorava longe do estado porque não tinha vice. O próximo na linha de sucessão sendo o presidente da Assembleia e candidato à reeleição, como deputado. Na ausência do governador o Executivo ficava nas mãos da desembargadora Iris Helena Nogueira, presidente do Tribunal de Justiça.

VACÂNCIA DO PODER EM SC

Em SC já aconteceu fato similar. Sendo governador Espiridião Amin e vice Henrique Córdoba, viajaram ambos ao exterior. O Executivo deveria, pela ordem sucessória caber a Epitácio Bittencourt, presidente da Assembleia, que, mais que depressa, também viajou para não ficar inelegível. Assume, então, Francisco May Filho, presidente do Tribunal de Justiça, por pouco menos de 1 semana. May Filho foi Juiz de Direito por muitos anos em Criciúma e era personagem notório, conhecidíssimo pelo seu amor estremecido às Leis e por detestar qualquer forma de corrupção. Era homem valente e, não raras vezes, desafiava transgressores da Legislação para desforço físico, especialmente quando se tratava de esbulho imediato. 

O GOVERNADOR VAI AO BANCO

Sexta-feira à tarde, num mundo ainda sem cartões de crédito, vê-se May Filho sem qualquer numerário nos bolsos e resolve sair do Palácio Cruz e Souza, atravessar a praça XV e recorrer ao Banco do Brasil, exatamente em frente e ter alguma pecúnia  para o fim de semana.

Imediatamente o chefe da Casa Militar do governo do Estado posta-se atrás do governador ad hoc advertindo-o que ele não pode sair sem escolta ou sem guarda pessoal. Francisco May Filho não era pessoa muito fácil. Olha o militar de cima abaixo e diz:

- Se você me seguir, um passo que seja, considere-se demitido! Sabe lá o que é aguentar a gozação dos manezinhos nos meses que virão?

EPITÁCIO BITTENCOURT

Deputado federal e estadual por SC, nasceu em Imaruí (SC) em 30.11.1928, filho de Pedro Bittencourt e de Margarida Matos. Em Florianópolis forma-se técnico em contabilidade pela Academia de Comércio de SC. Foi professor primário em Imaruí e tesoureiro dos Correios na capital catarinense. Bacharelou-se pela Faculdade de Direito de Florianópolis. Iniciou sua trajetória política em 1951, vereador de Imaruí pela legenda do Partido Social Democrático (PSD). Foi presidente da Câmara Municipal, função que exerceu até dezembro de 1954. Na qualidade de presidente da Câmara, esteve à frente da prefeitura de março de 1951 a dezembro de 1954, em virtude de licença do prefeito Pedro Manuel Albino para tratamento de saúde.

Deputado estadual pelo PSD (1954), iniciou seu mandato em 1955, reelegendo-se em 1958 e 1962 na mesma legenda. Com a extinção do pluripartidarismo e a instalação do bipartidarismo (Ato Institucional nº 2 – 27.10.1965), filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de apoio ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Nessa legenda foi reeleito para mais quatro mandatos consecutivos.

Durante esse período, foi líder da Arena na Assembleia Legislativa de SC entre 1972 e 1973; ocupou, por alguns meses, o cargo de secretário estadual de Justiça em 1974 e foi terceiro-secretário da Assembleia em 1975 e 1976. Findo o bipartidarismo e a consequente reorganização do quadro partidário em novembro de 1979, ingressou no Partido Democrático Social (PDS), agremiação de apoio ao governo que reuniu a maioria dos antigos arenistas. Nessa legislatura, entre 1980 e 1981 foi líder do partido na Assembleia e também presidente da casa. Entre 10 e 27.01.1982, quando presidia a Assembleia, exerceu interinamente o governo de SC, no impedimento do governador em exercício Henrique Córdova (1982-1983).

Em novembro de 1982 foi eleito deputado federal pelo PDS, empossado em 1º.02.1983. Ausentou-se da sessão da Câmara em 25.04.1984, quando foi votada a emenda Dante de Oliveira, que propunha o restabelecimento das eleições diretas para presidente da República em novembro daquele ano. A emenda não obteve número de votos indispensáveis à sua aprovação, faltando 22 para que o projeto pudesse ser encaminhado à apreciação pelo Senado. No Colégio Eleitoral, reunido em 15.01.1985, Epitácio Bittencourt votou no candidato do regime militar, Paulo Maluf, derrotado pelo oposicionista Tancredo Neves, eleito novo presidente da República pela Aliança Democrática, união do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) com a dissidência do PDS abrigada na Frente Liberal. Adoecendo, Tancredo não chegou a ser empossa do na presidência, falecendo em 21.04.1985. Seu substituto, o vice José Sarney, já vinha exercendo interinamente o cargo desde 15 de março.

Nomeado para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) de SC, Epitácio Bittencourt cedeu a Francisco Bastos sua vaga na Câmara dos Deputados em junho de 1986. Vice-presidente do TCE catarinense em 1988 e presidente entre janeiro de 1991 e janeiro de 1993.

Faleceu em Florianópolis no dia 10.07.1995. Era casado com Helena Prada Bittencourt, com quem teve quatro filhos. Um deles, Pedro Bittencourt Neto, também seguiu a carreira política, exercendo mandato de deputado estadual entre 1983 e 1999, ano em que foi eleito deputado federal.

FRANCISCO MAY FILHO, O CHICO MAY

Nasceu em 18.06.1924 em Lages/SC. Advogado pela Faculdade de Direito de Santa Catarina em 1951, ingressou na magistratura e atuou como Juiz Substituto na comarca de Chapecó/SC. Posteriormente, foi Juiz nas comarcas de Joaçaba, Concórdia, Curitibanos, Criciúma e Florianópolis.

Em 1971, recebeu nomeação para o cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC), sendo Presidente do Tribunal no biênio 1982-1984.

Na condição de Presidente do TJSC, governou interinamente o Estado catarinense por alguns dias no ano de 1982, ausente o titular, Henrique Córdova, que se encontrava em viagem ao exterior.

Entre 1979 e 1982, presidiu o Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina (TRE-SC).

Faleceu em 15.04.2018, em Florianópolis/SC, aos 94 anos de idade.

Por Henrique Packter 09/09/2024 - 12:20

SÍLVIO afirmava ter participado de mais de 20 mil cirurgias e procedimentos cirúrgicos até 2015. Nada mau. Se considerarmos como marco inicial destes procedimentos, 1963, data de seu ingresso no curso de Medicina, isto significa que SÍLVIO executou um procedimento por dia, em cada dia desses anos todos.

Foi médico e Perito Médico do atual SUS, em Criciúma.

ATIVIDADES CULTURAIS

Membro da Comissão dos Festejos do Centenário de Criciúma (1980), Presidente da Comissão Municipal de Cultura na administração José Augusto Hülse, quando participou da confecção do Calendário Oficial das Datas Comemorativas de Criciúma.  Juntamente com o ROTARY CLUBE, por proposta de HÉLIO MAZZOLI e ADHEMAR COSTA,  iniciou a FESTA DA PRIMAVERA que originou depois a QUERMESSE, atual FESTA DAS ETNIAS.

ESPORTE

No governo de ALGEMIRO MANIQUE BARRETO foi Médico da Comissão de Esportes (CME), iniciou a prática de tênis de campo em Criciúma e representou a cidade em vários torneios intermunicipais e jogos abertos de SC.  Implantou no Criciúma Clube departamento de Tênis de Campo promovendo a criação das primeiras quadras para sua prática e contratando os primeiros professores (CAMINHA, CIRO e MELATO). Foi Presidente do Criciúma Esporte Clube (1983) e do Esporte Clube Próspera (1985).

POLÍTICA 

Foi um dos fundadores do Partido da Frente Liberal de Criciúma (PFL, 1985), do qual foi membro por 15 anos. Candidato a vice-prefeito de Criciúma com ENIO COAN (1992).

OUTRAS ATIVIDADES

Sócio fundador da UNICRED, membro do ROTARY CLUBE de Criciúma desde 1975, clube que presidiu por três vezes (1981/1982, 1995/1996, 2002/2003). Membro da Associação Comercial e Industrial de Criciúma (ACIC) da qual foi Diretor na gestão de GUIDO BÚRIGO. Sócio proprietário da VITRAL Comércio de Acessórios para Veículos desde 1972.

HENRIQUE SARMENTO BARATA

Urologista e diretor clínico do Hospital Moinhos de Vento, POA, Henrique Sarmento Barata construiu carreira notável desde 1960 quando se formou pela UFRGS. Eu, sou de 1959. Complementou os estudos na Universidade de Ohio, EUA, onde participou de diversos projetos científicos, relacionados à hipertensão e câncer. No retorno a POA fica responsável pelo setor de Urologia e Oncologia do Hospital Santa Rita da Santa Casa. Depois, auxilia na estruturação da Faculdade de Medicina da PUC e na formatação da disciplina de Urologia no hospital-escola da instituição, onde foi professor titular e chefe de serviço por 30 anos. Escreveu mais de 300 trabalhos científicos além de considerável número de capítulos em livros de sua área. Uma de suas obras, Fundamentos da Urologia, tornou-se um clássico da literatura médica especiali zada. Seu conhecimento e experiência resultaram em títulos nacionais e internacionais como personalidade da Urologia. Realizou pesquisas e trabalhos, principalmente em litíase endourológica, uroginecologia e oncologia. Cidadão Emérito de POA, Henrique Sarmento Barata sentava-se na cadeira 44 da Academia Sul-rio-grandense de Medicina.

Este personagem ímpar da história médica gaúcha e brasileira mais de uma vez me culpou pela maneira universal que era nomeado, segundo ele, por culpa minha. Fomos colegas no ginasial em Santa Maria, RS. Ele no internato, uma vez que residia em Bagé, fronteira do RS. Já nos primeiros dias, o impasse. Treinador dos times de basquete tenta escalar um time: Zeca Ritzel, Jaguari, Guido Mussoi, Duarte, Henrique. Neste ponto virava-se para o recém-chegado perguntando seu nome, para encaixá-lo no time.

- Henrique, é a resposta.

- Não, seu outro nome, já temos um Henrique, e apontava para mim.

Relutantemente o novato diz:

- Sarmento Barata.

- Isso, ótimo, Barata!

Nunca mais perdeu o nome-apelido. Ficou BARATA para todo o sempre

De HENRIQUE SARMENTO BARATA passei a colecionar histórias profissionais. Certa feita, pediram-lhe avaliação urológica para paciente do leito b, quarto 409. Feito o exame escreve: adiantado Ca de próstata. Chega o médico assistente:

-Então, seu Almerindo, lhe enfiaram o dedo ontem?

-Olha doutor, de fato esteve aqui o doutor das urinas. Só que ele enfiou o dedo no paciente aí do lado! O médico vai à papeleta do outro paciente, baixado por pneumonia e deixa recado para o colega: “verifica a apróstata de teu paciente...”.

Estancieiro parente de Barata, beirando os 80, recém enviuvado após casamento de mais de 50 anos, solicita seu comparecimento, interior de Bagé.

- Soube que no seu hospital tem máquina que renova o sangue do vivente. Queria cambiar o meu por um sangue novo. Pois não vê o doutor que arranjei uma guria de 20 anos e quero levá-la a Montevidéu, mas preciso me sentir mais forte para a empreitada. Disse, adelgaçando prateada pequena palha, escolhida para o pito que estava a enrolar.

Expliquei que a finalidade da Hemodiálise era outra e que ele, bastante forte, nada tinha a TEMER, pois nada melhor que um touro velho para agradar uma novilha. Que fosse em frente sem duvidar de seu sucesso. 

Luiz Fernando Veríssimo, todo mundo sabe, além de suas apreciadas qualidades de cronista, de torcedor do Inter, de ser filho de quem é, ainda soprava legal velho saxofone pelas noites do Portinho. Varava madrugadas perseguindo sem tréguas o som do legítimo jazz de New Orleans. No seu encalço, outros adeptos derrapam nas notas em frias madrugadas.

Luiz Fernando chegou a declarar que participava do menor sexteto do mundo: eles eram só cinco!

Passam pela minha cabeça lembranças de inícios de ano de antigamente, dos plantões de fim de ano no SAMDU ou no Pronto Socorro da Cruz Vermelha de Curitiba.  Noites de ruas quietas e de lares esfuziantes.  

Nos fundos do SAMDU no Batel, havia pequeno espaço folhudo e florido, cheio de cores e que parecia respirar. Atacava-me uma alegria meio caipira de verdes, vermelhos e amarelos. Pensava, como hoje, sem saudade nem mágoa, do ano que passou. O plantão termina às 11 da noite, mas meu substituto chega antes. Abraçamo-nos em silêncio, pego minhas coisas e vou filar fatia de contrafilé e de alegria na casa de algum conhecido.

PAULO CARNEIRO

SÍLVIO DAMIANI BÚRIGO talvez não soubesse, mas muito antes dele pensar em ser médico, PAULO CARNEIRO, lagunense nascido nas Minas Gerais, andava por aqui, distribuindo sua honrada medicina e em especial sua Urologia. Em entrevista a rádio de Criciúma, indagado sobre a morte declarou:

- Sou radicalmente contra!

Na mesma ocasião contou de suas viagens no grande sul catarinense, acudindo doentes. Carregava bolsa de idade indefinida, com alguns apetrechos médicos, muda de roupa, objetos de higiene pessoal. Aqui, descia na estação da Estrada de Ferro, atual Buraco do Prefeito já retribuindo cumprimentos generalizados.  Seu feudo incluía Laguna, Imbituba, Garopaba, Imaruí, mas atendia pacientes em Tubarão, Criciúma, Urussanga. A reputação médica também é feita pelo bafejo da sorte. Paulo Carneiro recebeu este bafejo de Zeferino Búrigo, morador do Cocal e duas vezes prefeito de Urussanga. Em mau estado, com diagnóstico de perfuração intestinal, possivelmente tifoide, é curado por Paulo Carneiro que diagnostica obstrução urinária por atonia vesical com retenção urinária por infecção. At ravés de uma sonda retira-lhe mais de litro de urina, curando-o. A notícia se espalha e a fama está feita.

(continua na próxima semana)

Por Henrique Packter 02/09/2024 - 13:43 Atualizado em 02/09/2024 - 13:46

SÍLVIO DAMIANI BÚRIGO, falecido aos 82 anos em Criciúma no ano da graça de 2024, é filho de VALDEMAR e EMA DAMIANI, dos BÚRIGO de Tubarão e dos DAMIANI de Urussanga, tendo nascido em Urussanga em 11.9.1942.

É irmão de ALAMIRO e ODILON e pai de FRANCISCO. Tem dois netos MARIA CECÍLIA e EDUARDO e neto é a melhor coisa do mundo.

Os estudos que fazem com que alguém seja médico e ter alguma especialidade duram 19 anos ou mais. SÍLVIO iniciou-os no Grupo Escolar Barão de Rio Branco em Urussanga, o mais antigo do município, inaugurado em 1941. Teve como professora de Educação Física IVA DAMIANI, formada em Florianópolis a toque de caixa, pois não havia professores à época.

O então prefeito ZEFERINO BÚRIGO adquiriu área para edificar a escola que apenas contou com o ensino fundamental (1ª à 4ª série). Somente em 1971 vai contar com ensino até a 8ª série e em 1996 com ensino médio.

Daí, SÍLVIO vai para Tubarão estudar no Grupo Escolar Hercílio Luz, no Ginásio Sagrado Coração de Jesus e no Colégio Dehon. Tubarão era bem mais cidade que Criciúma, devendo seu desenvolvimento à Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina.    Já a partir de 1895 inicia-se a fundação das principais escolas de Tubarão e o Colégio São José, a apenas 100 metros da ferrovia, é marco na educação da região. Chegam de trem três religiosas responsáveis pela implantação do Colégio. Em 1898 cria-se a Biblioteca e Arquivo Público. Associações recreativas começam a aparecer nos espaços citadinos. São inaugurados o Clube 07 de Julho (1899) e o Clube 29 em junho (1931), ambos com sedes à margem da ferrovia.

Em 1902 o Governo encampa a estrada de ferro e em 1906, baseado na posição estratégica da cidade, a sede da ferrovia é transferida para Tubarão.  Ainda em 1906 é inaugurado o Hospital Nossa Senhora da Conceição, a pouco mais de 50 metros da ferrovia. Nesta época ainda não havia ocupação urbana na margem esquerda do rio.

Em 1948 os Irmãos Althoff inauguram na Rua São Manoel, próximo à ferrovia, casa de cinema e shows para 1.200 pessoas, a maior do Estado, atraindo público das cidades vizinhas. Quando de minha chegada a Criciúma em 1960, CLODOALDO ALTHOFF gerenciava o cine Milanez na cidade. Depois construiria o Cine Ópera na Rua Coronel Pedro Benedet.  A margem esquerda do Rio Tubarão recebe infraestrutura com a abertura da Rua José Acácio Moreira (1949), ligando o centro ao Ginásio Coração de Jesus (atual Colégio Dehon) recém inaugurado e a Rua Expedicionário José Pedro Coelho (1950).

 

Em 1963 SÍLVIO está em POA, recém aprovado para o curso de Medicina na Faculdade Católica, onde se graduará em 1968, aos 26 anos. Faz especialização em UROLOGIA na Enfermaria 31 da Santa Casa de Misericórdia, POA.

EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Ainda em POA atende na Santa Casa e nos Hospitais São Francisco, Getúlio VargasBeneficência Portuguesa, Lazarotto, (Pronto Atendimento); no SAMDU de Novo Hamburgo, (RS) e Pronto Socorro Cruz Azul. Neste ponto, vem para nossa região a fim de trabalhar na condição de Médico urologista nos HOSPITAIS SÃO JOSÉ (HSJ, desde 1970), SANTA CATARINA e SÃO JOÃO BATISTA; na CARBONÍFERA PRÓSPERA, setor Siderópolis e Criciúma.

Com outros colegas do HSJ, inicia o atendimento do PRONTO SOCORRO e com outros Urologistas de SC cria o Departamento de Urologia da Associação Catarinense de Medicina (ACM). Um pouco antes, em 1966, JAISON TUPI BARRETO, MANOEL MIRANDA, WILSON SANTHIAGO, JÚLIO DOIN VIEIRA e eu criávamos o Departamento de Oftalmologia da ACM. SÍLVIO deu início à Hemodiálise do HSJ com ALBINO JOSÉ DE SOUZA FILHO, MANOEL CARDOSO e ALVARO ROCHA.

Inicia a CLÍNICA MÉDICA CRICIÚMA com ALBINO JOSÉ DE SOUZA FILHO, EDUARDO MOREIRA e PORTIUNCOLA CAESAR AUGUSTUS GORINI.

Realizou curso de especialização em Urologia, Nefrologia e Andrologia nos hospitais de Clínicas de São Paulo, Servidores do Rio de Janeiro, La Porte de Choisy em Paris (1980), Departamento de Urologia da Universidade de Londres (1979), Fundação Puigvert (Barcelona, Espanha, 1987). Parece que foi em Barcelona que SÍLVIO ouviu algo que grande parte das pessoas não ouviu: o chocolate pode reacender o fogo entre os casais e ser a solução para problemas de ereção.

Comprovado cientificamente, o chocolate amargo seria afrodisíaco para as mulheres, capaz de intensificar o orgasmo; contendo o aminoácido L-Arginina HCL age fortalecendo o esperma.

SÍLVIO DAMIANI BÚRIGO participou de grande número de Congressos Médicos no Brasil e exterior principalmente ligados a estudos urinários.

Tem DIPLOMAS DE MÉRITO MÉDICO do CONSELHO FEDERAL de MEDICINA e do HOSPITAL SÃO JOSÉ.

Conforme já registrei em outros trabalhos, SILVIO DAMIANI BÚRIGO e LUIZ FERNANDO DA FONSECA GYRÃO são os autores da primeira cirurgia cardiológica em Criciúma, no Hospital São José. Homem, vítima de punhalada no tórax, foi trazida ao Centro Cirúrgico carregada nos fortes braços do patologista Sérgio Alice, que, por puro acaso, passava por onde hoje se situa o URC, Instituto Radiológico. O ferido perdia muito sangue. Sérgio invadiu o Centro Cirúrgico onde estavam Sílvio e Gyrão que debridaram os tecidos humanos lesados fazendo a sutura do ferimento em pleno músculo cardíaco, salvando essa vida. (Cont.na próxima semana)

Por Henrique Packter 26/08/2024 - 13:00

A ENCICLOPÉDIA BARSA , lançada em 1964 no Brasil, traz informações sobre diferentes e múltiplas áreas do conhecimento humano. Sua época áurea ocorreu antes da internet e o nome vem da junção do BAR de Dorita BARret e do SÁ de Alfredo de Almeida SÁ.  A coleção era uma imitação da Enciclopédia Britânica, criada na Escócia em 1768.

Não era coleção acessível para toda a população, e uma BARSA em 1964 poderia custar até 14 mil reais em valores atualizados. 

A BARSA AINDA ESTÁ DISPONÍVEL?

Desde 2.000 os direitos autorais pertencem à Editorial Planeta. São 18 livros e mais de 145 mil verbetes, 13 mil fotos, 3 mil tabelas, gráficos e mapas. Pesa 25 quilos e custa R$ 2.695,00 no site da empresa.

Outra versão, a BARSA TEMÁTICA, que dedica cada livro a uma área do conhecimento humano, custa R$ 1.715,00. No Merca do Livre, a edição mais cara custa R$ 850,00.

Em 2024 a BARSA completa 60 anos e foi sempre apresentada como um investimento na  vida dos filhos.

Por Henrique Packter 19/08/2024 - 17:23 Atualizado em 19/08/2024 - 17:26

Foi, talvez, meu primeiro cliente em Criciúma. Viera lá dos altos de Bom Jardim da Serra, atraído por entrevista que concedi à única rádio então existente em nossa cidade. Era frio na serra e ele estava vestido a caráter, melhor dizendo, pilchado: botas, bombachas, poncho, chapéu de abas largas, barbicacho, guaiaca campeira com cartucheira, lenço (vermelho) no pescoço, coldre vazio.

Para acomodar seu queixo no aparelho, obrigatório em todo e qualquer consultório oftalmológico, foi uma trabalheira. Muito esforço e suores depois, foi possível acomodá-lo e concluir o exame. Enxugando a testa encharcada de suor, confessou:

- Desculpe, doutor, é que não sou muito manso de canga!

Nesta semana que está a findar, ei-lo de volta. A mesma pilcha, apenas mais nova, modernizada.

- Buenas!

- Buenas, no más!

Após as saudações de praxe, passa a discorrer sobre o tempo (“frio de entortar cusco!), fala da carestia, do governo, das eleições que se avizinham, do banditismo que campeia em toda a parte, das epidemias, dwas revoltas e das guerras.

Antes de começar o exame, faz mais um reparo:

- O doutor lembra do compadre Ambrósio que esteve aqui e que lhe indiquei?

Sim, lembrava.

- Pois nem lhe conto o que sucedeu na fazenda dele. O doutor vai lembrar do neto que eles criam, meninote de seus 6, 7 anos de idade.

Sem tomar fôlego continua:

- Na Páscoa passada, logo de manhãzinha, estava a comadre a rezar, como sempre faz, quando compadre Ambrósio chama pelo piá, ordenando que reunisse as vacas de leite para coleta do leite, isso na sexta-feira da Paixão. A comadre escandalizada reclama que isso não é ato cristão e logo na sexta-feira da Paixão. Compadre Ambrósio é homem difícil de convencer e, mais que depressa retruca que em nenhum lugar da Bíblia está escrito que não se pode ordenhar vacas nesta data.

O menino, mais que depressa, corre a apartar o cavalo usado pelo avô, que monta sem arreios, mostrando grande destreza. Sai a toda pelo grande portão da fazendola seguido por grande alarido de cuscos Fox, ali existentes em grande quantidade.

Logo, a matilha avista um macaco de respeitáveis proporções, que passam a perseguir. O macaco pula entre as árvores parecendo que logo seria apanhado pelos cães, agora bem numerosos e bravios. Desesperado, o bugio pula na garupa do cavalo logo atrás do menino agarrando-se em sua cintura.

O menino, agora assustado, tenta desvencilhar-se do bugio sem êxito. Já próximo à fazenda o piá deixa-se cair e o espetáculo que se vê é de um grande baio em plena disparada, tendo no lombo um bugio agarrado às suas crinas.

Já na entrada da casa, o casal assusta-se com o que lhe é dado ver e a comadre logo deita o verbo:

- Ateu, excomungado, herege! Olha o que fez! Nosso neto está transformado em macaco porque ofendeste o Senhor com teus desrespeitos e pecados contra a Fé. Vem com a vó meu querido, eu te amo, mesmo com este rabo e este pelo eriçado!

Compadre Ambrósio passa a coçar a cabeça, elevando pouquinha coisa o chapéu, sem perder a calma.

- Mulher velha, vai secar tuas lágrimas lá dentro. Todo mundo sabe que amanhã nas Aleluias, ele estará curado, bonitaço como dantes. Aproveita que estás lá dentro e traz uma banana para o piá.

Por Henrique Packter 12/08/2024 - 16:32 Atualizado em 12/08/2024 - 16:32

O Dia dos Pais é comemorado anualmente no segundo domingo de agosto no Brasil. Que todos tenham tido um FELIZ DIA DOS PAIS! 

Como surgiu o Dia dos Pais

Teria surgido na Babilônia, há mais de 4 mil anos, quando o jovem Elmesu criou um cartão de argila para o seu pai. No cartão desejava-lhe sorte, saúde e longa vida.

Desde a Roma Antiga, a sociedade prestava homenagem aos pais durante o mês de fevereiro, restringindo-se a tradição a honrar os que haviam falecido.

A primeira comemoração de uma data para os pais data de 5 de julho de 1908, iniciativa de Igreja Metodista em Fairmont, West Virginia, nos EUA.

Grace Golden Clayton, frequentadora da igreja, apoiada por outros membros, sugeriu ao pastor a criação de um dia de louvações. A ideia era homenagear os entes queridos falecidos meses antes na explosão de uma mina em cidade vizinha.

Em 1910, nos EUA, Sonora Louise Smart Dodd (1882-1978) resolveu criar o Dia dos Pais pela admiração que sentia pelo seu pai, William Jackson Smart. Para isso, foi escolhido a data de seu aniversário: 19 de junho.

Os americanos agradaram-se da data. Logo a celebração se difundiu por todo o estado de Washington e, em seguida, se espalhou pelo país inteiro.

Por iniciativa do presidente Lyndon Johnson, a partir de 1966, o dia dos pais passou a ser comemorado no terceiro domingo de junho. Em 1972, o Presidente Richard Nixon oficializou o Dia dos Pais nos EUA.

Origens do Dia dos Pais no Brasil
Segundo registros históricos, foi o publicitário e jornalista Sylvio Bhering, diretor da Rádio e do Jornal O Globo que, em 1953, propôs que fosse celebrado o primeiro Dia dos Pais no Brasil. Queria ele atrair comerciantes para  publicitarem no jornal "O Globo", e, para tanto, Bhering difundiu a data, que rapidamente se tornou popular.

Inicialmente, Bhering escolheu o dia 16 de agosto para comemorar o Dia dos Pais porque esse era o dia de São Joaquim, pai de Maria e avô de Jesus Cristo.

A data foi modificada para o segundo domingo do mês de agosto, a fim de que os pais pudessem aproveitar o dia com os filhos, pois, normalmente, a maioria deles tem folga nos fins de semana.

Em 2024, o Boticário lançou campanha para revisar o significado da palavra "pai", destacando um conceito mais inclusivo e abrangente. Essa ação reflete as mudanças sociais e a importância do papel paterno na formação dos filhos e na vida familiar.

Dia dos Pais nos EUA e no Mundo
Então, a data da comemoração do Dia dos Pais varia conforme os países. Em cerca de 70 países, incluindo os EUA, o dia é comemorado no terceiro domingo de junho.

Muitos outros países têm datas fixas para comemorar o dia dos pais por diferentes motivos.

Em Portugal, Itália e Espanha, o Dia dos Pais é celebrado em 19 de março, quando a Igreja Católica comemora o dia de São José.

Em Taiwan, comemora-se o Dia dos Pais em 8 de agosto, pois a pronúncia da data no dialeto deles assem elha-se à palavra papai.

Na Tailândia, o Dia dos Pais é realizado em 5 de dezembro, data do aniversário do rei Bhumibol Adulyadej (1927-2016).

Na Rússia, a homenagem aos pais ocorre em 23 de fevereiro, data originalmente reservada ao Dia do Defensor da Pátria local.

Por Henrique Packter 05/08/2024 - 14:45 Atualizado em 05/08/2024 - 15:02

PEDRO MILANEZ, HOMEM DO CINEMA DE RUA

Surge a Magia em Movimento

O Primeiro filme exibido foi “A chegada do trem na plataforma” dos irmãos Lumiére.

Final do século 19 marcou efervescência de experimentações científicas e tecnológicas. Foi quando visionários como os irmãos Lumière e Thomas Alva Edison começaram a explorar a captura e a projeção de imagens em movimento. Em 1895, os irmãos Lumière apresentaram ao mundo o Cinematógrafo, apare lho capaz de projetar curtas-metragens em locais públicos. O momento assinala o início oficial da 7ª arte, e as primeiras projeções públicas rapidamente conquistam o imaginário popular.

O CINEMA NO BRASIL

No Brasil, o cinematógrafo chega em julho de 1896, RJ, recém capital da República, e ocorrendo, em agosto do mesmo ano as primeiras sessões em SP. As reações com o cinema no Brasil não diferiram daquelas da Europa. A chegada do cinema ao Brasil, coincide com o período de transformação que a cidade do RJ viria a sofrer nos anos seguintes com a modernização urbana. A euforia dos bons resultados que o café alcançava no mercado mundial, alavancava uma elite mais cosmopolita, desejosa de apagar os resquícios do país imperial e nativista. Nesse processo, o cinema foi de grande importância, pois, já em 1898, davam-se as primeiras gravações locais, iniciando a produção cinematográfica brasileira. Em 1911, já eram muitas as produções nacionais. 

A novidade se espalha e surgem cineastas pioneiros. Georges Méliès, por exemplo, fica conhecido por seus truques de ilusionismo e efeitos especiais em filmes como “A Viagem à Lua” (1902). A linguagem cinematográfica dava seus primeiros vagidos e as possibilidades pareciam infinitas.

A Era do Cinema Sem Som sincronizado

Charles Chaplin apresentou mais de 81 filmes e se tornou uma referência.

Na primeira década do século 20 o cinema ainda era forma de arte essencialmente visual. Os filmes eram acompanhados por músicos ao vivo ou trilhas sonoras executadas em sincronia. Este período, conhecido como a Era do Cinema Mudo, testemunhou a ascensão de cineastas como D.W. Griffith, cujo épico “O Nascimento de uma Nação” (1915) revolucionou a narrativa cinematográfica.

O cinema mudo viu o surgimento de grandes comediantes, como Charlie Chaplin, Buster Keaton, Harold Lloyd, Roscoe Arbuckle, que conquistaram grandes bilheterias com sua habilidade física e de interpretação. “Tempos Modernos” (1936), “O General” (1926), “Luzes da Cidade”(1931), “Luzes da Cidade” (1939), “Tempos Modernos” (1936) são admirados ainda hoje, mostrando como o silêncio pode ser uma linguagem universal e poderosa na 7ª arte.

O Cinema Falado

A transição do cinema sem som sincronizado para o falado, conhecido como “talkies”, marcou uma revolução na forma como as histórias eram contadas. O primeiro filme com som totalmente sincronizado foi “As Luzes de Nova York”, de Bryan Foy, 1928. A aceitação do som em Hollywood foi rápida, tanto que no final de 1929 quase todos os filmes já eram falados.

O clássico “Cidadão Kane” (1941) de Orson Welles demonstrou de maneira cabal o potencial narrativo do som, utilizando técnicas inovadoras de narrativa e cinematografia para contar a história de Charles Foster Kane. Este marco cinematográfico solidificou a importância do som no cinema e influenciou toda uma geração de cineastas.

“Psicose” (1960) de Alfred Hitchcock aproveitou o som para criar atmosferas tensas e assustadoras. A icônica trilha sonora de Bernard Herrmann se tornou parte integrante da experiência do filme, demonstrando como o som pode ser poderosa ferramenta na construção de suspense e emoção.

Atores e atrizes no cinema falado

Com o cinema sonoro muitos atores e atrizes perderam espaço.

Na era do cinema mudo, a comunicação entre personagens e público era predominantemente baseada na expressão física, gestual. Já no cinema falado, os atores enfrentaram um novo desafio: além de trabalhar nova linguagem corporal menos expressiva, precisavam desenvolver habilidades vocais para transmitir emoções e diálogos. Nomes renomados como John Gilbert e Norma Talmadge, não conseguiram alcançar o mesmo prestígio neste novo formato.

Cada detalhe, do tom de voz à postura diante das câmeras, passam a ser minuciosamente avaliados para atender novos requisitos; atrizes como Clara Bow e Greta Garbo, conseguiram se adaptar.

Surge o cinema colorido

“O Mágico de Oz” (1939) foi o primeiro filme colorido exibido

A chegada das cores ao cinema marca ponto de inflexão na história da sétima arte. No início do século 20 os filmes eram predominantemente em preto e branco, refletindo a tecnologia da época. Com o desenvolvimento de novos processos de colorização, como o Technicolor, a paleta do cinema se expandiu, trazendo nova dimensão à narrativa visual. “O Mágico de Oz” (1939) e “…E o Vento Levou” (1939) cativaram o público com cenários vibrantes e figurinos deslumbrantes. A introdução das cores enriqueceu a est&e acute;tica cinematográfica e também abriu novas possibilidades criativas para cineastas explorarem a profundidade emocional das histórias contadas na tela.

O Silêncio do Mar foi um dos filmes precursores da Nouvelle Vague

A primeira metade do século XX testemunhou efervescência criativa no mundo do cinema, com movimentos que deixaram marca na história da arte cinematográfica. O expressionismo Alemão mergulhou nas profundezas da psique humana em filmes como “Nosferatu” (1922) de F. W. Murnau que explorou os terrores do subconsciente.

A França também desempenhou um papel crucial na evolução do cinema com a Nouvelle Vague, um movimento que desafiou as convenções narrativas e técnicas. Filmes como “Os Incompreendidos” (1959) de François Truffaut e “Acossado” (1960) de Jean-Luc Godard romperam com as estruturas tradicionais, influenciando gerações de cineastas em todo o mundo.

O Neorrealismo Italiano, liderado por diretores como Vitorio de Sicca, Roberto Rossellini e Federico Fellini, trouxe abordagem crua e autêntica à narrativa, muitas vezes utilizando atores não profissionais e cenários naturais. O resultado foram filmes como “Roma Cidade Aberta”, Ladrões de Bicicletas” (1948), “Amarcord”  que capturaram a essência da vida cotidiana.

Novos Horizontes: A Era Digital e Além

A virada do século 21 trouxe avanços tecnológicos que revolucionaram a produção cinematográfica. A digitalização permitiu maior acessibilidade à criação de filmes, democratizando a arte e abrindo portas para nova geração de cineastas independentes. Filmes como “A Fita Branca” (2009) de Michael Haneke e “A Rede Social” (2010) de David Fincher exemplificam como a tecnologia digital pode ser utilizada de forma inovadora na narrativa. Hoje, a indústria cinematográfica evolui constantemente, com novos movimentos e tendências que moldam o cenário global do cinema. A sétima arte continua a se reinventar, mantendo-se como uma das formas mais poderosas de expressão artística em nossa sociedade.

Por Henrique Packter 29/07/2024 - 13:31 Atualizado em 29/07/2024 - 13:40

No início dos anos 70 operei Pedro de catarata no seu olho esquerdo e no início dos anos 80 do olho direito. Quando da primeira cirurgia ao adentrar o centro cirúrgico do Hospital São José, percebi um vulto ajoelhado diante de uma cadeira, no último apartamento antes de entrar no vestiário médico. No assento, a imagem de uma santa. Entrei no apartamento. Era dona Virgínia, rezando. Disse-lhe e aconselhei que fosse à capela do Hospital onde ficaria mais à vontade e poderia orar com mais sossego e conforto. Fez que não e que ficaria ali, naquela posição:

- ... até que meu Piero volte!

E foi assim mesmo, com direito a repeteco, quando operei o outro olho, alguns anos depois. Na época muito pouco, quase nada, se operava catarata com implante de lente intraocular, hoje o método pelo qual se opera majoritariamente essa afecção. Pedro, homem vaidoso, adaptou-se facilmente com lentes de contato rígidas, então adquiridas na Casa Pfortner, Buenos Aires, numa de suas inúmeras viagens.

O HOMEM DE VIRGÍNIA

Na época, víamos apenas um canal de TV pelas repetidoras da Piratini de Porto Alegre. Este solitário canal exibia entre outros filmes um faroeste de sucesso, O Homem de Virgínia. O apelido pegou aqui em nosso Pedro que passou a ser conhecido pelo epíteto, casado que era com Virgínia Furghesti Bez Batti.

CRICIÚMA TEM SUA TV

Em 10.10.1978 a TV Eldorado de Criciúma, SC, veiculava sua primeira programação. Logo após afiliou-se à Rede Bandeirantes de televisão. Víamos na época a TV Tupi, transmitida pela TV Cultura de Florianópolis, a TV Difusora de Porto Alegre e a TV Coligadas de Blumenau, afiliada da Rede Globo. A partir de 10.10.1978 passamos a ver em Criciúma a programação da TV Bandeirantes de SP.  Em 1979, um sábado à tarde, encontrava-me em casa, sozinho, Frida fazia compras no supermercado. A TV estava ligada no Programa do Chacrinha que eu olhava distraidamente na TV Tarobá, Cascavel, PR,

TV Tarobá, Cascavel,PR, é emissora de TV brasileira sediada em Cascavel, PR. Opera no canal 6 (36 UHF digital), e é afiliada à Rede Bandeirantes. Pertence ao Grupo Tarobá, do qual também fazem parte a TV Tarobá Londrina e as rádios Tarobá FM de Cascavel e Londrina. A emissora mantém uma sucursal em Foz do Iguaçu, de onde é gerada parte da programação local.

Após licitação pública, a concessão do canal 6 VHF de Cascavel foi outorgada pelo presidente Ernesto Geisel em 29.06.1976, a um grupo de empresários liderados pelo jornalista João Milanez, irmão de Pedro e proprietário do jornal Folha de Londrina. A partir daí, iniciou-se a implantação daquela que seria a primeira emissora de televisão do oeste paranaense, com a compra de equipamentos importados da Alemanha Ocidental, e a contratação de profissionais da cidade e de outros estados do país.

A TV Tarobá entrou no ar em 1.º.02.1979, (dia 03.02 foi sábado), retransmitindo a programação da Rede Bandeirantes, da qual atualmente é a mais antiga afiliada. A designação Tarobá vem de um personagem de lenda indígena sobre a origem das Cataratas do Iguaçu.

CHACRINHA REGISTRA A INAUGURAÇÃO

Em 03.02.1979, um sábado à tarde, como já referi, estava eu acompanhando o programa do Chacrinha pela TV Eldorado de Criciúma. O programa termina e os créditos da programação começam a rolar tela acima. Chacrinha acompanha tudo até surgirem os nomes dos canais. Ele se anima quando vê o canal de Cascavel/PR, o Tarobá. Chacrinha põe o dedo no nariz e diz:

- E, agora, conosco, a TV Tarobá de Cascavel no Paraná, de meu amigo João Milanez. Milanez, até que enfim chegou tua vez!

O QUE O SENHOR QUER MEXENDO COM ESSAS ALMAS?

Pergunta de minha secretária  Marina Menegaro quando comecei a garimpar dados sobre grandes personagens de nossa hisitória municipal para divulgação pela Rádio Som Maior. Eu pedia, com esse objetivo, prontuários de celebridades locais, em geral já falecidas. O prontuário de Pedro Milanez começa em 21.03.1956, quando foi atendido pelo meu primo, David Raskin, Oftalmo-otorrino-laringo-broncoesofagologista, único atuando na cidade e cuja área de atendimento ia até Tubarão (ao norte), Lages (a oeste), oceano Atlântico (a leste), Porto Alegre (ao sul).  David Raskin ainda vive, mais de noventa anos e reside em POA. Tem filha oftalmologista e é duvidoso se ainda trabalha.

Queixas de Pedro eram de que se achava um pouco surdo há um ano e de que necessitava de óculos para ler. Pedro tinha, então, 45 anos.

O prontuário prossegue 10 anos depois já com meu irmão Boris Pakter que era otorrino. A consulta se referia à audição, que piorava.  Boris era otorrino de formação em Santa Maria, RS, onde se graduara. No entanto, trabalhando comigo, passa a atuar também na área de oftalmo, o que ainda exerce, em Porto Alegre. Em 05.05.1970 examinei Pedro diagnosticando-lhe catarata em ambos os olhos. Relatou grave problema alérgico alimentar, uma dermatite, tratada em Urussanga pelo Dr. Cirilo. Tinha glicemia normal, mas, pigarro e catarro. Retornou em 02.01.1971. Tinha pressão 13x8. Em 06.12.1972 sua visão era 30% no olho direito (OD) e 20% no olho esquerdo (OE).

Em 06.09.1973 volta a consultar com Boris por problemas de garganta.

Em 12.12.1973 consulta porque OE estava irritado, fazia 3 dias. Era uma úlcera de córnea extensa da qual passou a tratar fazendo curativos diários em nosso consultório no Hospital São José. Os curativos diários vão até 14.01.1974 quando foi declarado curado de sua úlcera herpética de córnea, tratada com pomada oftálmica IDU.

Em 20.12.1975 é novamente examinado pela garganta. Teria machucado ao engolir bolacha dura. Era uma faringite. O atendimento foi prestado por outro otorrino, Boris já transferira residência para Porto Alegre.

Em 27.11.1979 quer operar a catarata do OD. Em 0.12.1979 opero seu olho esquerdo e em 21.12.1979 está com sinusite maxilar direita aguda! Uma audiometria desta última data mostra perda importante da audição nos sons agudos.

Em 12.06.1980 Pedro adapta lentes de contato rígidas em AO.   Em 07.07.1981 usava lentes de contato mais óculos, para ler.

Sua última avaliação foi a 04.07.1988. Após extração dentárea tinha ardume OD há 1 mês. Tomava Persantim, Isordil, Digoxina. A 1º.08.1992, quatro anos depois, falecia este personagem maiúsculo da gente criciumense.

PRIMEIRA TRANSMISSÃO EXTERNA DA TV ELDORADO

A primeira transmissão externa da Rádio Eldorado foi em 29.05.1981, pelo então jovem e promissor jornalista José Adelor Lessa, por ocasião da morte do político e empresário criciumense Diomício Manoel de Freitas (Orleans, 19.04.1011-Criciúma, 29.05.1981).   

Diomício, que morreu em acidente automobilístico na BR101, tinha um pool de rádios, a TV Eldorado de Criciúma, cerâmicas, mineradoras de carvão mineral. Aos 13 anos era aprendiz de telegrafista na Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, lá permanecendo por 17 anos. Aposentado como ferroviário, desenvolve atividades em três indústrias carboníferas. Foi sócio de Santos Guglielmi na Cia. Carbonífera Metropolitana S. A. Criou duas cerâmicas: a CECRISA (Cerâmica Criciúma S.A.), e a INCOCESA. Também a Industrial Conventos S.A., a Florestal (Florestamento e Reflorestamento), Sociedade Rádio Eldorado Catarinense Ltda., Rádio Difusora de Laguna Sociedade Limitada e Rádio Araranguá Ltda. Diomício foi deputado federal pela UDN (1962-1966); pela ARENA, 1979, foi suplente de Senador. O aeroporto municipal de Criciúma inaugurado em 17.12.1979 levava seu nome.  

Em 1981 eu era diretor-clínico do Hospital São José de Criciúma. Sabedor do acidente e de quem era o acidentado corri para entregar o paciente aos cuidados do Dr. Albino José de Souza Filho, clínico-geral e pneumologista, e do Dr. João Aparecido Kantovitz, Ortopedista e Traumatologista, hoje já falecido. Redigimos uma nota, extremamente cautelosa entregue à imprensa e autoridades. O hospital não dispunha de UTI. Meu consultório bem como dos demais doutores era no hospital. À tarde, após muito pensar, subi ao terceiro andar para falar com Diomício que estava consciente apesar das dores de que se queixava. Decidira eu transferi-lo para outra unidade hospitalar dotada de maiores recursos por avião-ambulância. Que seu tratamento tivesse prosseguimento em Porto Alegre ou Curitiba. Com esse estado de espírito adentrei o quarto de Diomício onde ele se achava em companhia de Gilberto João Oliveira, fiel funcionário do empresário. Entrei e apertei a mão de Diomício. Quando o aperto de mãos se tornou muito forte, olhei para Gilberto que se levantara da cadeira precipitadamente para chamar, no Posto de Enfermagem, os médicos assistentes de Diomício. Em poucos minutos aquela vida se esvaiu. Albino e João Aparecido logo chegaram para encontrar Diomício morto por uma embolia pulmonar. O filho José (Dite) recém saíra do apartamento hospitalar e coube a mim comunicar a ele e a Hilário Acioly a notícia da morte do pai.


(FIM da segunda parte, continua na próxima semana)

Por Henrique Packter 22/07/2024 - 15:00 Atualizado em 22/07/2024 - 15:02

PEDRO MILANEZ era filho de Pascoal e Páscoa Meller Milanez. Casado com VIRGÍNIA FURGHESTI BEZ BATTI MILANEZ que era filha de CAROLINA BEZ BATTI FURGHESTI. PEDRO foi neto de GIOVANNI MILANESE um dos fundadores de Criciúma. ANDREA MILANEZE, em 06.01.1880 foi colono fundador do nosso núcleo colonial.

Pedro é contabilista formado no RJ em 07.01.1932 e sócio cotista da COOPERATIVA VITORIA. Pedro Milanez nasceu em Criciúma a 24.07.1909 e foi casado com Virgínia Furghesti Milanez. O casal não teve filhos. Ele era neto por parte de pai de um dos fundadores de Criciúma, Giovanni Milanese. Pedro formou-se guarda-livros no RJ em 07.01.1932 Minerador do ramo de carvão mineral criou A Carbonífera Brasil Ltda., e a Companhia Brasileira de Indústria S.A. Em 1932 instalou a primeira tipografia criciumense vendida depois a César Lodetti.

Construiu e foi proprietário exclusivo em 18.04.1948 do Cine-Teatro Milanez na rua 6 de janeiro. Como sócio da Empresa Cinematográfica Sul-Catarinense (ECSC) Ltda edificou o Cine Ópera na Cel. Pedro Benedet.

Correspondente do Consulado Geral da Itália depois agente consular até morrer. Sócio fundador e depois governador de Rotary, 18.04.1948.

Aliás, numa das reuniões do Rotary Clube no Criciúma Clube, jantar das quartas-feiras, Pedro aparece, alegre como de costume. Agitava uma carta nas mãos. Exibiu-a com evidente satisfação. A correspondência vinha da Itália e estava endereçada simplesmente a Pedro Milanez, Brazil. E chegara a seu destino!

O HOMEM DE VIRGÍNIA

Naquela época de televisão de um só canal, vindo de Porto Alegre, programa de grande audiência era o faroeste HOMEM DE VIRGÍNIA. Pronto! Logo o apelido pega e Pedro passa a ser conhecido em quase todo o mundo que vale a pena com esse epíteto.

Lançou em 1991 FUNDAMENTOS HISTÓRICOS DE CRICIÚMA e faleceu em Criciúma a 1º de agosto de 1992.

ATRÁS DE UM GRANDE HOMEM

Dona VIRGÍNIA era pessoa de grande modéstia apesar da fortuna acumulada por Pedro. Vestia-se com simplicidade, despojada de joias e penduricalhos.  Pedro colecionava jornais da cidade (TRIBUNA CRICIUMENSE) e canetas de valor histórico ou material. No início dos anos 60, casado, sem filhos, decidimos – eu e minha mulher – ir ao Congresso Europeu de Oftalmologia. Procurei a mídia local e informei do fato para conhecimento dos clientes das datas de minha ausência.

Alguns dias depois, um sábado, chego em casa para almoçar e encontro Frida – minha mulher -, e dona Virgínia em grandes conversações.

Ainda foi possível ouvir a parte final da prosa. Dona Virgínia, do alto de suas experiências em viagens internacionais e que não eram poucas, orientava Frida:

- Pois dona Frida, no exterior visto-me como a senhora me vê aqui. Joias, somente a aliança, sapatos comuns de salto baixo, essa velha bolsa de couro que já viu muitas cidades famosas. Vestidos feitos ali com a dona Xiloca, cabelos sem enfeites e curtos. Minhas amigas que se vestiam com aprumo e luxo já quase todas elas tinham sido  assaltadas; eu, até esmola recebi na rua!

Foi dono da Casa Moto Parque, estabelecimento situado na Pça. Nereu Ramos, especializado em motores e fornecedor de equipamento de mineração.  Foi sócio na Força e Luz de Criciúma. Desde 06.11.1972 era correspondente do Consulado Geral da Itália passando, mais tarde, à categoria de agente consular, função em que se manteve até a morte.

Pertenceu ao grupo de fundadores do Bairro da Juventude (SCAN) e foi eleito presidente da LARM (Liga Atlética da Região Mineira) em 25.05.1948.

Sócio fundador e dirigente do Rotary Clube de Criciúma, criado em 18.04.1948, foi seu primeiro governador indicado do Distrito 465, no ano rotário de 1958-1959.

Participou em 21.11.1942 da criação da Banda Musical Cruzeiro do Sul.  Conhecedor profundo da história de nossa comunidade lançou em 1991, Fundamentos Históricos de Criciúma. Possuía como relíquia a escrivaninha que pertencera ao primeiro prefeito de Criciúma, o velho Marcos (Marcos Rovaris), como dizia. Seus belos móveis da sala de jantar haviam pertencido ao engenheiro Paulo Marcus.

Foi, talvez, o empresário que mais viajou pelo mundo entre todos quantos empresários conhecemos. Dominava o inglês e o italiano idiomas nos quais era excelente articulador.

UM POUCO DE POLÍTICA

De 1973/1977, sendo prefeito de Criciúma Algemiro Manique Barreto e vice-prefeito Fidelis Bach, estavam eleitos os 15 seguintes vereadores:

Aguinaldo Nunes (sindicalista)
Assirto Casagrande
Avelino Diney Pedro Lopes (autor do projeto que me concedeu o Título de Cidadão Honorário de Criciúma e pai do jornalista Nei Lopes)
Edi Tasca (administrador de empresas)

Jairo Frank (advogado)
Lourival Spindola (
Mário Sônego (vice-prefeito 1977-1983, sendo prefeito Altair Guidi)
Miguel Medeiros Esmeraldino (radialista)
Nereu Guidi (depois Deputado Federal e Secretário de Estado em SC)
Pedro Milanez (a primeira pessoa a atender um telefonema em Criciúma)
Raul Pessi (
Sylvio Bitencourt (Campestre Iate Clube, projeto deste criciumense, playboy visionário e de sua companheira Nenê (apelido) Kubitschek ela, Carioca, conheceram-se no RJ. Auge, anos 70 a 80. Ator de cinema).
Valdenir Zanette (radialista, o Zé do Mato)
Waldir Bitencourt (
Walmor Damiani (15)
Suplentes (4) :Addo Caldas Faracco (depois 2 vezes prefeito de Criciúma), Candido Natal, César José Rodrigues, Cyro Bacha, do restaurante Capri)

JOÃO MILANEZ

Irmão de Pedro Milanez fundador da Folha de Londrina (1948) e  TV TAROBÁ de Cascavel/PR (1º.02.1979), posse sacramentada por  Ernesto Geisel.

MINHA PRIMEIRA VIAGEM A CONGRESSO NO EXTERIOR

Eu  e Frida nos preparávamos. Eu já anunciara na mídia citadina que estaria ausente da cidade em final de 1965, de tanto a tanto. Vinha substituir-me meu irmão, sextoanista de Medicina em Santa Maria, RS.

Dona Virgínia bate à nossa porta, inesperadamente, vestida com extrema singeleza, como era seu hábito. A única joia que sempre portava, grande aliança de ouro, reluzia no anular da mão esquerda. No mais, eram sapatos de salto baixo, bolsa de cor indefinida pelos anos de uso, tailleur cinza, cabelos curtos, limpos e sem penduricalhos.

- Dona Frida, falou, soube que vocês vão viajar para o exterior. Como tenho muita experiência em vagens ao exterior e como a considero como amiga muito querida, tomei a liberdade de vir visitá-la e contar algo do que já vivi, do que já vi em minhas viagens. Eu me visto, aqui e lá fora como a senhora está vendo: com grande simplicidade. Não é de meu feitio ostentar. Por conta deste meu hábito, minhas amigas já foram quase todas elas assaltadas no exterior. Eu, até esmola já recebi...

NO ROTARY

Por algum tempo participei das atividades de Rotary Internacional em Criciúma, apresentado que fui pelo comerciante e amigo MAX FINSTER. Nos jantares das quartas-feiras do clube, Pedro Milanez fazia valer sua experiência e conhecimento rotário. Teve  dia em que Pedro chegou ligeiramente atrasado à reunião no Criciúma Clube local das reuniões. Exibia orgulhosamente um envelope que fez correr de mão em mão. O envelope trazia os selos, o nome do destinatário (Pedro Milanez) e o nome de nosso país (BRAZIL). Mais nada. Mesmo assim, a empresa ECT localizara e fizera a entrega da correspondência!

PEDRO MILANEZ É OPERADO DE CATARATA EM CRICIÚMA

A cirurgia da catarata, tal como a conhecemos hoje, começa em 1949 com Sir HAROLD RIDLEY. O trabalho pioneiro de Ridley na concepção das primeiras Lentes Intraoculares trouxe benefícios inestimáveis a milhões de pessoas  no mundo. Graças à sua invenção, a cirurgia de catarata se tornou um procedimento eficaz, menos invasivo, melhorando significativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Apesar das avançadas técnicas atuais, esse tipo de intervenção já era feito há muitos séculos, de várias maneiras. Segundo a OMS, a catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, isto é, cerca de 20 milhões de pessoas tem catarata.

Primeiro relato de tentativa de remoção de catarata: 600 a.C. no livro de Tantra. Nele o cirurgião Susruta, 2624 anos atrás, descreve, o procedimento no qual o cristalino é deslocado por incisão mínima para inserção de instrumento cirúrgico. Incrível: essa técnica rudimentar ainda é utilizada em distantes lugares da Ásia. Segundo o Código Hammurabi, a cirurgia ocular existe desde 1700 a.C.

Segundo registro: Abull Qasim Amar, descreveu em 1000 d. C. a técnica de aspiração da catarata por uma agulha. O grande marco da oftalmologia foi em 1747, 277 anos atrás, quando o francês Jacques Daviel fez a primeira extração/inclinação extracapsular do cristalino por uma incisão. Ao longo dos anos muito evoluiu a técnica cirúrgica: crioextração, facoemulsificação e o desenvolvimento das LIOs.

Já a extração intracapsular do cristalino, ocorre 6 anos depois (283 anos atrás) com Sharp. A ideia: substituir o cristalino por prótese, inserindo lente de vidro no olho do paciente após a cirurgia, tentativa falha realizada na Alemanha. Como não havia suporte, a lente mergulhava no vítreo e a cirurgia não prosperou.

Em 1860, o alemão Albrecht von Graefe desenvolveu uma faca especial para a incisão que foi utilizada por quase um século para a extração extracapsular do cristalino. Em 1900, Verhoeff realizou a extração intracapsular do cristalino com uma pinça. Quatro décadas (1940) depois, Hermenegildo Arruga e Ignácio Barraquer passaram a utilizar a sucção capsular em seus procedimentos.

Observando os ferimentos dos pilotos da Real Força Aérea Britânica, Ridley utilizou o mesmo material para construir lente substituta para o cristalino humano. Efetuou a primeira cirurgia com o implante em 1949. Tadeuz Krwawicz criou a crioextração, que, apesar das vantagens, ocasionava complicações. Foi utilizada até meados dos anos 80. Em 1971 introduzi a técnica no Hospital dos Servidores do Estado, RJ, com aparelho de fabricação nacional.

Em 1967, a chamada facoesmulsificação foi desenvolvida. É considerada o procedimento mais seguro e eficaz para o tratamento da catarata pois consiste na destruição do cristalino opaco com energia ultrassônica e sua aspiração.

Em 1975 vem o pioneirismo da implementação da facoemulsificação no Brasil, através de um grupo de destaque na Oftalmologia nacional: Drs. Afonso Fatorelli, Pedro Moacyr de Aguiar, Miguel Ângelo Padilha e Paulo César Fontes.

A cirurgia de catarata, procedimento cada vez mais comum, é também a única forma de recuperar a visão perdida pela opacificação do cristalino por conta, principalmente, do envelhecimento.

Atualmente a cirurgia de catarata continua sendo a única opção viável para a recuperação da visão perdida por conta da doença. Mas, muita coisa mudou. Hoje, o cristalino opacificado é removido com segurança do olho e substituído por uma lente intraocular com tecnologia avançada que soluciona a opacificação cristaliniana e, também outros erros refrativos como miopia, hipermetropia, astigmatismo e até a presbiopia (vista cansada). O procedimento é indolor, com anestesia local ou tópica, rápido e com pronta recuperação.

AS CATARATAS DE PEDRO MILANEZ

(CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA)

Por Henrique Packter 15/07/2024 - 14:00 Atualizado em 15/07/2024 - 14:01

Sob a batuta do neurocirurgião MARCOS FLÁVIO GUIZONI, em Tubarão, no Hospital Nossa Sra. da Conceição, paciente cantou e tocou violão durante cirurgia no seu cérebro.

A retirada de tumor cerebral com monitorização teve a duração de 9 horas! Manter o paciente acordado apenas sob anestesia local da pele e osso do crâneo da região , evita risco de lesões no delicado e sensível tecido neurológico.

Evidente que cirurgia desse porte, no interior de SC, deve causar surpresa no universo  neurológico brasileiro. O paciente passou todo o tempo do ato cirúrgico cantando, enquanto era submetido a cirurgia para retirada de tumor no cérebro.

O cirurgião detinha experiência de 30 anos de serviços médicos especializados o que garantia  o sucesso da cirurgia com técnica e a habilidade para intervenção tão delicada. Com seis profissionais auxiliares, o doutor Marcos Flávio Ghizoni foi o responsável pelo procedimento. O paciente  Anthony Diaz, bancário de 33 anos, cantou e tocou violão durante as nove horas no centro cirúrgico. Manter o paciente acordado foi decisão estratégica. “Deixamos o paciente acordado justamente pela lesão ter grande proximidade com as áreas responsáveis pela fala e pela motricidade do paciente”, disse Ghizoni.

O procedimento de manter o paciente acordado e interagindo com a equipe médica é usado para diminuir o risco de uma lesão durante a retirada do tumor. Acordado, o paciente consegue até ajudar a equipe nesse tipo de cirurgia. Se algum procedimento, por exemplo, atrapalha a fala ou a coordenação, tá na  hora de parar.

Anthony Dias se recuperou bem e teve alta poucos dias depois. Quando descobriu o tumor, dois meses antes, o primeiro filho tinha acabado de nascer e foi ele quem deu forças durante a cirurgia. “Em todo momento eu estava com a minha família e meu filho em pensamento para buscar mais forças ainda para fazer da melhor maneira possível", contou.

Essa foi a 19ª cirurgia com monitoração cerebral realizada pelo Hospital Nossa Senhora da Conceição de Tubarão, SC, e a primeira em que o paciente tocou um instrumento. O hospital é o único de SC a fazer este tipo de operação.

Guizoni era natural de Urubici, uma das cidades mais frias de SC, detentora de temperaturas muito baixas nos seus conhecidos meses de inverno. O médico, de 78 anos de idade, estava internado desde a última semana no Hospital Unimed de Tubarão e na terça, 9 de julho de 2024, por volta das 14 horas, não resistiu a uma cirurgia emergencial, vindo a óbito, vitimado por câncer intestinal.

Natural de Urubici, Ghizoni ingressou no Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) em 1979 e participou da formação do Centro de Neurocirurgia. Na década de 90 foi para Florianópolis em busca de melhores condições técnicas, que resultou na compra do primeiro aparelho de tomografia do HNSC.

Em 2013 foi homenageado na Assembleia Legislativa de SC (Alesc) juntamente com o neurocirurgião Jayme Augusto Bertelli pela criação de uma inovadora técnica cirúrgica de reversão da lesão do plexo braquial. O procedimento foi publicado em mais de 50 revistas especializadas e apresentado em conferências de diversos países, obtendo o reconhecimento dos maiores especialistas da área.

Em 2015, Ghizoni conduziu uma complexa cirurgia cerebral enquanto o paciente tocava violão, demonstrando a precisão e a inovação de suas técnicas. Ele possuía mestrado em Ciência da Saúde pela Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e atuava como professor titular na mesma instituição. Além disso, era membro da Fundação Hospitalar Catarinense e prestava serviços no Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Para o presidente da Unimed, Nei Bianchini, Marcos Ghizoni sempre foi um ser humano fantástico que dedicou sua vida inteira à medicina. “Ele sempre tratava a todos os seus pacientes da mesma maneira, independente de qual fosse a situação”.

Bianchini ressalta que Tubarão é hoje uma referência na área da saúde e a gente deve muito isso a Marcos. A morte do neurocirurgião, avalia o presidente da Unimed, é grande perda para todos da área da saúde, para seus pacientes, para seus amigos e familiares. “Só temos a lamentar esta grande perda para a medicina com seu legado profissional, conhecido em todo o Brasil e no exterior”.

O prefeito Jairo Cascaes de Tubarão decretou luto oficial por três dias no município em sinal de pesar pelo falecimento do neurocirurgião. A cerimônia fúnebre ocorreu no Crematório e Memorial São Mateus, situado no Bairro Ilhotinha, em Capivari de Baixo. A cerimônia de homenagens foi na quarta-feira (10.07.2024), às 10h30, no mesmo local.

Por Henrique Packter 08/07/2024 - 10:00

Internado chama o residente. Mostra-lhe pequena nódoa na parede do quarto e pede que o jovem médico ponha ali a orelha e escute.

É o que ele faz, muito concentrado. Após alguns minutos volta-se para o doente:

- Mas, não escuto nada!

- Pois é, está assim desde ontem!

HOSPITAL PSIQUIÁTRICO SÃO PEDRO DE PORTO ALEGRE

Neste ano celebra 150 anos de intensas atividades, inaugurado que foi, como hospício, em 29.06.1874. Chamado na época de Hospício São Pedro, foi a primeira instituição psiquiátrica de POA e da Província de São Pedro, no período imperial do Brasil. Serviu de moradia para centenas de pessoas que não se enquadravam na normatividade da sociedade naquele momento. 

Com o passar dos anos  o São Pedro tornou-se casa de saúde chegando a albergar cerca de 5 mil moradores. Acompanhando a luta antimanicomial, iniciada décadas atrás, a instituição mediou o retorno de pacientes aos lares, auxiliando na retomada de vínculos afetivos e encaminhando para residenciais terapêuticos aqueles que já não tinham relações com as famílias. 

Os últimos pacientes que ainda residiam na ala de moradia foram encaminhamos, em março de 2023 para o Serviço Residencial Terapêutico Florescer, na Vila São Pedro. A reinserção dessas pessoas na urbe vai ao encontro da política de saúde mental gaúcha, que pretende devolver aos, agora, moradores da cidade o direito de viverem com cidadania em ambiente urbano, – não mais hospitalar. 

O HPSP é referência de cuidado em saúde mental e ponto de atenção da Rede Psicossocial (RAPS). Prodigaliza atendimento ambulatorial de referência, internação para casos agudos, reabilitação através dos dispositivos Oficina de Criatividade e Jardim Terapêutico, bem como atividades de ensino e pesquisa. 

VELHAS HISTÓRIAS DO SÃO PEDRO

Alguns colegas meus, do Curso Científico de SANTA MARIA/RS, fizeram residência da especialidade no São Pedro. Muitas histórias da época ainda circulam por aí sem que se mencione o nome dos profissionais envolvidos.

VOCÊS CONHECEM A HISTÓRIA DO INTERNADO FLAGRADO SOBRE UM POSTE DE LUZ?

- Estás fazendo o quê trepado aí nesse poste de luz?

- Subi para comer umas pitangas...

- Pitanga não dá em poste!

- Claro, por isso trouxe umas pitanguinhas aqui no bolso...

E A HISTÓRIA DO DOENTE QUE TERIA ENGOLIDO UM CAVALO VIVO?

Debalde tentou-se várias estratégias de cura indicadas por diferentes profissionais da cidade. As queixas mantinham-se apesar de todos os esforços despendidos. Um dia, um dos residentes sugeriu trazer um cavalo pela manhã cedinho e colocá-lo ao pé da cama, apresentando-o como tendo sido retirado do interior do paciente.

Terminada a atuação dos residentes o doente olhava o animal com indiferença. Ao cabo de um instante, disse:

- Desse aí, eu nem sabia. Aquele que eu engoli era um zaino...  

Por Henrique Packter 01/07/2024 - 14:37 Atualizado em 01/07/2024 - 14:40

O HOMEM, O CIRURGIÃO

"Meu pai é um homem que gosta de ajudar as pessoas, sempre de um jeito prático, agilizado, sem jargões. É uma pessoa alegre, que acaba conquistando os outros com a alegria dele",  comenta Giorgio Bez Batti, filho e também cirurgião plástico.

Além da alegria, Renato Bez Batti é reconhecido por ter sido um homem simples, gente como a gente, com 43 anos de prática médica. Um de seus passatempos favoritos era pescar aqui perto, mesmo, no Balneário Rincão, e, já aposentado, conversar e fazer novas amizades.

Natural de Urussanga, filho de produtores de vinho, cresceu apegado à nossa região, característica que manteve ao longo  de sua vida. Por fazer parte da história da cirurgia plástica no Sul, virou referência nessa especialidade, atraindo pessoas para consulta, de Garopaba a Porto Alegre.

Sua dedicação e a procura por fazer o que é certo ganhou a admiração de seus pacientes e colegas de trabalho, inspirando os filhos  filho, Giorgio Bez Batti (também cirurgião plástico) e Giuliano Bez Batti, pós-graduado em implantodontia e especialista em periodontia, a seguirem o legado do pai na área da saúde. "Ele sempre foi muito focado no trabalho, então a gente cresceu acompanhando visitas médicas, trocas de curativo, essas coisas... Isso e o reconhecimento que ele recebia na rua acabou nos inspirando a ir por esse caminho", completa o filho, Giorgio.

A FORMAÇÃO DE UM PIONEIRO

Formado no RS, Renato Bez Batti, no final dos anos 60 cursou a Faculdade de Medicina, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), graduando-se em 1973.

De 1974 a 1975, fez residência médica em Cirurgia Geral no Hospital Miguel Couto, no RJ. Nesse período, foi aluno do Dr. Savino Gasparini Filho. Ainda na capital fluminense, especializou-se em Cirurgia Plástica na Pontifícia Universidade Católica do RJ (PUC-Rio).

Foi momento muito importante em sua vida, pois durante sua especialização, de 1976 a 1978, teve contato com um dos grandes mestres da cirurgia plástica no Brasil e no mundo: Ivo Pitanguy. Com o professor, o atendimento era dividido entre a Clínica Ivo Pitanguy, bairro do Botafogo, e o Hospital Geral da Santa Casa da Misericórdia do RJ, Centro da urbe.

Colegas da época relembram que, mesmo nos períodos de férias, ele continuava participando das atividades médicas. Também nesse período, participou do atendimento médico às vítimas do incêndio no Gran Circus Norte-Americano, no tratamento de suas sequelas, um dos episódios mais chocantes da nossa história.

UMA TRAGÉDIA NACIONAL

No início da década de 60, a Cidade Maravilhosa exportando sucessos de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, acontecimento na região estarreceu os brasileiros. Em 17.12.1961, o Gran Circus Norte-Americano incendiou-se em Niterói com 3.000 pessoas na plateia. 503 morreram e outras 300 sofreram ferimentos diversos.

O professor Ivo Pitanguy foi um dos líderes à frente do socorro às vítimas e ainda em 1976 muitos pacientes estavam em tratamento com ele, dada a gravidade das queimaduras sofridas quinze anos antes. Nessa fase, Renato Bez Batti  prestou assistência a pacientes, especializando-se cada vez mais no campo da cirurgia plástica, mais especificadamente, em procedimentos reconstrutivos que viria a exercer entre os mineiros feridos em Criciúma, ao voltar ao Sul.

Experiências assim marcam a trajetória de quem se dedica à Medicina. Mas é preciso converter isso em conhecimento para poder ajudar os outros, como Pitanguy revela na autobiografia Aprendiz do tempo, da editora Nova Fronteira: "A experiência que marcou mais fortemente a minha vida foi o tratamento das vítimas do incêndio do circo".

O PRIMEIRO CIRURGIÃO PLÁSTICO DE CRICIÚMA

O ano era 1979 e o então Membro Especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica inicia seu trabalho no Hospital São João Batista de Criciúma. A seguir, passa a atender também no Hospital São José e no Hospital Santa Catarina, todos na mesma cidade. O primeiro cirurgião plástico do sul-catarinense logo se tornou referência na própria região e em terras mais distantes, atraindo pacientes de municípios mais ao norte, como Garopaba, e até do RS.

Mesmo com os poucos recursos da época — muitas vezes, era só ele e a instrumentadora —, Renato Bez Batti  desenvolveu as áreas estéticas e reparadoras da cirurgia plástica. Quem antes sabia desses procedimentos somente pelas revistas de entretenimento, agora podia consultar com um especialista ali em sua cidade. A novidade causou sensação e as filas na porta do consultório começaram a formar-se.

"Hoje atendo pacientes que são filhas das pacientes do meu pai", diz Dr. Giorgio Bez Batti, "essas mães foram suas primeiras pacientes, que desejavam operar o nariz ou algo do gênero e foram correndo para o consultório dele quando descobriram que finalmente havia um cirurgião plástico em Criciúma".

UMA CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO

Já na área reconstrutiva Renato Bez Batti trouxe grandes desenvolvimentos para a recuperação dos pacientes da região, especialmente para as vítimas de acidentes na mineração carbonífera.

Criciúma vivia uma terceira fase de crescimento econômico na comemoração do centenário de fundação. Muitas mudanças na cidade, rápidas e grandiosas. Mas, com o crescimento da população e a expansão da indústria mineradora, em meados dos anos 80, a demanda por cirurgias reparadoras aumentou proporcionalmente, conforme crescia o número de feridos.

Em 1986 e 1987 a capital nacional do carvão registrou 3.464 acidentes relacionados à atividade mineradora como registra Giovani Felipe, bacharel em História pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). Pouco antes, em 10.9.1984, nossa região já ficara marcada pelo mais grave acidente ocorrido em mina de carvão brasileira, quando morreram  31 operários na mina Santana em Urussanga.

O pioneirismo de Renato Bez Batti estendeu-se também à estruturação da primeira ala para queimados em Criciúma, reservando aos pacientes com tais ferimentos quase um andar inteiro no Hospital São José.

Nos anos 80, essa foi novidade bem-vinda para Criciúma, enquanto a própria capital Florianópolis estava distante de  ter ala específica para tratar vítimas de queimaduras. Renato Bez  Batti se aposenta do serviço público de saúde (SUS), passando a se dedicar em 2004 exclusivamente à cirurgia plástica estética, fixando sua Clínica frente ao Hospital São João Batista.

O LEGADO CONTINUA

Os Bez Batti continuam fazendo história na cirurgia plástica de SC. O legado do pioneiro agora é levado adiante por seu filho, Giorgio Bez Batti, também cirurgião plástico. Formado em Medicina pela Universidade do Sul do Estado de SC

(Unisul), Giorgio segue o caminho iniciado pelo pai ao concluir suas especializações no RJ, sob orientação do Dr. Farid Hakme. Em seguida, tornou-se membro do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, voltando a Criciúma para estabelecer seu próprio consultório.

O hoje experiente filho-cirurgião brinca que "pai é pai" ao comentar a curiosidade paterna no acompanhamento da diferença da cirurgia plástica efetuada hoje, muito mais sofisticada e moderna, em comparação com a do seu tempo. "Depois de se aposentar ele continua ativo de uma forma ou de outra. Gosta de vir presenciar as cirurgias plásticas que realizo e está sempre por perto. Não dá para evitar, ele nasceu para isso." Bom saber que tão rica história e a tradição estabelecida pelo pioneiro em cirurgia plástica no Sul do estado continua viva, agora nas mãos do filho, Giorgio. Assim como surge uma nova geração de pacientes à procura, os Bez Batti têm uma nova geração de especialistas para atender Criciúma com qualidade.

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